Zé do Parafuso: A expertise de cada um deve ser valorizada
Nos treinamentos que ministro em empresas, menciono algumas histórias que direta e indiretamente fazem alguma alusão aos contextos profissionais de forma geral, do mais simples ao mais elaborado ofício. Esta é possível que você já tenha ouvido por aí. É a história do Zé do Parafuso.
A história do Zé do Parafuso
Diz a lenda que esse senhor era um exímio mecânico de máquinas. Consertava tudo, desde liquidificador, até máquinas que valiam milhares de dólares. E como se não bastasse consertar tudo, ainda na maioria das vezes fazia o serviço muito rapidamente. Era um sujeito humilde, simplório, mas muito bom no que fazia. Sua fama corria a boca pequena nas fábricas que se espalhavam pelo país.
Sua técnica? Segredo absoluto. Seus instrumentos e equipamentos de trabalho? Nada de excepcional. Uma pequena mala de ferramentas que qualquer ser humano precavido deve ter em casa. Ou seja, chave de fenda, martelo, grifo. Nada de equipamentos modernos e eletrônicos. Orgulhava-se em dizer que seus equipamentos mais modernos eram seus olhos, ouvidos, mãos e a cabeça que punha para pensar.
Eis que uma grande indústria, daquelas que não podem se dar ao luxo de ter um equipamento danificado, passou por um sério apuro. Justamente a máquina mais cara, que produzia as peças mais minuciosas e que era o centro da produção pifou. Nada a fazia funcionar novamente. A tal máquina era importada e depois da visita mal sucedida de três técnicos, um dos funcionários disse:
- Para arrumar isso aí, só o Zé do Parafuso.
O diretor quis saber de quem se tratava e pediu que o trouxessem imediatamente à fábrica. Assim, Zé do Parafuso, também famoso pela sua presteza, chegou ali pouco tempo depois. A expectativa era grande, afinal quase uma centena de homens estava parada e isso significava muito dinheiro perdido.
Zé do Parafuso perguntou como havia sido o barulho. Então, deu a volta na máquina, tocou-a carinhosamente até que seus olhos pararam em uma das engrenagens. Com um sorriso de canto de boca simplesmente agachou, tirou uma chave da mala, apertou um parafuso e ordenou:
- Liga a danada!
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Diante de homens boquiabertos e nem cinco minutos depois de ter chegado, a danada voltou imediatamente a funcionar.
O diretor radiante de felicidade, perguntou qual o valor do serviço. Mas em um segundo a alegria se transformou em indignação e perplexidade. Valor do serviço: 1.000 reais.
- Como assim? Nem cinco minutos de serviço e este caboclo me cobra 1000 reais? Ele está louco!
Ao voltar para a sala, ainda esbravejando, foi ler a nota que discriminava o serviço, escrita em uma folha de caderno toda amassada:
"Ajuste do parafuso: 1,00 real. Saber qual era o parafuso que deveria ser apertado: 999,00 reais."
O diretor, então, sorriu com a mescla de simplicidade e sabedoria daquele homem.
Conclusão
Costumo contar esta história para salientar a importância de cada um dentro da organização. A expertise deve ser valorizada e remunerada de forma justa, de acordo com a qualidade dos profissionais envolvidos. Jamais devemos minimizar a importância ou colocar preço no trabalho dos outros. Quem é bom no que faz deve ser valorizado.