VINI JR. ESPECIAL - O CRAQUE É A CARA DE UMA NOVA ERA
Chegamos ao número 25 da Falha de Comunicação!
No fim desta news você encontra os erros, as gafes, as confusões e as tretas que já se acostumou a ver aqui e nos posts do perfil.
Dessa vez a ideia é ser mais reflexivo e, por que não, mais positivo.
Vamos analisar e celebrar o momento daquele que, pela primeira vez desde Kaká em 2007, pode ser um brasileiro melhor do mundo no futebol masculino.
ELE JOGA, GANHA E SE POSICIONA
Não é fácil jogar bem. Muito menos ganhar no futebol.
Mas ter coragem para se posicionar frente à sociedade é ainda mais raro.
Vinicius Júnior faz tudo isso.
Faça um exercício. Quem reuniu essas características antes?
Poucos. Ou ninguém?
No contexto que temos hoje, para mim Vini Jr é pioneiro.
DE PELÉ A NEYMAR: A EVOLUÇÃO DOS SUPERCRAQUES
Isenção de responsabilidade: nenhuma comparação aqui diz respeito ao futebol praticado pelos atletas citados.
Pelé fundou o futebol moderno. É o primeiro supercraque que extrapolou o campo globalmente.
Mas eram outros tempos da mídia, da tecnologia e, claro, dos valores.
Pelé faturou mais com os comerciais que fez depois de se aposentar dos gramados do que com os salários.
Pelé nunca jogou na Europa. Apesar de ser um rosto mais conhecido que Jesus ou os Beatles, a exposição era outra.
Veja a foto direto do meu acervo pessoal da Manchete com Pelé ensaboado no vestiário ao lado de Bob Kennedy.
Nem um perna de pau hoje seria flagrado em uma situação tão, digamos, próxima, com um senador americano.
CRAQUES&GAROTOS-PROPAGANDAS&CONECTADOS
Romário foi espetacular, ganhou Copa. Mas seu perfil era menos palatável para a publicidade. E não havia Internet quando estava no ápice.
Romário ganhou a Copa de 94 e voltou para ficar na praia.
O último romântico do futebol.
Mas fica aquela pergunta daquele que passa e pega o assunto pela rabiola:
Se tivesse ganhado dinheiro como os atletas atuais, Romário seria político?
Já Ronaldo chega ao seu auge em outra era de exposição, além de ser o garoto-propaganda perfeito (ainda é).
O Fenômeno inaugurou uma era em que o supercraque dividia seu tempo quase que em partes iguais entre campo, publicidade, mídia, eventos.
Em 1998, com apenas 22 anos, era o rosto da Copa da França. O cara que ia estava em todos os lugares e ainda ia ganhar a Copa. Era isso, era aquilo e...na final ele tem uma forte convulsão que até hoje ninguém explica direito, mas que o próprio já disse ser fruto de estresse.
O mundo já era mais complexo e a vida dos jogadores também.
Ronaldo não passou ileso pelas crises de comunicação. Não mesmo.
Mas ganhou a Copa em 2002 e entendeu como poucos o mundo dos negócios .
Hoje, o Fenômeno é empresário de sucesso.
CRAQUES&GAROTOS-PROPAGANDAS&CELEBRIDADES&ULTRACONECTADOS
Com as redes sociais, a exposição, a publicidade, os contratos, os agentes, os relações públicas e até as partidas de futebol se multiplicaram.
Ronaldinho Gaúcho era o melhor do mundo no início dessa era.
Seu auge foi esplendoroso. Porém, mais curto que de seus antecessores.
Longe da política e sem tino de empresário, Ronaldinho virou showman e aparece tudo em quanto é lugar. É o rei do "rolê aleatório" da Internet.
Depois veio Neymar.
Uma espécie de Michael Jackson do futebol.
Com mais ou menos 11 anos já tinha contrato.
Um gênio como Michael.
Assim como o cantor, seu pai traçou um plano de carreira meticuloso para eles.
Neymar hoje tem 32 anos, mas parece cansado há muito tempo.
A HORA DE VINI JR
Agora o cetro tem tudo para ir a Vini Jr. que, além de todos esses elementos, decidiu enfrentar o racismo.
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Nem os supercraques não brasileiros Messi e Cristiano, que lidaram fluentemente com os aspectos da contemporaneidade, se arriscaram em batalhas semelhantes.
O racismo é uma questão fundamental para o mundo.
Mas é pesada para um jovem de 23 anos e, principalmente, para ser carregada sozinho.
Muita gente discorda da posição de Vini Jr. ao peitar o racismo em La Liga. Do ponto de vista da comunicação, ele está em plena sintonia com a nova era.
Marcas, influenciadores e celebridades se posicionam e, muitas vezes, são cobrados sobre temas urgentes como igualdade racial, de gênero, responsabilidade social, aquecimento global.
Vini Jr. é jogador, mas também é marca, é influenciador e é celebridade.
Pode ser que sua decisão tenha sido apenas a forma que encontrou para enfrentar a dor.
Pode ser que ele já tinha a consciência do tio do Homem-Aranha: grandes poderes trazem grandes responsabilidades.
Pode ser ambos.
Certo é que Vini Jr. é um craque de uma nova era.
Se vai ser o melhor do mundo? Não sei.
Mas como disse o próprio depois de mais um título da Liga dos Campeões:
"Eu não tenho a noção ainda do que eu estou vivendo"
Se não for o melhor do mundo este ano, ainda assim a maneira que Vini Jr. se comunica já fez história.
FALHAS & TRETAS
TRETA & SERVIÇO PÚBLICO
Nem tudo é ruim na briga de dois bicudos. A treta Neymar x Luana Piovani tirou da escuridão a PEC que transfere terrenos à beira-mar da União para a iniciativa privada. O Projeto de Emenda Constitucional já foi aprovado na Câmara dos Deputados e vai para votação no Senado. Ou ia?
Confira o post da semana sobre o tema.
MARCA & REPUTAÇÃO
Sempre falo sobre um conceito que aprendi nos tempos de Grupo In Press .
Marca é o que falamos de nós mesmos, reputação é o que os outros percebem.
Ninguém discorda de que a reputação dos alemães é a de incansáveis trabalhadores.
Mas parece que isso não é bem assim.
De acordo com matéria da insuspeita Deutsche Welle
"O americano médio trabalhou mais de 1.800 horas por ano em 2022, enquanto o alemão médio trabalhou apenas 1.340 horas"
Mas, calma. Isso não quer dizer que os alemães se tornaram preguiçosos.
Ao contrário. Trabalham mais.
O que acontece é uma pegadinha estatística. Como a ocupação feminina é muito mais alta na Alemanha (77% das mulheres trabalham) do que em outros países há essa diferença na média.
A explicação matemática da reportagem:
Exemplo: Se dois homens trabalham dez horas em um país, o tempo médio de trabalho é de dez horas (10+10)÷2=10. Se dois homens trabalham dez horas e uma mulher quatro horas, o tempo médio de trabalho é de oito horas (10+10+4)÷3=8.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL X REPUTAÇÃO
Se tem alguém com a reputação meio arranhada é a IA.
Apesar de ser um dos assuntos preferidos da galera na rede, o "mercado" (seja lá quem for essa entidade) está em busca de cases sobre o bom uso da inteligência artificial para mudar a imagem de que essa tecnologia, ao menos até agora, é o contrário de boa.
DAR O PEIXE & ENSINAR A PESCAR
Se tem uma discussão que não passa de falha de comunicação é essa.
Por que não fazer os dois?
Com a nova configuração da pobreza no Brasil, não há outra saída.
Segundo artigo de Laura Müller Machado "a pobreza no Brasil mudou de trabalhador pobre para pobre sem trabalho"
2005: de todas as pessoas com idade para trabalhar entre os 10% mais pobres do país, 50% estavam empregadas.
2023: de todas as pessoas com idade para trabalhar entre os 10% mais pobres do país, 25% estavam empregadas.
Sou Rodrigo Focaccio, consultor de comunicação.
Fui top Voice do LinkedIn em 2019.
Trabalho com treinamentos, estratégia e produção de conteúdo no LinkedIn e outras redes para a comunicação de empresas e executivos.
Adoro esportes, política e cultura.
Aceito envio de livros, sugestões de pauta e PIX.
Mas o principal que peço a vocês é: assine a Falha de Comunicação!
É de graça!
Gestão de cuidado em Saúde | Saúde Mental | Articuladora de Redes em Saúde | PhD Saúde
6 mNossa, que texto massa! Você parecia cronista tipo Nelson Rodrigues pinçando craques futebolísticos e sua sintonia ou ruína em termos de posicionamento e comunicação (uma e outra estão muito como a chuteira está pra bola). Realmente fiquei muito feliz ao ler sobre Vini porque muito se fala que o futebol europeu é a bola e tapetes de ouro, mas ainda me assusto com as manifestações racistas nas grandes arenas do tapete verde. Cartão Vermelho para racistas e penalidades máximas esportivas e monetárias pra intolerantes, torcidas e times. Seu texto foi gol de placa. Obrigada 😄