A velha história do “o não a gente já tem”

Essa frase “o não a gente já tem” de origem desconhecida, com certeza fez com que pessoas tomassem decisões de fazer algo que nuca haviam feito, por vergonha ou medo de fazer.

Quando comecei a trabalhar em vendas essa foi uma das frases que ouvia com frequência, naquela época eu tinha 24 anos, mas também ouvi outras frases como “quem não é visto não é lembrado” “quem não pede, não tem” e isso de alguma forma foi me dando forças para superar minha timidez, lógico que minha necessidade financeira serviu como sustentação para tudo isso também.

Diversas ações me fizeram sair do estágio de falar ao telefone com a mão tapando o bocal para ninguém ouvir o que dizia dentro da sala, até os dias de hoje, onde dou aula de vendas para públicos bem grandes, em empresas nacionais e multinacionais.

A criação de frases como essas que descrevi, acredito que tiveram como objetivo, algo positivo, mas com interesses próprios, como por exemplo “tomar leite com manga pode matar”.

Independentemente de ser ou não positivos aqueles motivos, fica claro que o ser humano desde que acredite no que está sendo dito tem um poder sem limites.

Podemos mudar da água para o vinho, ou o contrário, depende do gosto de cada um ou a necessidade do momento, a adaptabilidade é algo nato do ser humano, tudo dependerá da forma com que cada pessoa vê uma situação, as vantagens que cada um terá ao realizar algo.

Então não existe vergonha, medo ou conceito, dependerá dos interesses, necessidades e desejos.

Quando troquei meu sonho de me tornar ator, para me casar e ter filhos, sabia exatamente quais seriam as vantagens comparando com o sonho que havia deixado de lado, pois ser ator e ter uma família poderia não ser da forma que me interessava. Os riscos eram grandes de não acontecer.

Entrei em vendas com a cara e coragem e utilizei minhas habilidades de ator na época para interpretar um personagem nas visitas que fazia e nas argumentações que tive que criar.

Lógico que tive de seguir um roteiro de respeito e foco no cliente, porque isso faz parte dos valores e princípios herdados dos meus pais.

Aos poucos, essa simbiose, foi acontecendo a ponto de me transformar em um profissional especialista em vendas e liderança, com caraterísticas artísticas para dar aulas, palestras e treinamentos e um perfil humanista para lidar com diversos tipos de pessoas, e foi a base que usei para educar para meus filhos, junto com minha esposa que é humanista também.

Voltando ao assunto, eu não entro em uma reunião ou prospecção pensando que já tenho o não, eu penso em compreender o cliente e tento ajuda-lo com as soluções que tenho desenvolvidas dentro da minha linha de conhecimento e experiência.

Se entrar em uma negociação pensando no sim, mas sabendo que existe o não por trás, talvez o processo se torne muito derrotista ou desmotivador, então o não eu deixo para meus concorrentes, que tem mais resiliência que eu.

Hoje eu penso em contribuir para o mundo do mesmo jeito que essa frase fez para mim e para muitos vendedores e empreendedores

Marcelo Salvo