A Vida Imita A Arte

A Vida Imita A Arte

Há pouco tempo terminei de ler o livro “Agosto – 1914”, do escritor russo Alexander Soljenítsin, que narra a derrota sofrida pelos russos no sul da Prússia Oriental, frente às forças alemãs, e o que eles tiveram que enfrentar nas semanas que antecederam a Primeira Guerra Mundial.

Além do panorama social e político que acabou levando os russos à Revolução de 1917, ele retrata uma campanha militar desastrosa, com corpos de exército liderados por generais incompetentes ou covardes, ocupando postos alcançados à custa de influências obscuras, comandantes–em–chefe inaptos para o comando, sustentados em seus cargos por relações questionáveis com amigos da imperatriz e um grão-duque indeciso e incapaz de tomar medidas acertadas por não conseguir identificar onde está o galinheiro e quem são as raposas.

Nas páginas finais do romance de proporções épicas, um dos personagens principais, o coronel Vorotíntsev, que percorrera as linhas de frente, tivera a vida salva por desconhecidos e salvara ele também, amigos anônimos, que misturara seu sangue à lama da trincheira, presenciara a morte de abnegados generais e valentes soldados, além de ver a captura de milhares de compatriotas, enviados à morte por quem os deveria ter guiado para a salvação, mas que quase por um milagre escapou ao cerco alemão e conseguiu retornar à Rússia... Teve a inusitada oportunidade de falar pessoalmente ao alto comando da Stavka, em presença dos generais protegidos, do grão-duque e do supremo imperador.

O corajoso coronel enfrentou o quanto pôde a rispidez dos generais, que tentaram de todas as maneiras desqualifica-lo, desabafou sua decepção com os donos do poder, com os erros por eles cometidos e alertou a todos que não apenas tinham sofrido fragorosa derrota em uma importante batalha, mas que com aquele comando perderiam toda a guerra... Por fim, as verdades foram interpretadas como insultos e ofensas contra os colegas de arma e contra o exército russo, teve a palavra cassada e foi expulso da reunião... Mas saiu dali aliviado, com a consciência de quem havia honrado a confiança daqueles a quem tinha pessoalmente liderado.

Eu já disse aqui em outra publicação, que tento imodestamente reproduzir, quando escrevo, essa “paixão” pela verdade, que é a marca do mencionado escritor, essa voz combativa e “insilenciável”, sem a qual a liberdade perderia o valor e tudo deixaria de fazer sentido...

O pior é que quanto mais eu olho à minha volta, mais vejo semelhanças entre a ficção e a realidade...

Diz a máxima hermética, que quando o mestre está pronto, o discípulo aparece; então, de alguma forma as pessoas certas lerão isto...

Algum dia desses...

(Pedro Costa)

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Este Artigo foi publicado originalmente em www.pedrolcosta.com.br

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