Violência Urbana
Imagem portal jaguapita.com.br

Violência Urbana

Todos nós somos vitimas e assistentes estarrecidos de cenas cotidianas incríveis, danosas, tristes, terríveis e assustadoras que ocorrem nas grandes e pequenas cidades deste Brasil.

Dois jovens ladrões adentram uma agência dos correios, estão armados e como sempre confiantes de que nada sairá errado. Um deles saiu da prisão há menos de uma semana, é uma liberdade provisória assistida, pois esta com uma tornozeleira eletrônica.

Anunciam alto e em bom som o assalto. Gritam, apavoram e rendem o pessoal do caixa. Por azar uma das pessoas que estava na fila é um policial, que saca sua arma e dispara contra os ladrões. Um deles é atingido, justamente o que estava recentemente libertado o outro foge. As pessoas mesmo apavoradas aplaudem o policial.

Essa é mais uma historia de violência urbana desta semana. Longe de ser aqui o advogado do diabo; mas quero traçar alguns comentários agora, depois de baixado a poeira. Bandido não tem nada a perder e se eles abrem fogo num lugar deste, pessoas seriam mortas inocentemente, tudo bem, desta vez deu certo o único atingido o malfeitor. Enquanto o assaltante agonizava ouvi os mais diferentes comentários:

“É isso ai, parabéns a policia; bandido bom é bandido morto”.

“Um a menos, deveriam matar a todos”.

“Teve o que merece, não tenho pena, se pudesse colocava a todos em praça pública e fuzilava”.

“Que pena pegou sou um, o outro fugiu e continuara apavorando. Esse ai já esta no colo do capeta”.

E muitos outros que deixarei aqui de citá-los. Estamos eliminando a juventude à bala neste país.

Nos olhos daquele jovem ladrão, havia dor evidentemente, a bala transpassou o abdômen, mas pude observar pelo pouco que vi que havia também ódio, desesperança, perda, fracasso, revolta, raiva, desamor. Aquele malfeitor com toda certeza foi uma criança desassistida pelo poder publico, vitima de uma família desestruturada, arruinada. É um jovem desamparado, que não teve uma escola decente que o orientasse adequadamente. É vitima de uma sociedade que aparta os nascidos bem (ricos) dos mal (pobres) quando deveria ser o contrario.  Aquele agressor de agora é um jovem que deseja, que tem sonho de consumo, que tem necessidade como outro qualquer. Ele quer andar bem vestido, quer ter sua moto, seu carro, ir à balada, freqüentar os Shoppings, a faculdade, curtir a vida. Ter sua liberdade, ter dignidade por que não, ter seu trabalho, sustentar sua família, ganhar o seu pão. Direitos que lhe foram tolhidos, negados a vida toda e a agência assaltada estavam ali, sem segurança, dinheiro circulando, uma isca porem atrelada a um anzol e ele abocanhou e mais uma vez perdeu, fracassou no seu intento.

Repito não estou aqui defendendo  bandido não, e nem reprimindo o policial que exerceu o seu papel felizmente com sucesso, apenas tecendo comentário de onde vem o erro, ou ainda onde começa a ser confeccionado este grande tecido social mal feito. Inicia-se no ventre de nossas jovens mães adolescentes mal orientadas e desassistidas, não amparadas por suas famílias quando engravidam. No Estado mal administrado, no poder corrompido, nas leis que beneficiam uns bocados e arrebentam a maioria. Na sociedade injusta que manda para as creches (depósitos de seres humanos) as crianças em tenra idade, quando deveriam estar com suas mães, pois estas mesmas mães têm que trabalhar de sol a sol para se sustentarem e aos seus. Nas escolas desestruturadas, nos professores mal remunerados e com péssima formação. Na sociedade que prega o ter mais importante do que o ser. Na justiça que prega os direitos e deveres iguais para todos e não se aplica.  O erro ocorre nas autoridades que dão maus exemplos, que corrompem que surripiam dinheiro publico e não são punidas, e, continuam suas vidas como se nada cometeram , padronizando desta forma que o crime compensa.

Segundo dados divulgados em abril deste ano pelo Ministério da Justiça o Brasil possui 622.202 presos, esses dados é usado como referencia o ano 2014.  De lá pra cá com toda certeza só aumentou. Temos a quarta maior população carcerária do planeta. O número de presos também é alto quando comparado ao tamanho da população. No Brasil, são 306 presos para cada 100 mil habitantes. A média mundial é de 144 presos por 100 mil pessoas. Não sou especialista na área e nem pretendo ser, mas algo de muito errado esta sendo feito, no mínimo uma gambiarra arranjada para um futuro incerto e violento, que já demonstra suas ávidas garras. Pense nisso.

Luiz Carlos Zanardo

Coordenador de U.T. E.C.T-Londrina Pr

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos