A Verdade Sobre a Ajuda Mútua: A Fábula de Léo e Nocisfarc.

Na floresta de Sajarac, bem no centro da pequena fábrica de gravetos, dois joaninhas se destacavam. Léo, o joaninha, tinha o hábito de se apropriar das ideias e do trabalho alheios. Enquanto isso, Nocisfarc, seu conterrâneo, era conhecido por ser dedicado, cheio de ideias inovadoras, e sempre disposto a ajudar. A fábrica de gravetos havia prosperado graças às invenções de Nocisfarc, mas ultimamente, Léo vinha assumindo o crédito pelo sucesso da fábrica.

Certo dia, enquanto os dois caminhavam entre as máquinas da fábrica, Nocisfarc parou para conversar.

— Léo, precisamos ter uma conversa franca. Não posso continuar ignorando o que aconteceu no formigueiro da semana passada.

Léo, surpreso, fez de conta que não sabia do que Nocisfarc falava.

— Do que você está falando, Nocisfarc?

— Não se faça de desentendido, Léo. Você sabe muito bem que quando a rainha pediu ideias para aumentar a produção, fui eu que sugeri o sistema de freios das pontes rolantes por esteiras. Mas na reunião, você se apresentou como se fosse o dono da ideia. E sabe o que mais me incomoda? Você sempre pede ajuda, mas nunca se oferece para ajudar os outros.

Léo, sem jeito, esfregou as antenas e olhou para o chão.

— Eu só... Eu não sabia como contribuir. Você tem tantas ideias... Pensei que não faria diferença.

— Pedir ajuda não é feio, Léo — disse Nocisfarc, com a calma de quem sempre teve um coração generoso. — Mas pedir ajuda sem se dispor a ajudar também não é certo. A floresta é um lugar onde todos nós dependemos uns dos outros. Se eu ajudo você, é natural que você também ajude os outros, quando puder. Todos aqui na fábrica trabalham duro porque sabem que a contribuição de cada um é valiosa.

Léo suspirou. Sabia que Nocisfarc estava certo. Ele sempre procurava o caminho mais fácil, mas nunca pensava nas consequências disso para os outros.

— Você tem razão. Eu fui egoísta — admitiu Léo. — Não queria parecer incapaz, então acabava me apropriando do que não era meu. Mas isso não foi justo com você, nem com ninguém.

Nocisfarc sorriu.

— Todos podemos aprender, Léo. A verdade é que podemos alcançar muito mais juntos, compartilhando ideias e esforços. Da próxima vez que precisar de ajuda, não tenha medo de pedir, mas lembre-se de retribuir. Todos nós precisamos uns dos outros, e o verdadeiro sucesso vem da colaboração, não da exploração.

Desde então, Léo começou a mudar. Ele passou a ajudar na fábrica, compartilhando ideias e se voluntariando para tarefas. A floresta de Sajarac floresceu ainda mais, mostrando que a verdadeira força está em ajudar e ser ajudado, com honestidade e generosidade.

 Pedir ajuda não é errado. O erro está em pedir sem estar disposto a retribuir, pois o verdadeiro valor do trabalho está na cooperação e no respeito mútuo.