Você realmente precisa de mais tecnologia?

Provavelmente esta semana você deve ter descoberto uma nova tecnologia. Algo inovador, melhor do que provavelmente possui hoje em sua empresa, algo como um relógio que permite ver os indicadores de desempenho de sua empresa, ou um aplicativo em celular que poderia permitir a você olhar os números de vendas a cada quinze minutos ou saber onde exatamente esta aquele vendedor que frequentemente "desaparece" nas sextas feiras à tarde.

Seja lá o que for esta maravilhosa tecnologia, existe uma certo grau de certeza de que ela logo será superada por outra melhor ainda....na próxima semana. E isso causa um certo desespero. Afinal, o que você, na qualidade de executivo, deveria fazer: continuar investindo cada vez mais nas novas tecnologias ou tornar-se um "ludista" ? -  Não, não errei o termo, não me refiro a budista. O ludismo foi um movimento social ocorrido na Inglaterra lá pelos idos de 1800 e poucos, pessoas contrárias aos avanços tecnológicos ocorridos na Revolução Industrial, os ludistas protestavam contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas. 

Então, voltando ao assunto principal, investir ou desistir ? Bem, pode não ser tão fácil de responder em poucas linhas. 

Mas a questão passa por duas considerações cruciais: impacto e retorno do investimento. 

Do ponto de vista da estratégia, é preciso considerar que algumas tecnologias de fato causam rupturas que podem até impedir a continuidade de alguns negócios. Então não podemos simplesmente ignora-las. Infelizmente tais mudanças tecnológicas não são percebidas de forma muito clara. Vou dar um exemplo: No inicio da década de 90 lembro de ter convidado alguns diretores, gerentes e o presidente de uma companhia para apresentar a todos um pouco do que estava se tornando a internet. Na época ainda tinhamos uma infraestrutura de telecomunicações precária e muito do que conhecemos hoje (webcommerce,  internet banking, redes sociais) sequer existiam. Ao final de minha apresentação todos acharam a navegação na internet "fascinante" contudo a conclusão final foi: "Isso não serve para nossa empresa, para que precisamos colocar paginas do nosso negócio na internet? Afinal ninguém vai fazer negócios conosco lá!" - e o assunto foi dado por encerrado. De fato, devo confessar, que mesmo sendo um apaixonado pela novidade, nem eu mesmo concebia como tudo aquilo iria evoluir, e o mais importante, como iria impactar os processos de negócios. 

De lá para cada muita coisa aconteceu, não preciso descrever pois você provavelmente já percebeu como nossas vidas foram afetadas pela revolução da internet. 

Antes de comprar uma tecnologia, sugiro que você se pergunte, antes de mais nada, se é apropriada para a sua organização. O produto irá satisfazer uma necessidade existente, uma necessidade futura ou vai simplesmente se tornar uma adição a uma prateleira de gadgets abandonados? Nestes tempos econômicos, é imperativo que você seja financeiramente responsável, e isso significa não gastar dinheiro em dispositivos  ou softwares que não serão de fato utilizados.

Então, quais são as outras perguntas chave? Eu costumo avaliar 3 pontos:

1. Irá reduzir o ciclo desde o desenvolvimento até a entrega dos produtos ou serviços , reforçando a posição competitiva?

2. Conseguirá aproximar os clientes atuais e futuros do negócio, facilitando os processos comerciais e a fidelização ?

3. Consigo medir quanto irão aumentar as vendas e/ou reduzir os custos ? 

Claro que poderíamos acrescentar dezenas de outras questões, contudo se obtenho três "Sim" para essas questões, então é muito provável que a nova tecnologia não estará adicionando custos sem adicionar valor e, portanto, deve ser investigada com maior atenção. Se não conseguir "pontuar" nenhum "Sim", melhor aguardar um pouco antes de sair comprando a ultima novidade...

Por fim, se você decidir de forma consciente pela aquisição do novo recurso, lembre-se que os desafios não terminam ai. Você ainda terá que garantir, junto com os demais executivos, a adoção da nova tecnologia - gestão da mudança - e, depois de tudo, assegurar o retorno do investimento. 

Mas isso já é assunto para outras possíveis publicações...