Zona de conforto x Vulnerabilidade

Zona de conforto x Vulnerabilidade

O que fazer quando o lugar que você  está gera desconforto, mas sair desse lugar te causa dor?

Em 2020, tive meu primeiro acesso a um processo de mentoria, durante o percurso, comentei com meu mentor meu medo e traumas de me comunicar em público, mas meu desejo de fazer algumas coisas que necessitavam me expor e o quanto isso me gerava um enorme desconforto x dor. 


O que tenho medo que vejam se eu for eu mesma?

Shonda Rhimes


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Durante o processo ele me apresentou Brené Brown e suas obras, comecei a ler o livro, mas não engajei, achei alguns termos complexos e não quis insistir naquele momento, talvez porque aquelas palavras batiam exatamente onde estava meu desconforto,  porém o medo de sair daquele lugar ainda era maior. 


Depois comecei a ler o Ano do Sim da Shonda Rhimes, outro livro que fala do desconforto e necessidade de sair da zona de conforto, ali eu me toquei sobre o real motivo que fazia eu não falar: era o medo das críticas e julgamento alheio. 


É o resto do mundo. São todas as outras pessoas, lá fora, que ouvirão o discurso julgando e criticando. E saberão coisas a meu respeito. Não sei se quero que me conheçam, Porque… porque… nem eu me conheço de verdade ainda.

Shonda Rhimes

Ora, vejam só, meus amigos vivem dizendo que as pessoas precisam escutar minha história, tenho só 27 anos e se contar tudo que já vivi, você diria que eu tenho no mínimo 40 presa num rostinho de 20, risos, saudades dos meus 20 aninhos inclusive. 

É real, eu tive que começar a minha carreira muito cedo e isso exigiu que fizesse muitas coisas, até grandiosas para continuar me movimentando, mas também, sou capricorniana com vários planetas em capricórnio, então a gata aqui adora trabalhar, é ambiciosa e determinada. 

Sair de onde eu saí e chegar onde estou exigiu muita coragem, só hoje consigo reconhecer isso. Durante muito tempo, achei que era sorte. Ao longo do livro consegui reconhecer os movimentos que eu fiz durante a vida e novamente o desconforto me invadiu, sabe aquele nó na garganta? Pois é... 

Cada página era como um soco no estômago e o desconforto crescendo, olhei para minha vida profissional, pessoal, para o meu corpo, minha alimentação, meu guarda roupa e tudo, absolutamente tudo me incomodava. Finalizei o livro gritando “Eu não aguento mais minha vida, eu preciso mudar, preciso me organizar, meu Deus”. 

Comecei a levantar mais cedo, fazer Muay Thai, olhar para minha alimentação, buscar por materiais e desenvolvimento profissional, voltei para o inglês, comecei a jogar minhas ideias no mundo, mas novamente, a me esconder quando as coisas estavam caminhando. 


Quanto mais eu dizia “sim” para as coisas que me desafiavam, mais eu precisava sair de casa. Dizer “sim” havia me transformado daquela pequena encasulada em uma grande borboleta social.

Shonda Rhimes


Comecei a ser chamada para lives, eventos e tudo envolvia uma certa exposição. 

Novamente, o medo deu as caras. Os pensamentos me invadiram de uma maneira incontrolável. Paralisei por um instante, absorvendo aquele sentimento tão conhecido.

Afinal que ousadia né? Ser reconhecida por algo que eu estudo e trabalho tanto?

Melhor eu me esconder. 

O tempo foi passando e o desconforto ficou tão grande que qualquer medo perto dele era pequeno, nesse processo, voltei a assistir a palestra da Brene Brown, me vi ali, uma infância de cheia de de dor e humilhações (falei disso no ep do podcast), uma adolescência atravessada pelo racismo, machismo e gordofobia, só poderia estar refletindo agora na vida adulta, uma vida cheia de armaduras. 


Nossa família exige usar uma armadura por conta de problemas como racismo, machismo, preconceito de classe, ou qualquer outra liderança fundamentada em medo.

Não se pode crescer e contribuir plenamente usando uma armadura. 


Conceituando vulnerabilidade:

A coragem de ser vulnerável não se trata de vencer ou perder; se trata de ter a coragem de fazer algo quando não é possível prever ou controlar o resultado. 


Você vai tomar porrada em algum momento. Se optar pela coragem, sem dúvida alguma vai conhecer o fracasso, a decepção, o revés e até a desilusão. É por isso que se chama coragem. E é por isso que se trata de algo tão raro.

Brené Brown

O livro e a palestra vieram como um abraço, pois eu precisava fazer um reels para postar no Instagram e mostrar para as pessoas o meu novo projeto. Meu maior desejo e propósito de vida é democratizar o acesso de  informações para pessoas pretas e periféricas, de uma forma simples, leve e humana, então criei um canal para compartilhar sobre os assuntos de startup, inovação e tecnologia.

Metade das pessoas utiliza produtos e serviços de uma startup, mas nem sabe o que isso significa. 

Gravar um vídeo é importante, eu acredito na importância de colocar um rosto nos projetos, principalmente quando é voltado para mulheres pretas, além de ter a possibilidade de informar, nos humaniza e nos tira do lugar de só falar sobre racismo. 

E foi, gravei o vídeo e postei.

Veja só, gravar um vídeo e postar na internet sabendo que várias pessoas que eu não conheço podem acessar era meu maior medo, minha maior vulnerabilidade, medo de ser exposta, medo da humilhação, medo de passar vergonha ou não ser boa o suficiente para falar sobre isso. 

Contudo não gravar e postar esse vídeo me deixaria insatisfeita por estar acessando algo tão valioso e não compartilhar com as pessoas, isso fere um dos meus valores que é a colaboração, às vezes, uma simples informação pode mudar a vida de alguém. 

Novamente zona de conforto x vulnerabilidade = dor 

Postei, me tremi toda, suei frio, chorei, mas foi postado, compartilhado nas redes de outras pessoas, a página ganhou vários seguidores e muitos comentários positivos. 

Mas eu sofri, encarar minha vulnerabilidade me causou dor e sofrimento, ainda está causando. 

Só que também me mostrou o quanto é bom ser corajosa, talvez essa seja uma das coisas mais significantes que eu fiz esse ano, alcancei a coragem encarando a vulnerabilidade. 

Me expor doeu e vai doer, mas a vida acontece quando a gente se joga sem medo ou com medo mesmo, risos.

Da zona de conforto para a zona do confronto!

Qual é a sua escolha?

Meus parabéns! Muito inspirador! me ví em muitas partes de seu artigo. Obrigada por isso! ❤

Flávia Siqueira

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Deixar nossas fragilidades à mostra é realmente sinal de força e não de fraqueza, como nos ensinaram até agora. Quando um profissional reconhece seus pontos fracos de uma maneira positiva, isso incentiva os liderados. Partindo do princípio de que um líder tem como principal característica inspirar pessoas, mostrar pontos que precisa desenvolver mais mostra aos seus colaboradores que é um ser humano como eles, e que juntos podem evoluir.

Luciana Azevedo

Order Management Specialist | Digital Marketing | Project Coordinator | English | Spanish | French | Portuguese

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Parabéns pela atitude corajosa!

Matheus Gomes

Especialista em Certificação ESG na Genashtim | Analista de Certificação ESG qualificado Captação de recursos para o terceiro setor

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Influencerrr

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