Você não é o seu emprego (mas é lá que passará 1/3 da vida)

Você não é o seu emprego (mas é lá que passará 1/3 da vida)

Me conta mais sobre você? ”

É normal ouvir isso em uma entrevista de emprego, em um bate-papo informal ou até na pista da balada. Independentemente do contexto, a maioria das pessoas vai começar a resposta falando de seu emprego ou de suas experiências profissionais e acadêmicas.

Sou jornalista e trabalho com marketing”

“Sou formado em engenharia e trabalho em um banco”

“Estava trabalhando no departamento financeiro de uma multinacional”

Estamos condicionados a definir quem somos baseados no que fazemos durante o horário comercial. E eu gostaria de levantar três argumentos para mostrar por que essa situação é problemática e por que você deve se lembrar que você não é o seu emprego:


1- Nosso “eu” é muito mais rico que o trabalho

O ser humano é extremamente complexo. Temos desejos, sentimentos, emoções e sonhos moldados por experiências que acumulamos ao longo da vida. Entender quem você é, o que te motiva e como funcionam suas emoções são desafios gigantescos de autoconhecimento.

É claro que o trabalho é uma parte importante do seu ser. Mas é apenas uma parte. Inclusive, buscar o autoconhecimento é uma etapa que precede a busca pela satisfação profissional. Ou seja, é preciso saber quem você realmente é para entender qual é o emprego ou a função em que você mais se encaixa.


2- Depositar todas as fichas no trabalho gera estresse e frustração

O trabalho não supre todas as necessidades do ser humano e, quando praticado em excesso, pode culminar em distúrbios graves, como a Síndrome de Burnout. Nós precisamos do descanso, do lazer, das férias, dos relacionamentos fora do ambiente de trabalho.

Nunca se falou tanto da importância de “vestir a camisa da empresa”, característica que vem até na descrição de algumas vagas. E eu concordo: vista a camisa, tenha vontade, coloque o seu máximo. Mas também saiba a hora de parar. Entenda que alguns dias não serão produtivos. Faça pausas durante o trabalho. Não leve os problemas para fora do expediente. Cobre-se menos. Respeite a sua saúde mental.

Mesmo que você seja o fundador de um empreendimento, o seu negócio não pode te definir. Afinal, a empresa pode quebrar, falir e fugir do seu controle. Você, por outro lado, vai precisar ficar de pé...

 

3- Lembre-se da nossa natureza

A relação do trabalho com a construção da identidade do indivíduo não tem mais do que uns 400 anos. O que isso significa? Que até mais ou menos ali para o século XVII trabalhava-se para sobreviver ou apenas para suprir os luxos de uma elite. Não havia valores como “felicidade” ou “propósito” associados ao trabalho.

Ou seja, o trabalho como conhecemos é uma construção social recente. Ele não está inato ao homem. Assim, não é um exagero dizer que nosso cérebro e nosso corpo não estão perfeitamente adaptados ao trabalho do mundo moderno. Principalmente quando falamos de empregos que envolvem longas horas sentados na frente do computador: não estamos biologicamente prontos para isso.


Maaaaaaaaas,

Isso não significa que você não deve se importar com o trabalho. Ou que ele é só um minúsculo detalhe dentro do que você é. Você provavelmente passará quase um terço da sua vida trabalhando. Querendo ou não, sendo saudável ou não, se estressando ou não. É assim que o mundo é organizado hoje em dia.

Mesmo que você entenda que você não é o seu trabalho, é importante encontrar meios para que o tempo que você passe lá seja positivo. Para isso, novamente eu separei 3 pontos fundamentais:

 

1- Você precisa se sentir bem

Não dá para ficar 8 horas por dia em um local onde você não se sente confortável fazendo algo que não te dá o mínimo de prazer. É normal (e até saudável) preferir estar tomando uma cerveja na praia do que montando uma planilha no Excel. Mas se montar a planilha é chato, difícil e torturante, você precisa repensar sua carreira.

Às vezes podemos achar que “é assim mesmo que funciona” e que “trabalho nunca vai ser bom”. Mas o tempo cobra essa visão. Essa ideia não costuma ser sustentável a longo prazo. Uma hora você não aguentará mais e daí nascem as ansiedades, estresses, depressões e outros problemas psicológicos.

 

2- Você precisa acreditar na sua empresa

Tenho muitos questionamentos a respeito da ideia de procurar “propósitos” no trabalho. Mas acredito que é fundamental que seus valores sejam compatíveis com os da sua empresa e que você acredite que ela está de fato cumprindo seu papel.

Se você acha que sua empresa não agrega valor aos clientes, então você não está agregando valor aos clientes. Logo, qual é sua função ali dentro? Por que você acorda toda manhã e faz o que faz? Em pouco tempo você estará frustrado e desmotivado. Portanto, preste atenção nos objetivos e nos valores da sua empresa.


3- Você precisa se motivar

Se por um lado nossa natureza nos diz que não fomos “projetados” para o trabalho, por outro desde os primórdios convivemos com a angústia, uma busca por sentido, por preencher a nossa existência com algum significado.

No trabalho, também é preciso criar objetivos que deem uma motivação maior àquela atividade: seja ser promovido, ganhar um aumento, atingir uma meta, ajudar pessoas, aprimorar um produto, aprender mais, ficar rico ou qualquer outro fator que sustente sua vontade de trabalhar todo dia. O importante é ter isso bem claro na sua cabeça.


Em resumo, autoconhecimento é tudo: procure entender quem você é e por que o seu ser é muito maior que o seu trabalho. Mas não deixe de valorizar o tempo que passa na labuta e tornar esse momento também feliz ;)


Maria Eduarda Amorim

Comunicação | B2B | Marketing | Niobium Tech

4 a

Renan, cocordo com todos os pontos apresentados! Em minha experiência, o processo de autoconhecimento foi fundamental para que eu pudesse buscar trabalhar em empresas alinhadas aos meus valores. Hoje, me sinto satisfeita em minha posição principalmente por ter respaldo para valorizar minha saúde mental. Entre tantas mudanças que vivemos no mundo corporativo, valorizar o equilíbrio acaba sendo o melhor caminho para o sucesso!

Beatriz Simionato

Recursos Humanos l Líder de Squad l Kyraly Marketing Digital

4 a

Reflexão muito boa, Renan!!

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