Virou Top Voices. E agora?

Virou Top Voices. E agora?

Era quase o final de 2016 quando eu recebi uma mensagem privada de um editor do LinkedIn que dizia algo como, "não divulgue nada ainda, mas você estará em uma lista de Top Voices, brasileiros que se destacaram criando conteúdo no LinkedIn". Ler isso me deu um frio na espinha, um misto de felicidade e surpresa pensando, "isso existe?"

Imagine o cenário daquela época, eu havia começado a escrever em agosto de 2015, logo depois de ter vivido seis meses de desemprego e ter me recolocado. Era uma profissional que trabalhava em uma empresa na área de marketing e que depois de viver o trauma de longos meses sem trabalho, havia entendido o quão arriscado era ficar fechada em uma bolha de tentativa de ser vista pela empresa e crescer na carreira.

Eu amava desde muito nova, assim como compartilhar o que poderia agregar à vida de alguém. Fazer isso no LinkedIn me parecia bem diferente, afinal, eu antes escrevia em blogs e no Instagram (porque, no período sem emprego, eu fazia tantas receitas fit em casa e, com todo aquele tempo livre, comecei a postá-las, o que acabou crescendo meu perfil).

Estar em uma rede profissional era algo bem diferente para mim, e eu não tinha ideia se seria lida, se isso resultaria em algo. A atividade era feita fora de horários de trabalho e os primeiros artigos eram curtos, aleatórios e pouco estratégicos. Eu já era uma profissional de marketing que trabalhava com conteúdo, mas aplicava a estratégia para o blog da empresa, não para meu perfil pessoal.

O primeiro artigo foi publicado logo que o Pulse foi lançado. A plataforma era um produto de outra empresa que foi comprado pelo LinkedIn e integrado à plataforma. Então, chamávamos de LinkedIn Pulse o espaço para escrever artigos mais longos, em uma época em que o conteúdo ainda algo pouco relacionado ao LinkedIn, já que ele ainda parecia algo "muito focado em emprego naquela época".

Os primeiros conteúdos

Por um tempo, escrevi para quase ninguém e recebia poucas curtidas, até que, certo dia, algo diferente aconteceu. Horas depois de publicar, tomei um susto ao perceber a quantidade de comentários e visualizações que meu artigo havia recebido.

Era a primeira vez que eu arriscava a própria pele falando sobre "o que aprendi com minha primeira demissão", em referência ao período anterior, antes da recolocação,em que fui demitida junto com dezenas de outras pessoas durante uma reestruturação da empresa. Se hoje muitos assuntos são escancarados, acredite, nem sempre foi assim. Falar abertamente sobre demissão ainda era um tabu e eu só conhecia uma pessoa que havia tido aquela coragem - Claudia Giudice, uma executiva que sentiu como se tivessem arrancado seu coração do peito quando tiraram seu crachá. Ela se reinventou, abriu uma pousada na Bahia e escreveu um livro sobre a 'vida sem crachá'. Anos depois, a convidei para uma live para agradecer a inspiração e ela aceitou.

Certamente, o LinkedIn ajudou a ampliar discussões profissionais e torná-las mais próximas das pessoas quando decidiu apostar em recursos focados em produção de conteúdo.

A maior lição que "o que eu aprendi com minha primeira demissão" me trouxe é que enquanto fui extremamente técnica (nos artigos anteriores) eu não me destacava, mas quando decidi compartilhar com o coração, algo aconteceu. E foi ali que eu percebi que pessoas ao redor do mundo poderiam se identificar e apreciar uma profissional comum, que não tinha nada de mais, que não era nada conhecida, nem havia estudado fora do país - mas que tinha ideias e as compartilhava. Desde então, nunca mais parei.

A primeira lista de Top Voices no Brasil saiu, então, no final de 2016. A notícia percorreu diversos veículos em todo o país, ganhamos ainda mais projeção. Foram selecionados 15 brasileiros que se destacaram criando conteúdo na rede. Essa projeção nos trouxe ainda mais convites, oportunidades e leitores.


Como Top Voices caminhou desde seu lançamento

No ano seguinte à primeira lista, não houve uma nova divulgação, retomando apenas em 2018. Já em 2019, antes da pandemia, o LinkedIn promoveu em São Paulo uma festa de Top Voices, que foi muito bacana.

Com o tempo, a lista ganhou outras formas de divulgação, mais vezes ao ano, com grupos menores e também nichados, como Top Voices carreira, sustentabilidade, agronegócio, entre outros. O LinkedIn veio promovendo programas como o Linkedin for Creators e o Editoriais LinkedIn, convidando profissionais para fazerem parte e aprenderem boas práticas sobre a rede e, em janeiro de 2024, divulgou dezenas de novos Top Voices por meio de emails individuais anunciando a novidade. Eles foram selecionados em diversas áreas e, juntamente com Top Voices de edições anteriores, receberam uma novidade, que não existia antes de 2023: um selinho azul no perfil identificando oficialmente que aquele profissional é um Top Voices.

Além disso, em 2023 o LinkedIn lançou também outra possibilidade, a de ganhar um selinho amarelo de Top Voices Comunidade, a partir de contribuições mais votadas de profissionais que agregaram seus conhecimentos à artigos iniciados por inteligência artificial e editores do LinkedIn. Esse selinho é temporário (60 dias) e se você quiser saber mais sobre ele, leia esse artigo aqui em que eu explico toda dinâmica sobre top voices e selos.

O botão mágico da influência?

Ganhar um selo de Top Voices, ou qualquer reconhecimento, geralmente nos deixa felizes, pois sentimos validação, endosso, pertencimento e reconhecimento. Obtê-lo tornou-se um grande objetivo e até mesmo um sonho para muitos profissionais, que tantas vezes se esquecem de que o que já estão construindo conta, que suas ideias podem impactar positivamente, independentemente de chancelas.

Atualmente, muitos que iniciam a produção de conteúdo já têm a expectativa do selo, o que pode levar à frustração caso não o consigam. Quando comecei, mal sabia que isso podia acontecer, então, eu apenas compartilhava sem esperar nada em troca. E, se quer saber, esse é um bom conselho, dessa forma você soará mais autêntico, natural. Recomendo que tenha um foco, uma causa, um assunto que você aborda bem definido, uma transformação que ajuda a realizar, mesmo que seja algo pequeno. Não precisa deixar de postar algumas coisas diferentes, mas ser aleatório demais em suas postagens pode não ser efetivo se você quer ser lembrado de maneira assertiva e ampliar suas chances de obter chancelas.

Talvez, alguns profissionais acreditem que ganhar uma chancela seja como um botão mágico que vai mudar tudo em sua carreira, a partir do momento que o fato acontecer. É inegável que o reconhecimento tem seu valor e que os profissionais se sentem apreciados, mas a verdade é que é preciso avaliar o que fazer para colher resultados (e isso também vale para quem não ganhou um selo).

Logo que ganhei o título ouvia com frequência das pessoas se o Linkedin me pagava algum dinheiro por conta disso, mas não. A verdade, é que se você quiser atrair demandas, negócios, convites, entre outros, precisará planejar objetivos e uma estratégia, afinal, como business influencer você pode ir muito além da produção de conteúdo e até construir um negócio a partir de sua voz e influência.

Nessas fotos estão alguns momentos, coisas que conquistei ou fiz com ajuda do LinkedIn e do espaço que conquistei na rede. Nenhuma delas caiu no meu colo, eu fui atrás de fazer acontecer. Foram muitos artigos, várias centenas de contratações para palestras e treinamentos, viagens, prêmios, eventos, cursos que lancei, ações de influência com empresas, podcasts, vídeos, visitas ao LinkedIn e muito mais. Muito do que participei estava relacionado à minha formação e experiência na área. Ou seja, não necessariamente você precisa querer surfar nas mesmas oportunidades. E, claro, nenhuma delas é fruto exclusivo de alguém que é visto como influenciador ou porque ganhou um selinho.

Uma das coisas mais gostosas que vivi depois disso na carreira, foi ter sido convidada para criar e gravar cursos para o LinkedIn Learning em 2018, já fui 3x à Áustria gravar, são mais de 12 cursos meus na plataforma e mais de 300 mil alunos impactados por eles em todo o mundo.

Também vibro de alegria quando alunos meus me contam que também conseguiram conquistas em suas carreiras, muitos, inclusive, obtendo selos de Top Voices. Nessa última edição recebi várias mensagens, eu agradeci, mas sempre destaquei que fui apenas uma sementinha quando participaram de um curso meu, afinal, o mérito é mesmo da dedicação, da qualidade e da constância deles.

Ah, também tenho um livro, o Unique Stories. É o meu terceiro publicado e pude fazer eventos de lançamento por conta dele em várias capitais, podendo ver pessoalmente tantas pessoas queridas que me acompanhavam pelo LinkedIn.

Encontrando sua direção

Depois de conquistar o selo de Top Voices, muitos se perguntam: "E agora?" Como influenciador business, você tem a oportunidade de monetizar sua voz de várias maneiras, que passam por suas habilidades e competências. Você pode ser contratado para prestar serviços de diversos tipos, unindo seu conhecimento e experiência, sua influência e audiência e sua disponibilidade e vontade para atuar com, palestras, workshops, cobertura de eventos, moderação de paineis, apresentação e moderação de eventos, press trips e ações de influência em geral, indo além da possibilidade de monetizar apenas com o conteúdo em si do seu LinkedIn.

O sucesso como influenciador de negócios não é apenas sobre o que você sabe, mas como você usa esse conhecimento. Ou seja, não é a chancela que fará algo por você, mas sua capacidade de perceber oportunidades que ela poderá trazer até você.

Objetivos: A resposta começa com a definição clara de seus objetivos. Seja você um profissional buscando crescimento em sua empresa atual ou um aspirante a empreendedor, saber onde quer chegar é o primeiro passo. Reserve um momento para refletir sobre suas aspirações de carreira. Quais são suas metas para os próximos seis meses? Anote-as e crie um plano de ação dividido em etapas mensuráveis.

Cenário atual e anseios: é funcionário e deseja continuar atuando dessa forma? Então, poderá aproveitar possiveis oportunidades paralelamente, seja para si mesmo ou para a empresa em que atua agora. Ou, então, é empreendedor ou deseja empreender? Esse caminho pode abrir portas que podem ser aproveitadas para fazer dessa conquista e projeção, um negócio.

Considere ter produtos/serviços: continue produzindo conteúdo, como provavelmente fez até aqui, mas avalie se terá alguma estratégia de oferta de produto/serviços a partir disso, que pode envolver monetização em cima da própria produção de conteúdo ou usando seu conhecimento, experiência e influência para prestar outros tipos de serviços. Quais serão eles? Isso inclui pensar no que você é bom e o que você pretende aceitar. Eu já atuei como business influencer cobrindo eventos e gerando conteúdo sobre, moderando paineis, lives e eventos de empresas, como mestre de cerimônias, fazendo presença em lançamentos de produtos e eventos corporativos, press trips, palestras, entre outros.

Filtro: Ao ser abordado e convidado para eventos ou prestação de serviços, avalie quais fazem sentido. Entenda que muitas delas serão uma oportunidade de monetizar, mas com muita frequência você será convidado a participar de graça. Meu conselho, participe enquanto for interessante para você, mas entenda que esse envolvimento pode e deve se transformar em algo remunerado.

Refine sua estratégia: considere ter mídia kit, site, portfolio, formas de contato, processos bem estabelecidos, propostas para envio apresentando melhor seu trabalho, escopo e preço, contratos com cláusulas bem definidas, profissionais que o auxiliem com financeiro e jurídico (entre outros) e, também, pensar valores adequados a cobrar em cada serviço (precificar é um desafio sempre e pode ser bem relativo).

Esses são apenas alguns insights para você começar a pensar, mas existem várias outras coisas à considerar. Você pode e deve continuar produzindo conteúdo sem nenhuma outra pretensão, mas leve em conta que é possível ir além e ter acesso à oportunidades e bons contratos.

Se adotar a linha de participar de tudo que o convidarem (geralmente sem remuneração) pode deixar de aproveitar boas oportunidades, que talvez pudessem fazer disso um negócio, afinal, você pode se enxergar como uma "startup" a partir daqui, claro, se você quiser.

Se você é novo no mundo da produção de conteúdo no LinkedIn, precisa saber que essa rede pode abrir muitas portas em sua carreira se souber usá-la, procure aprender sobre isso. Se você já produz conteúdo e gosta, continue! Teste formatos diferentes, novos temas, engaje com sua audiência, seja autêntico! Resultados (e selos) não vêm do dia para a noite, é preciso persistir e ter constância, ter objetivos e público em menter para ter foco e qualidade, senão você vai acabar postando sobre tudo e se sentir perdido, além de não ser muito lembrado no final do dia. No meu curso (que tem turma começando 24/01/24) eu ensino passo a passo tudo isso, saiba mais clicando aqui.


Participe do programa focado em business influencers que vai ensinar como monetizar sua voz e influência, transformando-as em um negócio. Aplique para o programa e seja avisado em primeiro mão assim que for lançado.


Antônio José Maynard de Almeida Prado

Diretor de Operações | Segurança Empresarial e Corporativa | Gestão de Riscos | Doutor em Ciências de Segurança

6 m

Parabéns pelo artigo. Obrigado por ter compartilhado seu conhecimento.

Renato Shishido

Diretor de Planejamento e Desenvolvimento Urbano

8 m

Ótimo conteúdo! Inspirador!

Flavio Peralta

Palestrante SIPAT-CIPA na AMPUTADOS VENCEDORES PALESTRAS SIPAT/CIPA | Palestrante com mais de 1.100 Palestras

9 m

Vou correr atrás desse sonho

MARIA CHRISTINA DIAS PRADO

Médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia | Professora universitária, Palestrante Motivacional na área de Autocuidado e Mentorias em Autocuidado e Prevenção de doenças crônicas.

10 m

Mais que merecido!!!

Juliana Souto

Gerente Regional de Vendas || Líder em Estratégia Comercial e Desenvolvimento de Equipes || Especialista em Varejo e Serviços Financeiros || Mentora

11 m

Excelentes dicas!

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