A vida pós-pandemia: como será?
Pexels

A vida pós-pandemia: como será?

Quarentena, isolamento vertical, horizontal, achatar a curva...confesso que nunca tinha ouvido essas palavras antes. Ou melhor, lembro-me de quarentena quando mulheres que tiveram seus filhos precisavam se cuidar por um tempo para que não houvesse outra gravidez, caso esta fosse indesejada.

De um dia para o outro, nossas vidas mudaram de forma radical. O simples fato de tomar uma cerveja no bar com amigos virou praticamente um crime contra a humanidade. Ir ao shopping comprar algumas coisas tornou-se um verdadeiro sonho. Ver novamente nossos pais ficou distante, e tivemos que nos adaptar com outros meios de comunicação.

Estávamos acostumados aos calls com empresas, clientes ou fornecedores. Mas com os nossos familiares? Confesso que dificilmente fazia call com minha mãe. Era simples: pegava o carro e cortava a cidade para visitá-la. Por amor, hoje não posso fazer isso. E sinto uma enorme falta.

Na internet, ataques gratuitos. Pessoas se atacando porque um foi passear com o cachorro, a outra bateu panela e o amigo postou que só queria voltar a trabalhar. Misturou-se um problema de saúde mundial com questionamentos políticos, trazendo à tona ainda mais problemas. Ainda mais discórdias. Ainda mais discussões.

Em casa, aprendemos a ficar conosco. Acordar cedo, tomar um bom café, apreciar a manhã pela janela. Antes acordávamos ávidos por questões profissionais. Aquele e-mail que chegava na nossa caixa às 4h16 da manhã era prontamente verificado e até respondido. Hoje, não mais.

Os dias passam com uma leveza impressionante. Eu já tinha total liberdade de trabalho em cima da questão home-office, mas no momento atual sinto uma corrente energética mais positiva sobre isso. As pessoas arrumaram seus cantinhos em casa, valorizaram seus computadores, suas plantas, seus porta-trecos cheio de canetas usadas apenas como cenário e pano de fundo para um quarto esquecido.

Na internet sobram notícias de solidariedade. Famílias que estão costurando máscaras, torcidas organizadas doando alimentos e um ajudando ao outro na medida do possível. Diante de milhares de mortes pelo mundo e situação de enorme desespero, são notícias que acalentam. Que trazem a sensação de humanidade.

Como será a vida pós-epidemia?

O mês de abril ainda mostrará a verdadeira face do Covid-19. Perderemos pessoas, cidadãos, idosos, gente nova. Mas tudo isso vai passar e teremos que aprender uma lição. Ou várias lições.

A vida como conhecíamos não existirá mais. E isso é bom. A vida que tínhamos não era boa. Era corrida, fora dos padrões normais de um modelo de saúde. Poluição, correria exacerbada e brigas e mais brigas por aí. Isso deve diminuir.

As empresas entenderam que o home-office é um caminho sem volta. Os profissionais querem trabalhar e produzir, mas também precisam cuidar de suas famílias e de sua saúde mental. Ficar 2 horas dentro de um transporte público todos os dias está longe, muito longe de ser produtivo. Ou existe confiança ou não existe emprego.

Vamos valorizar cada momento. Um happy hour terá um gosto totalmente diferente. As conversas, o bate-papo sem qualquer compromisso, ou aquele encontro sem nada marcado ganhará uma cor diferente.

Teremos severos problemas econômicos. Empresas vão fechar. Pessoas ficarão sem empregos. Quem já passava dificuldade infelizmente passará ainda mais. O governo tenta se mexer, tenta ajudar, mas sabemos que os tentáculos não chegam de fato onde deveria. Quem precisa também precisará se reinventar.

A epidemia mostrou como tudo pode mudar de uma hora para outra. Mostrou como a vida é uma verdadeira roda gigante. Se não soubermos ser resilientes, o sofrimento sempre será uma constante em nossa história. Difícil, duro, complicado, mas muito importante para o nosso crescimento como profissional e como pessoa.

Somos finitos. Temos nosso fim. Não somos eternos. Nossa passagem pela Terra é bem rápida por sinal e nosso caminho seguirá após a nossa morte. Acredito muito nisso, em vida pós o fim, após o túmulo. Precisamos viver sabendo que um dia vamos embora. Com esse pensamento colocamos luz ao que de fato importa. Ter um bom emprego é importante e saudável, mas não é saudável trabalhar 20h por dia sem qualquer planejamento. Não é saudável ficar sentado 15h por dia e não tomar nem um café, conversar, trocar uma ideia com os colegas. Produzir é parte essencial a vida e nos torna pessoas melhores. Produzir, não encenar. Não sofrer.

Nossas famílias ganham uma importância sem fim. Nossas esposas, nossos filhos, nossos pais, nossos amigos. Todos com a sua devida contribuição merecem agora a nossa devida atenção.

E, sim: com o fim da pandemia, seremos pessoas melhores e mais conscientes. E ainda bem que aquele mundo que existia até fevereiro de 2020 não existirá mais.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos