VEX NA MÍDIA
AE News Agência Estado silvana rocha
A Vex Capital, através de seu Head de Câmbio e Derivativos - Rafael Ramos, avaliou o cenário econômico no Brasil e nos EUA, para o canal www.broadcast.com.br
CÂMBIO
O resultado aquém do esperado da inflação no atacado americano em dezembro reforçou uma tendência de baixa para o dólar que já se desenhava desde a abertura dos negócios no Brasil. A disparara dos preços do petróleo desde cedo, que chegou a superar os 4%, já favorecia moedas de países exportadores da commodity desde a madrugada, fortalecendo também o real. Apesar dessa reação imediata, o acirramento das tensões no Mar Vermelho leva analistas a alertarem para efeitos adversos na inflação global, a partir do encarecimento dos fretes. Em um ambiente de cautela com a política monetária dos Estados Unidos, a queda dos juros dos Treasuries após o PPI foi importante referência para o câmbio.
"Foi uma combinação de fatores que determinaram a queda do dólar, mas sem dúvida o PPI foi o mais importante, pois manteve os juros do Treasury de 10 anos abaixo dos 4%. É importante frisar também que a divulgação da taxa enfraqueceu o dólar globalmente, e não apenas ante o real", disse Hideaki Iha, operador da Fair Corretora.
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O índice de preços ao produtor (PPI) de dezembro mostrou deflação de 0,1%, abaixo do consenso das estimativas, que apontava para uma alta de 0,2%. Embora seja considerado menos relevante, o dado aquém do esperado acabou por amenizar o efeito negativo do CPI, que mede a variação dos preços no varejo (+0,3%), e ficou ligeiramente acima do previsto (+0,2%).
"O PPI não é um dado tão relevante, mas ajuda, porque não foi uma notícia ruim. Mais relevante que saber se os juros nos Estados Unidos serão vão começar a ser afrouxados no primeiro ou no segundo trimestre é saber que haverá uma janela para que isso aconteça", afirma Rafael Ramos, economista e head de câmbio e derivativos da VEX Capital. Uma vez mantido o ritmo até o final da sessão de hoje, o dólar encerrará a semana em queda moderada, neutralizando a alta da primeira semana de janeiro.
Para Ramos, é importante frisar a importância dos dados de inflação no Brasil divulgados ontem (IPCA), com o dado anual de 2023 ficando dentro da meta do Banco Central pela primeira vez em dois anos. "As estimativas para a inflação do ano passado eram de taxas bem acima da meta, e o que foi entregue veio bem diferente do que se esperava. Creio que o grande highlight da semana foi o Brasil, que cujas condições econômicas devem favorecer um dólar não tão alto em 2024", afirma.
O ponto de atenção, dizem Ramos e Iha, fica com a tensão geopolítica no Mar Vermelho. "Os mercados têm tido uma reação mais imediatista, com as moedas de países exportadores sendo beneficiadas pela alta do petróleo. Mas a elevação dos fretes por conta da busca por alternativas de navegação podem ter efeito inflacionário importante à frente", alertou Iha
(Paula Dias - paula.dias@estadao.com)