Verdades, "verdades" e coragem.
A gente nunca deixa de aprender. Verdade. O que eu não sabia é que se propor a aprender algo novo e totalmente diferente daquilo a que você se dedicou anos, trabalhando, aperfeiçoando e até ganhando certo reconhecimento exige muita coragem. Coragem que eu demorei para encontrar.
Eu acredito que nós, os tais millenniums, não fomos tão "moderninhos" quanto a gente acha. Eu acredito que carregamos, às vezes sem nem perceber, muito do que nossos pais, em grande parte conhecidos como os baby boomers, aprenderam sobre vida profissional.
Somos uma mistura.
Entramos na escola e aprendemos desde o começo que o caminho que iríamos percorrer ali era para nos preparar para uma profissão. Desde cedo fomos incentivados (ou cobrados) a pensar e decidir o que queríamos ser quando crescer. Era tudo sobre estar preparado. Fazer o colegial nas escolas que se vendiam com suas taxas de aprovação para as melhores faculdades. E, por que não, fazer o cursinho também, sem nem saber se era de fato necessário. Aprender inglês, espanhol. Passar na tal faculdade já pensando na pós graduação que faríamos depois. Quanto mais no currículo, melhor. Afinal, algumas das maiores empresas nem olhavam currículos que não fossem de determinadas faculdades. Bom, estamos no LinkedIN e temos aqui a maior prova disso. Mas não estou e nem quero criticar a busca por excelência e profissionalismo.
Na 5ª série decidi que queria fazer Direito por conta de uma matéria na escola chamada Direito e Cidadania. Claramente eu não sabia na época o que exatamente era ensinado ou como atuava um advogado. Era uma escolha totalmente platônica. Quando chegou a hora do "vamos ver", percebi que não queria entrar nessa faculdade e cursar aquele tipo de curso ou ter aquele tipo de trabalho (e eu já estava fazendo o cursinho para conseguir entrar na sonhada São Francisco). Foi por isso que, como alguns, e também reconhecendo aqui que tive o privilégio de ter pais que puderam me oferecer todas as oportunidades possíveis de educação, fiz algumas sessões com um orientador vocacional. Não aquele teste simples, mas alguém que pela primeira vez tentou me mostrar uma conexão entre a minha vida e meu estilo pessoal com a carreira que eu iria escolher. Nunca tinha escutado falar de Relações Públicas. Fui pesquisar, passei um dia acompanhando uma profissional da área no seu trabalho e me encontrei ali.
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Ali. O que era aquele "ali"?. Porque, diferente de muitos amigos e colegas de profissão, eu trabalhei ao longo de 15 anos em diversas empresas dos mais diversos ramos. Não cresci profissionalmente dentro de uma mesma indústria. E talvez aqui eu consiga o gancho para explicar o impacto dessa mistura de gerações que somos, ou que eu sou. Porque mesmo tendo trabalhado em boas empresas, essa coisa de mudar de setor não era tão bem vista. Mesmo eu tendo me formado em uma profissão que me permitia contribuir com meus conhecimentos em qualquer empresa que eu entrasse. Uma das características mais fortes que descrevem os Baby Boomers é o compromisso com a organização. Os profissionais eram valorizados por ficarem anos na mesma empresa, fazendo sua carreira ali, ou por crescerem no mesmo setor sendo levados para outras empresas por antigos chefes e colegas de trabalho. Dentro daquela "bolha". (E, mais uma vez, nada errado com isso).
A questão é que nossa geração herdou essa visão também. MAS, junto dela, também desenvolveu o questionamento - muitas vezes visto como rebeldia - dos padrões de vida profissional e pessoal. Depois do meu último emprego no setor privado, parei para me questionar sobre os caminhos que queria seguir e procurei a Thais Roque , consultora em desenvolvimento de carreira, onde atende mulheres com o espirito empreendedor, que buscam uma mudança em suas vidas profissionais, ou maior equilíbrio entre trabalho e carreira. (além de comandar o incrível "De Carona na Carreira", podcast que está constantemente no topo das paradas do Spotify). Em um dos nossos encontros, a Thais me falou - e mostrou em dados - que a nossa geração, a mesma que carrega toda aquela bagagem profissional dos boomers, tem a tendência de trocar de profissão - não cargo, empresa ou setor, profissão mesmo - até 8 vezes. Então nós, que acreditamos, estudamos e nos esforçamos tendo em vista um plano de carreira onde SOMAR MAIS ao mesmo sempre prevaleceu, também podemos ser aqueles em que SOMAR DIVERSIDADE faz parte da "receita do sucesso". (E, embora eu realmente não goste desse termo, vamos deixar assim por propósitos explicativos).
O̵ ̵p̵r̵o̵b̵l̵e̵m̵a̵ ̵d̵a̵s̵ ̵m̵i̵s̵t̵u̵r̵a̵s̵ ̵é̵ ̵a̵ ̵g̵e̵n̵t̵e̵ ̵c̵o̵n̵s̵e̵g̵u̵i̵r̵ ̵e̵n̵t̵e̵n̵d̵e̵r̵ ̵o̵ ̵q̵u̵e̵ ̵é̵ ̵c̵e̵r̵t̵o̵ ̵o̵u̵ ̵n̵ã̵o̵.̵ ̵
A oportunidade das misturas é podermos buscar entender e, principalmente para mim, encontrar coragem para aceitar o que funciona pra gente ou não, dentro das nossa realidade, expectativas e momentos de vida. Eu amo minha formação em Relações Públicas e tenho muito orgulho das escolhas profissionais que fiz. Cada mudança, cada empresa, cada experiência me proporcionou conexões e habilidades que, além de serem aplicáveis em qualquer área da minha vida, também são habilidades muito desejadas em organizações e outros meios que hoje tentam ser mais questionadores, conscientes, humanos (e isso tudo mantendo o seu fim principal de gerar lucro). E isso pra mim vale muito, porque é perto dessas pessoas e desses ambientes que eu quero estar.
Mas, para mim e para o meu momento, essa profissão e até os meus talentos ligados a ela (que fico extremamente feliz e sem jeito quando exaltados por colegas, amigos e familiares) não fazem mais sentido. Já faz alguns anos que minha vida deu uma guinada com questões de saúde física e emocional e o que antes eu conseguia fazer com uma mão nas costas, embora eu ainda consiga fazer da mesma forma, tem um custo pessoal muito alto e não vale a pena. — Eu acabei de escrever isso mesmo!? Não vale a pena fazer algo que você é boa, que você dedicou anos, estudou, investiu - seus pais investiram - que você poderia ganhar um bom dinheiro e que falam que você tem um talento diferenciado!? Não. Hoje, não vale.
Hoje vale a pena eu me esforçar criando coragem para aceitar que a gente muda, que a gente não precisa seguir todos os padrões impostos sobre carreira e sucesso profissional. Vale a pena eu me esforçar e ter coragem para buscar atuar com algo que se encaixe no meu eu e não o contrário. E, ainda me questionando (porque ainda me preocupo com o que os outros podem pensar e dizer) e me sentindo insegura, hoje, bom, na semana que vem, tenho certeza que vai valer a pena começar a estudar novamente e fazer um curso de paisagismo porque eu descobri que eu me sinto em paz no meio da natureza, pisando na grama. Me sinto leve estando ali e também planejando os jardins de casa. Além de, aparentemente, ter um bom olho pra isso, que foi aperfeiçoado também pelas minhas experiências passadas. Então acho que pode dar em algo muito legal e que até resulte nesse tal de sucesso que a gente tanto fala. Até porque, sabe uma outra verdade?! Conhecimento é a única coisa que não podem tirar da gente.
Transformando a cadeia de valor e o ambiente social dos clientes da Kikkin em ecossistemas financeiros lucrativos.
8 mCoragem que sempre esteve aí dentro e sempre se apresentou de diversas formas diferentes ao longo do seu caminho! Não tenho dúvida alguma que será uma nova jornada incrível e tão admirável quanto todas as outras coisas que já vi você entregar para o mundo! Te admiro demais e já estou ansiosa para ver o que virá! 😍🚀
Wealth Management
8 mCoragem não apenas por buscar algo totalmente novo mas principalmente por se colocar de forma transparente como fez. Baita Orgulho ! 👊
Analista de Arquitetura e Inovação Sênior
9 mMuito sucesso, amiga!!!! onde seu coração estiver, tenho certeza q será maravilhoso!