XENOFOBIA ESTRUTURAL
Completei um ano em Portugal e confesso que estou gostando muito!
Amo o Brasil, mas ao conhecer outra cultura, viver com outra qualidade de vida, com segurança e conviver em um ambiente de bastante civilidade e honestidade, não me faz ter tanta vontade de voltar.
Nos últimos seis meses, eu atuei como consultor em uma empresa daqui e foi um período muito interessante! Convivi com umas 12 pessoas nas quais gostei e aprendi muito. Apesar de não ser um ambiente corporativo caloroso como no Brasil, fiz bons amigos e fui muito bem acolhido e bem tratado por todos, sem exceção! Sem contar que teve muita troca de cultura, toda hora vinha alguém da empresa falar comigo e perguntava: “Alexandre, diga para nós, como é que funciona no Brasil o assunto XYZ?”.
Porém, a medida que o tempo foi passando, passei a ouvir certos comentários entre eles, sem perceberem (ou se importarem) que eu estava ali, bem ao lado, ouvindo constrangido. Coisas como: "aquele era um bairro muito valorizado, mas perdeu valor quando chegaram os brasileiros" ou "o Carnaval em Portugal era bem diferente e muito bom, mas ficou ruim quando chegaram os brasileiros" ou, quando algo dava errado em alguma situação, "aposto que foi um brasileiro", entre outros comentários, nunca diretamente para mim, mas sempre em alto e bom som para todos na sala.
Até entendo que existam situações ruins causadas por brasileiros... O Brasil, que sempre viveu uma desigualdade social em que muitos saem a procura de uma vida melhor em outro país, por ser um país continental, com uma população absurdamente grande, acaba exportando todo tipo de gente e de diferentes índoles.
Também acredito que as pessoas da empresa que soltam esses comentários, muito provavelmente, tiveram experiências ruins com alguns brasileiros ao longo de sua vida. Porém, isso não é uma regra e eu estava ali profissionalmente e honestamente tentando fazer o meu trabalho.
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Como disse, nada foi dito diretamente para mim e eu sempre fui bem tratado na empresa, mas quando passamos a ouvir esses comentários com uma certa frequência e percebemos que é algo “normal” na empresa, já que nunca ninguém foi repreendido por isso, percebi que era hora de ir.
Informei o ocorrido ao RH e encerrei minhas atividades nesta empresa!
Não escrevo esse texto como denúncia, mas como reflexão! Uma reflexão para todos os envolvidos, tanto para empresa que precisa reconhecer que existe sim um preconceito estrutural lá dentro e isso precisa ser repreendido, mas também para mim que, pela primeira vez na vida, me vi do outro lado.
Eu, homem, branco, hétero, de classe média, nascido e criado na zona sul do Rio de Janeiro, pela primeira vez, me vi em uma situação em que o jogo virou para mim e eu passei a estar do outro lado.
Isso me faz perceber que todos nós temos um pouco (ou muito) de preconceito estrutural: negro, gay, nordestino, mulher, judeu, gordo, evangélico, brasileiro... Todos nós, em algum momento, passamos por algum momento de discriminação, seja de um lado ou do outro e, esse tipo de situação, precisa ser sempre reprimida dentro das instituições!
Fica a reflexão!
Gamificação | Educação Corporativa
1 aTriste e real!
Infelizmente dentro dessa reprodução de comportamentos tóxicos observados em algumas organizações encontramos o preconceito social, o racismo a homofobia, o machismo ... Pois dificilmente a pessoa não reproduz o seu principio ético e moral dentro do seu ambiente coorporativo, e isso quando não visto e sanado trás uma enorme ferida para dentro da Empresa que demorará ANOS para tratar, e muita das vezes leva a falência do CNPJ.
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1 aKaren L. CÉSAR FILHO Gilberto Garcia José Gustavo Dias Alves Leonardo C. Paulo Milet Paulo Braga Prado Jorge Silva Duque Luciano Cabral Ricardo Guerra Freitas Daniela Sirigni Marcio Weguelin Lima Priscilla C. Rocha João Beraldo Ricardo Abiz Sergio Krivtzoff Priscila Darrieux (She/Her/Hers/Ela/Ella) Paulo Altomare Fabian Medeiros Daniel Aisenberg Hiram Gonçalves Alexandra Alvarez José Antonio Ribeiro Neto Rodrigo Câmara Souza Andre Santos