VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
A desigualdade de gênero é fortemente vivenciada na sociedade brasileira ao longo de sua história, este fator é um grande desencadeador para o fortalecimento de uma cultura machista, onde desde a educação é ensinada a superioridade do gênero masculino, dessa forma, muitos se sentem legitimados a se colocar acima das mulheres, esse pensamento traz consequências à integridade física, moral, sexual e psicológica das mulheres, dessa forma, é de extrema importância a participação social em entender a complexidade do problema, para que a sociedade fique menos omissa diante dos casos de agressão.
A violência doméstica contra mulher, tem ganhado destaque nas mídias nos últimos tempos, nessa tipologia de violência, observa-se o que é chamado de ciclo da violência onde a mulher passa pelo período de tensão, que são as ameaças e submissões, passando para a fase de explosão onde consuma-se a violação da integridade física e/ou psicológica e posteriormente aos momentos denominado de “lua de mel” quando o agressor mostra-se arrependido e busca “recompensar” a vítima, após este momento, retorna-se ao início do ciclo e a mulher torna-se refém deste.
A violência contra mulher acontece também nos ambientes de trabalho, no dia-a-dia nas ruas, em festas e bares. É necessário que haja trabalhos de prevenção para que se entenda como identificar as formas de violência, como preveni-las e denunciá-las. Atualmente temos ganhos e direitos conquistados como a Lei Maria da Penha, a importunação sexual é considerada crime, além da igualdade jurídica garantida na constituição de 1988, mas ainda precisa-se viver a materialização desses direitos.
É essencial que as vítimas dessa violência tenham atendimento psicológico visando primeiramente o acolhimento dessa mulher e resgate da autoestima, tendo em vista a autopercepção desvalorizada e o sentimento de impotência das vítimas, no processo psicoterápico busca-se um referencial de si próprio, um olhar para os sentimentos, para as afetações e angústias, é a partir desse cuidado consigo que a mulher passa a se conhecer, se respeitar, cuidar de sua existência, se comprometendo a si descobrir, descobrir-se na relação com o outro, compondo seu mundo e passando a dar sentido a sua existência. Por isso a importância do autoconhecimento nesse processo psicoterápico, pois aos poucos o indivíduo ganha segurança em relação a si, percebe as suas vontades e limitações, desejos e incômodos, passa a ter a consciência de suas ações e responsabiliza-se por elas e por suas relações, se a pessoa se conhece, a tendência é ela se relacionar melhor consigo e com o outro.
Olhar para si, ajuda o indivíduo na forma de olhar para o outro, de entender sentimentos e emoções que em muitas vezes o outro lhe causou, nesse caso as dores e marcas deixadas pelo agressor, e através de um processo aprender a entender e estabelecer os limites de suas relações e seus próprios limites.
Natália Lopes
Psicóloga - CRP 18/04698