Você também é opção
Você está ficando tão velho quanto eu, apenas não se deu conta. Minha mãe fez questão de me alertar com a frase “Se no meu tempo eu tivesse as oportunidades que você têm hoje, não perderia tempo.” Não sei se existe algum estudo sobre a frustração da geração Y, ao meu ver somos reféns da quantidade de opções de que temos para tudo.
Já parou para pensar que para tudo temos mais de uma opção? Conheço gente que para sair é sempre um desafio. Existem várias opções de filmes no cinema, fora a dificuldade de escolher o local e o horário da sessão. Ai começam os motivos para reclamar. Sempre arrumamos algo que desagrada. O atendimento que demora um minuto a mais, há fila, o prato que você pediu veio frio ou não tão bonito quanto a foto do cardápio. A verdadeira via sacra de lamentações.
Somos a era da ambição com o mundo. Queremos tudo ao mesmo tempo agora. Queremos ser melhores em tudo, como na música do Jota Quest, até mesmo na dor esperamos ser melhores. Mas não queremos renunciar a nada. Assistimos diversas séries simultaneamente, iniciamos várias leituras, curtimos posts nas redes sociais ao mesmo tempo que escolhemos e trocamos as músicas no Spotify.
Estamos tão habituados a escolher que na nossa inocência acreditamos decidir o momento de namorar, noivar, casar, ter filhos ou simplesmente não fazer nada disso. Vemos as pessoas como se estivessem em prateleiras, prontas para serem acrescentadas em nossos carrinhos. E escolhemos de acordo com o que queremos, seja beleza, física, intelectual ou financeira. Se há desagrado, excluirmos as pessoas e coisas das nossas vidas na mesma velocidade que as acrescentamos. Esquecemos o significado de destino e partimos do princípio de que vamos escrever a nossa estória dentro das opções que imaginamos ou que estamos acostumados a ter.
Quando algo foge do nosso controle, choramos como crianças, pois é normal se esquecer de que a partir do momento que se trata tudo e todos como objetos, você também passa a ser opção de alguém.
Pensar nisso é ver a felicidade ir um pouco embora, mas é bom para repensar que reclamamos e lamentamos muito pelas escolhas que fazemos. Talvez seja a hora de parar com o “se tivesse escolhido aquilo seria diferente...”
Na verdade, não devemos excluir que há opção para tudo, é até saudável saber que temos este livre arbítrio. É repensar que devemos nos entregar às escolas que fazemos sem sofrer ou lamentar pelo que passou. O que aconteceu já não pode ser mudado, mas o próximo segundo só depende de você ;)