Você precisa de 7 líderes na sua equipe

Na sala de reuniões, enquanto discutíamos o plano de marketing 2017, levantamos uma questão fundamental: “quantos líderes precisamos para conduzir os trabalhos do ano?”. Ridiculamente a indagação parece simples de responder, basta dividir o grupo produtivo em áreas e colocar um líder em cada ponta. Se necessário, acrescente mais um líder acima da cadeia, defina indicadores e toque o barco.

Parabéns, acabamos de criar uma pirâmide de linha de comando, mas não necessariamente identificamos quantos líderes precisamos para garantir que tudo o que planejamos seja executado.

Em uma sala com 7 pessoas analisando o futuro do marketing da empresa - e muito provavelmente os mesmo que executarão boa parte das tarefas desse futuro - vimos que não bastava apenas um líder para a máquina funcionar.

Quando um dos colegas na sala levantou esse apontamento comecei a repensar alguns aspectos organizacionais e rapidamente rodou na minha cabeça o conceito de liderança. Tentando fugir meramente do âmbito motivacional, que talvez a indagação do meu colega poderia sugerir, me esforcei para fazer uma aplicação direta ao conceito de gestão.

Conversa vai e conversa vem, concluímos o seguinte: precisamos de 7 líderes na nossa equipe.

Calma! Não significa agora que ninguém mais manda na budega ou que todo mundo bate o martelo. A figura do “manda chuva”, aquele que vai ter a palavra final continua existindo, porém quando falamos de desenvolvimento de tarefas - e até mesmo planejamento das mesmas - precisamos que mais pessoas peguem o chapéu de gestor.

Apenas para complementar a discussão sobre o papel do “líder-chefe”, defendo o estilo de liderança democrática para o bom funcionamento desse panorama mais horizontal dos envolvidos no projeto.

Alguém poderia dizer: “ahh, mas então o estilo de líder liberal daria mais flexibilidade para a equipe já que há liberdade completa para as decisões do grupo ou individuais, com participação mínima do líder”. Bom, nisso eu discordo razoavelmente já que alguns aspectos da liderança liberal me incomodam significativamente.

Para não dizer que sou totalmente avesso, diria que a intensidade das discussões impregnada geralmente nas equipes gerida por um líder liberal é um fator que chama a atenção, porém os riscos são muitos grandes, principalmente no que se refere à produtividade.

Se quiser saber mais sobre esses estilos de liderança, recomendo o artigo do Guilherme Metidieri publicado no Portal Administradores.

Autogestão

Na linha de raciocínio de 7 líderes para uma equipe de 7 colaboradores partimos do princípio de autogerenciamento. Vamos ao pressuposto de que cada profissional envolvido no processo terá as condições mínimas necessárias para puxar para si a responsabilidade e conseguir articular os demais para trabalharem ao redor do objetivo proposto.

Pego carona na abordagem defendida no clássico The Practice of Management, de Peter Drucker, porém enxergando ainda como necessárias algumas perspectivas da gestão top-down.

Diria que para o desenvolvimento do processo criativo e para o planejamento e execução de atividades gerais, vejo a autogestão como grande saída. E, na outra ponta, entendo que alguém tem que orquestrar a banda toda para que a música saia como esperado - a não ser que não se tenha uma música desejada.

Vale ressaltar o modelo gerencial da Morning Star, uma empresa caracterizada substancialmente como de autogestão. O caso é comentado por Rick Wartzman em artigo na Forbes. Fiquei realmente curioso para conhecer mais de perto este modelo e saber como a música toca numa empresa neste perfil.

Análise de caso: grupos com muitos líderes

Um dos lugares onde melhor vi este tipo de gestão com múltiplos líderes, em um mesmo projeto, funcionar foi dentro de uma comunidade cristã onde as pessoas vivem e trabalham com regras bem definidas e objetivos comuns.

No caso indicado, dentro do grupo existe quem vai liderar as atividades de trabalho, tem quem coordene a casa onde todos vivem, tem quem resolva a parte da alimentação, outro responsável por acompanhar os envolvidos assegurando a harmonia individual e do grupo, entre outras frentes de liderança.

O interessante nesta conjuntura é que o indivíduo que agora executa um papel de gestão em determinada atividade é o mesmo que será liderado, por alguém que ele liderou, quando todos estiverem envolvidos em outra tarefa.

Logo, entendemos que a reciprocidade dos aspectos da liderança são essenciais para o êxito. Os personagens assumem papéis distintos dentro de um mesmo cenário para o bem do todo. E isso é um apontamento interessante a ser aplicado no ambiente corporativo onde as pessoas estão acostumadas a só mandar ou a serem mandadas.

Mais uma vez chamo a atenção para a necessidade de ter um guia (o líder-chefe), alguém que dá o norte - ainda que dependa de um conselho para ser mais assertivo - e também para a determinação das regras do jogo.

Ter regras claras é essencial para que o jogo funcione bem.

Tenha sete líderes

Obviamente que o importante aqui não é o número de líderes, mas fazendo uma analogia ao 7 no contexto bíblico - que significa perfeição - digo que você tem que ter o número perfeito de líderes para garantir a execução eficiente do seu projeto. E pode ser que o número perfeito seja todos da sua equipe.

Não queira agora eliminar do time as pessoas que não tem qualificações de liderança, mas que são ótimos “executadores”. Distintos perfis de profissionais são bem-vindos em uma organização e caberá aos gestores encontrarem onde cada um se encaixa no quebra-cabeça.

Uma coisa é certa: na evolução do mercado, ter apenas um líder em sua equipe pode ser arriscado, pois caberá apenas a um ter que pensar em como a roda vai mover. Atraia outros líderes com desafios e propostas claras e não se esqueça de definir as regras do jogo para evitar conflitos interpessoais no meio do caminho.

Até mais!