A vida é um sopro... e estamos ausentes enquanto ela passa...
Vários acontecimentos recentes próximos e distantes a mim, tem me feito refletir sobre como estou vivendo minha vida. Sobre como e quando estou realmente PRESENTE vivendo cada oportunidade que o universo me dá diariamente. Durante grande parte da pandemia, a maioria de nós percebeu que estávamos desenfreados correndo como “ratinhos em círculos” hipnotizados por uma rotina insana, deixando momentos preciosos passarem desapercebidos e muitas vezes assistindo nossa saúde ir para o ralo. E desde então, juramos nunca mais voltar à esta rotina e ao círculo vicioso em que estávamos.
Mas o calor da pandemia está passando, as coisas voltando “ao normal”, estamos voltando aos escritórios, aos engarrafamentos monstruosos, às agendas infinitas que não dão espaço para a vida fora do trabalho. Eu acabei de sair de uma experiência profissional maravilhosa e engrandecedora, e mesmo assim, fui surpreendida há um mês atrás pelo meu filho mais novo que reclamou que: nos últimos meses, toda vez que ele se dirigia a mim para compartilhar um episódio bom ou ruim da sua rotina, eu respondia “nossa! credo!”, sem ao menos direcionar meu olhar para ele. Quando ele me disse isso e contou como aquilo lhe incomodava, por não entender o que a expressão “nossa! credo!” significava para contextos tão diferentes e disse que achava que eu não estava realmente prestando atenção em nada que ele dizia, meu mundo veio ao chão. Tentei me justificar por uns minutos e criar argumentos para ele, mas a verdade estava alí... mesmo vivendo uma experiência feliz de trabalho, me deixei ser engolida pela rotina, pelos compromissos, pelas “urgências”, pelos dois celulares sempre nas mãos, por mil coisas que não eram as mais importantes. E deixei meu filho “no vácuo” muitas vezes sem lhe dar os presentes mais preciosos: a minha atenção e PRESENÇA.
Eu vivia, e muitas vezes ainda vivo, como muitos de nós, NO PILOTO AUTOMÁTICO. Pra que? Por que? A vida é um sopro! E temos sido lembrados disso constantemente...
Convido vocês à algumas reflexões sobre esse círculo vicioso e alguns outros impactos:
A vida é feita de ciclos. Há ritmo em tudo o que fazemos. Tem a hora de dar tudo de si e a hora de descansar e se recuperar. Atualmente, porém, estamos num ritmo frenético onde não há cadência – só esforço contínuo e estafante.
A incerteza constante e o medo com relação ao futuro têm nos deixado confusos, tensos e cansados. Preocupações com dificuldades financeiras, solidão, isolamento, excesso de responsabilidades e pressão nos sufocam. E assim seguimos tensos e cansados, tensos e cansados, tensos e cansados e fazendo muitas vezes o dobro de esforço para alcançar “metade” do que planejamos.
Estranhamente, alguns de nós, têm reagido à esta exaustão e sobrecarga trabalhando ainda mais, se esgotando física e mentalmente, atendendo ao mito que nos foi imposto de que isso revela nossa competência, nosso sucesso e valores pessoal e profissional. Chegamos a pensar que para sentir que estamos fazendo o suficiente e somos competentes, precisamos estar perpetuamente exaustos, atrasados e pedindo desculpas por não darmos conta de tudo porque temos “muito trabalho” e estamos sempre ocupados demais.
Segundo essa mentalidade, a nós ensinada por muitos de nossos antepassados (meus inclusive), grandes conquistas estão reservadas aos que sangram, trabalham incansavelmente sem pausa e chegam à beira do colapso. O trabalho precisa ser pesado, sofrido e tenso para ter valor... e para que nós tenhamos valor.
Tenho lido e estudado muito artigos e livros sobre filosofia, autoconhecimento, tendências de mercado, gestão do tempo e legado.... temas variados que têm me trazido reflexões poderosas e profundas. Neste sentido, convido vocês a, juntos, refletirmos e agirmos contra este mito e entendermos que definitivamente o burnout e o fato de estarmos sempre ocupados, não é uma medalha de honra. É sabido que trabalhar mais arduamente pode nos levar à resultados melhores... mas até que ponto? Quanto mais cansados, mais nossos resultados tendem a diminuir. Está na hora de, considerando nossa fragilidade e finitude, pensarmos em como gostaríamos de ser lembrados se morrêssemos “amanhã” e mudar nosso comportamento agora. De que adianta sermos o homem ou mulher mais rico e bem sucedido do cemitério???? Que grande vantagem isso nos traria? Essa é uma das reflexões que venho fazendo enquanto atendo ao curso “Finding Purpose and Meaning in Life: Living for What Matters Most", da Michigan University.
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Outras qualidades como mãe/pai presente, professor dedicado ao aprendizado de seus alunos, bom filho/filha, líder inspirador e visionário, cidadão do bem e engajado em causas sociais e ambientais, pessoa que respeita tudo e todos que são diferentes de si mesmo e um amigo/amiga com quem se pode contar, na minha opinião, fazem mais sentido quando reflito sobre o legado que quero deixar para as próximas gerações. O trabalho é muito importante e gratificante para mim.... mas é apenas uma das partes da equação... equilíbrio é essencial.
Definir objetivos e ações que nos levem à uma vida com mais significado e propósito, requer organização, disciplina e foco. Foco no que realmente importa quando tudo que é supérfluo se vai, quando deixamos o sobrenome corporativo de lado e voltamos a ser humanos, pais, amigos, filhos e cidadãos presentes e atuantes, com o piloto automático desligado, buscando momentos de presença, gratidão e significado.
Precisamos tornar isso uma URGÊNCIA.
Depois pode ser tarde demais.
Amanhã pode ser tarde demais.
Afinal, a vida é um sopro... e todos nós sabemos disso... mas ainda nos custa muito transformar a teoria em prática...
E vocês? o que pensam sobre isso? Adoraria saber sua opinião e interagir sobre o tema!
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3 aParabéns, muito boa reflexão. Precisamos estar atentos…
Gerente de Vendas Institucionais I Gerente de Contas | KAM | Specialty Care |mercado público & privado| Doenças Raras | Oncologia I Imunobiológicos | Hospitalar
3 aExcelente reflexão!
Clinico Geral, Médico do Trabalho, Ergonomista
3 aAté onde a pressão por resultados cada vez mais robustos, tolherão o seu tempo de reflexão, de pausas compensadores, e depois fala-se em doença mental e o trabalho, a pergunta, o que mais nos deixa na insanidade recorrente até sucumbirmos? Talvez a percepção alcançada com o evento global pandemia nos deixe algo de bom, em reavaliarmos as rotinas, e uma dedicação mais assegurada àqueles próximos e não tão próximos , nos faça mais felizes inclusive diante de tantas perdas.
Eu colaboro na construção de melhorias na area da saúde/Coordenadora de Projetos/ Gestão em Saúde e Excelência Operacional/Enfermeira/ Corredora amadora
3 aKaren, este texto nos faz pensar na maneira como lidamos com o nosso tempo, que é precioso e finito. Também tenho refletido muito sobre isso, é essencial entender o propósito de cada um e colocar limites. Agradeço muito ter compartilhado conosco.
Gerente médica especialista em Produtos, Modelos de remuneração e VBHC | PM Agile | Entusiasta de Tecnologia e Inovação
3 aQue texto lindo! E como fez sentido... Tem sido minha busca há algum tempo... Nunca tive medo de mudanças e desafios, e acabo de embarcar em uma mudança que tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida da minha família! E quanto mais me aprofundo no conhecimento da Agilidade, mais entendo que o foco tem que ser na qualidade e cadencia de entregas, muito mais que na quantidade de horas trabalhadas!