Você e o emprego, qual está mais apropriado para o outro?


No filme Homens de Preto houve uma seleção restrita e o mais improvável candidato foi o escolhido! Venceu militares e policiais somente pelo ato de ousar puxar uma mesa. Foi escolhido pela capacidade de inovar, não pela capacidade de obedecer. Houve, no entanto, uma condição para garantir a sua empregabilidade: anular a sua existência na humanidade para se dedicar exclusivamente ao trabalho. Leis trabalhistas, mesmo após a reforma recente, repelem uma dedicação integral. Limitadas  por estas leis as empresas comprimem cada vez mais o funcionário dentro de sua carga horária para produzir mais, gerando uma produtividade direcionada ao lucro crescente e infinito mas sem criar um ambiente propício de inovação na gestão. Inovar na criação de produtos é fácil, mas as relações entre empregador e empregado serão sempre compatíveis com Revolução Industrial: trabalhar muito, por muitas horas, é o conceito de produtividade.


Com a expressão: Lucro não é pecado, as empresas se veem ameaçadas pela perspectiva de um lucro menor que o desejado e isso gera  pânico nos CEOs, restando-lhes cortar pessoal ou benefícios e retardar o progresso individual dos remanescentes na política interna de cargos e salários.


Se funcionários fossem cães do tipo hound, que tipo as organizações preferem: os galgos ou sabujos?


A competitividade, dentro da prensa da produtividade, busca galgos cada vez mais velozes e vorazes sem preocupações com as soft skills e algumas hard skills, por vezes, mas o que interessa mesmo é capacidade de alcançar e superar a lebre. Alcançá-la é o básico e deste modo promovem uma meritocracia de exacerbação dos limites, onde a satisfação do profissional é secundária, ou simplificada ao  “fica   quem quer”! As portas de saída estão disponíveis. Afinal... Lucro, não é pecado!

Galgos tão céleres quanto desprovidos de ética;  ávidos pela ambição de atingirem metas progressivas; para alcançarem antes de tudo a empregabilidade e depois o crescimento corporativo, é o que as empresas querem!

Quando galgos se tornam sabujos? Esta metamorfose tem dois âmbitos: o pessoal e o corporativo!

O desestímulo pode deixar um funcionário parecido com um basset ou com um beagle, porém ele também  adquiriu o faro e sabe onde encontrar o sucesso da caça; só não precisa mais correr. Deixa de ser visual para ser perdigueiro. Seus estímulos serão as caças que interessam ou interessam ao seu chefe imediato, aquele que tem a capacidade de entender estas soft skills e que estão inspirando CEO's para este caminho.  É importante sabermos que os chefes imediatos tem grande responsabilidade na motivação dos componentes da equipe e, por vezes, da retenção de talentos.

As competências sociais não são exclusivas dos sabujos, claro, no entanto a habilidade de sentir a empresa, sua filosofia ou cultura requer um foco apurado por quem já passou da visão e da velocidade para a: visão, faro e velocidade, direcionadas.

Corporações de grande porte não são diferentes das pequenas ou médias quando se fala em exigir produtividade. As diferenças estão nos benefícios determinados pelas leis que definem suas obrigações, bem como também o mercado.

Empresas familiares, independente do porte, influenciam ações que sempre imitarão as velhas senzalas esvaziadas pela Lei Áurea, a qual por falta de um planejamento social, criou guetos, disseminou e alastrou a miséria no melhor estilo de Sísifo: resolveu um problema criando outros pois tornou os negros alforriados em mendicantes, que aceitavam o serviço não escravo por um prato de comida ou algo que lhes garantisse o mínimo dos cartéis, das senzalas.

O controle é o mesmo de outrora, apenas se trocou a corrente pela tecnologia; o apontador pelos índices de controle; o feitor mudou de nome, se ele corroborar com a política e cultura corporativas de modo absoluto, é um déspota com ar de proprietário; se entender-se como um colega de trabalho é um gestor.

Se  são empresas de capital aberto há uma tendência de melhorar as condições para gerar um bem-estar maior para o funcionário, quer seja em salários ou benefícios, pois do presidente ao estagiário ninguém é dono, ainda que trabalhe como se  o fosse. Com o sentimento livre da posse e da avareza o CEO age como empregado, não como proprietário e se põe com mais facilidade no lugar de seus colaboradores. Quando se trata de empresas multinacionais não se ameniza nas análises e o lucro objetivado é a única coisa que se tem visão, pessoas são números e estes não tem alma e nem família.

As corporações de grande porte, as micro, pequena e médias empresas são feitas por pessoas que levam a sua cultura e educação pessoal para dentro do ambiente de trabalho e isto não significa ambiente profissional. Isto é outra coisa! Além das ambições de crescimento que não levam em conta a existência de competências temos uma sopa, sempre quente, de intrigas quando cargos de chefia estão em jogo. Colegas se enfrentam como gladiadores com armas tão diferentes quanto suas características pessoais disputando promoções como se já não houvesse um perfil preferido para isso. O embate é desnecessário, pois com o tempo as verdades aparecem e o estilo fraudado é descoberto naturalmente.


Que tipo de funcionário você é para o tipo de empresa que você integra? Entendendo quem você é no lugar que ocupa você pode responder se busca um emprego para se sustentar ou um trabalho para se sentir digno com o que faz?

Pedro Henrique Muniz Fernandes Magalhães

02/02/17



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