Você respeita e escuta mesmo seus sentimentos?
Após meses sem escrever, o coração pediu. E pediu essa imagem, que trás a beleza do horizonte mais amplo que já vi, durante meu período sabático, na divisa das placas tectônicas da Europa/América, na Islândia.
A vida de quem escolhe trilhar o caminho do autoconhecimento e da transformação é uma grande aventura.
Embora a jornada seja fascinante, existem muitos desafios.
Comecei 2020 morando na Chapada Diamantina/BA, na mata fechada. E sem horizonte amplo, olhei ainda mais pra dentro.
A quarentena chegou e, de volta à cidade, me vi cercada de mim mesma e sufocada por desagradáveis sensações físicas, mentais, emocionais e espirituais às quais, depois de anos de trabalho de desenvolvimento pessoal, me senti pronta pra ultrapassar, sem anestesias (remédios, por exemplo), e isso exigiu toda minha energia.
Parei de atender clientes, de criar novos projetos, de interagir com pessoas.
Me resguardei.
Ao mesmo tempo que aceitei a missão, senti muita raiva de mim, de estar parada, enquanto via “o mundo” acelerar, criar, digitalizar, vender e consumir conteúdo.
Eu só conseguia fazer o oposto.
Levou tempo pra eu entender que era justamente essa a minha contribuição para o planeta.
Leva tempo e dá trabalho construir um ego consciente, que perceba que quem escolhe o caminho da transformação, tem objetivos para o bem-maior do coletivo, objetivos maiores que nós mesmos, como o equilíbrio.
A minha não-reação em meio à tantas ações e reações, era ação do divino.
O ego quer pertencer, se sentir visto, reconhecido, super útil e bonzão, então o ser humano se machuca.
Você acha possível uma pessoa como eu, mentora e desenvolvedora de pessoas, me sentir machucada, com raiva? Acredite ou não, mas eu me sinto as vezes. Porém, essa sensação é muito mais consciente e passageira do que antes.
Entretanto, eu decidi me dar um tempo indefinido, pra olhar pra tudo que eu sentia de “ruim” sobre o externo e ver que parte de mim aquilo tudo revelava.
Precisei de meses pra dissolver certas camadas. O ranso das redes sociais e do papel que isso tem nas nossas vidas foi grande parte disso.
Mas, conforme a conexão com nosso guia interior e a consciência sobre nós mesmos expande no treino do tempo, mais aumenta nossa fé e confiança.
Nesse tempo, um horizonte amplo se abriu dentro de mim.
Um treino intenso de amor, perdão, compaixão, aceitação, gratidão, respeito, esperança, generosidade, força e coragem.
E agora, expandida e com o coração aberto, me sinto bem ao me expressar aqui nova-mente.
Com amor, Aline
[Escrevi esse texto na minha rede social do Instagram @vidaetrabalhocomproposito -- onde compartilho materiais sobre nosso desenvolvimento humano (vida, carreira, trabalho, família, relações, etc), através dos meus conhecimentos, das minhas próprias experiências pessoais ou com clientes -- para explicar um pouco sobre esse período de pandemia, em que me distanciei do trabalho diário, pois algo maior me exigiu atenção. Senti de compartilhar no LinkedIn porque, mesmo sendo uma rede profissional, somos todos pessoas e é importante demais sabermos acolher as necessidades que sentimos dentro de nós, independente do que está acontecendo com a maioria das pessoas no mundo externo. Silenciar, mesmo quando está "todo mundo" fazendo barulho. Desacelerar mesmo quando está "todo mundo" acelerando. Reavaliar o sentido do nosso trabalho e carreira mesmo quando está "todo mundo" preocupado em entregar-entregar para manter o emprego. Desejo do fundo do coração que esse texto chegue para quem ele tem que chegar. E se você for essa pessoa, uau!, que bom, minha missão já está sendo cumprida, e só por isso, eu já estou muito feliz em escrever aqui].