“Vou vender coco na praia!”
Você certamente já ouviu ou até mesmo proferiu essa famosa frase. Sem um autor específico ao qual eu possa referenciar, essa exclamação se faz presente em momentos de irritação, reflexão, raiva, desespero, cansaço e muitas outras situações que nos levam a um sentimento de “estou sem saída e exausto da minha carreira”. Se transformássemos esse desabafo em uma pergunta, ficaria assim: Continuar ou arriscar? Eis a questão.
Esta semana completo um ano de transição de carreira, exatos 365 dias desde uma das decisões profissionais mais difíceis que já tomei; deixei a segurança caótica do mundo corporativo para a incerteza libertadora do empreendedorismo. E, caro leitor, sem julgamentos; há espaço e motivos para estar em qualquer um dos lados. Meu objetivo com este artigo não é avaliar o certo e o errado, o melhor e o pior, mas sim oferecer uma visão a partir da minha perspectiva.
Discutir temas, como esse, relacionado a carreiras nos leva a reconhecer que o que realmente importa é encontrar o tipo de emprego que mais se alinha com seus planos, propósitos e fase de vida. Simples assim!
Quando estamos no mundo corporativo, empreender pode parecer um plano fadado ao fracasso, algo assim: "Espere! (ar de mistério) - Em breve, a pessoa que tomou essa decisão vai pedir para voltar". E devo admitir que conheci vários profissionais que saíram para, em seguida, retornar. É um fato que nossas escolhas não são irreversíveis. Da mesma forma que existe a transição do corporativo para o empreendedorismo, também existe a possibilidade de deixar o empreendedorismo e voltar ao mundo corporativo. Nesse aspecto, quero destacar a falta de empatia ainda presente em relação às tentativas, aos erros e aos acertos. Há um julgamento severo e estridente sobre aquele que tenta e falha e uma secreta inveja daquele tenta e dá certo.
No entanto, voltemos ao tópico central. O mundo corporativo oferece certa estabilidade, garantia de salário, benefícios, uma rotina (ou algo semelhante a uma rotina), segurança em caso de acidentes, hierarquia, uma cultura organizacional a seguir, um plano de carreira (embora eu acredite firmemente que cada profissional deve ser o protagonista de sua própria história independente se dentro de uma empresa ou em carreira solo), horários definidos (na maioria dos casos), um cargo para chamar de seu e status por ser colaborador da empresa X ou Y.
Por outro lado, o mundo empreendedor traz incerteza, nenhuma garantia de salário, quase nenhuma rotina, medos e dúvidas. Não estou aqui para desanimar os novos empreendedores, pois do lado de cá, temos a liberdade de definir nossos horários, infinitas possibilidades de negócios, crescimento acelerado na rede de contatos e, principalmente, algo que supera todos os pontos “não tão positivos” que mencionei: a liberdade de agir e se arriscar. Exatamente, do lado de cá, você está por conta própria e deve respostas apenas a si mesmo. Seus sucessos e fracassos são de sua total responsabilidade, não é mais possível culpar colegas, o departamento de Recursos Humanos, o setor de Marketing, o seu superior ou o Financeiro. Posso garantir que, invariavelmente, haverá muitos fracassos, mas no momento em que o sucesso chegar, a sensação de satisfação fará com que todos os riscos e tentativas valham a pena. Quanto mais "nãos" você ouvir, mais perto do "sim" você estará, e é aí que muitos profissionais erram, desistindo cedo demais.
Pensando no jogo Banco Imobiliário, às vezes, a "jogada de pano para o alto" acontece quando estamos a apenas 4 passos de alcançar a propriedade "Higienópolis" e comprar uma série de casas que, ao longo do jogo, nos tornarão ricos. Pode ser que você precise dar mais duas voltas no tabuleiro, mas sua hora chegará.
Logicamente, a decisão de fazer essa virada deve ser acompanhada de planejamento e mais planejamento. A responsabilidade deve ser a palavra de ordem em uma mudança tão complexa e decisiva para a sua vida. Portanto, minha dica é: tenha calma. Talvez vender coco na praia não seja a melhor opção, mas que tal procurar ajuda para entender o que vem te incomodando e começar a construir o seu novo mundo ideal? Empreender não é para todos (assim como ser CLT também não o é), abrace a sua forma de lidar com a vida e não se force a se encaixar apenas porque alguém teve sucesso com esse formato.
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Somos únicos e diferentes, respeite sua singularidade.
Para você, ótima segunda, semana e vida!
Até a próxima,
Gabi Marques
E aos vendedores de coco, que fazem seu trabalho embaixo de sol na adversidade das temporadas, com ganhos baixos, com garra e muita dedicação fica meu total respeito pela profissão de vocês, que por vezes é dita como "maravilhosa" de uma óptica, que na minha opinião, é extremamente limitada e egoísta, afinal todos temos nossas oportunidades e desafios independente da profissão.