A zona do “sem forto”

            Este é o último texto de uma trilogia a qual denominei individualidade evolutiva.

            No primeiro texto – O número “EU” – ressaltei a importância da consciência que devemos ter a respeito da nossa individualidade, de sermos únicos, indivisíveis, daí indivíduos.

            No segundo texto – A “dança da vaca” – o foco foi as mudanças que estão continuamente acontecendo dentro e fora de nós, isto é, abrangendo tanto o nosso Ser como o ambiente onde estamos inseridos.

            Entretanto, por mais importante que sejam estes dois fatos irrefutáveis, muitas pessoas preferem seguir vivendo dentro de suas respectivas zonas de conforto.

            E o que é a zona de conforto?

            A zona de conforto nada mais é do que pensamentos, ações e comportamentos que adotamos por costume, de acordo com nossas crenças, princípios e valores.

           Como é considerada uma barreira que impede o enfrentamento de novos desafios, a pessoa que vive em sua zona de conforto faz apenas aquilo que lhe é conhecido, fácil, cômodo e sem gasto de energia. É aquela sensação de estar “parado no tempo” em qualquer das nossas oito áreas.

            Tudo isso é responsável por deixar as pessoas que assim vivem letárgicas, inertes, reativas e confortáveis.

            Em suma, são estas pessoas que sofrem da famosa “síndrome de Gabriela”, que já tratei em texto do mesmo nome.

            Quem escolhe viver na sua zona de conforto tem algumas características, tais como:

            - é um Ser limitado, que não cresce e nem se desenvolve como um Ser Humano Integral:

            - aceita as coisas como elas são e estão, e não faz nada para muda-las; ou seja, sua Vida parece ser pacífica e inabalável:

            - é extremamente acomodado à sua rotina, vivendo um pseudoequilíbrio físicomental  entre si e o ambiente;

            - seu desempenho é constante e satisfatório, porém limitado;

            - pode se sentir seguro, embora esta sensação de segurança seja falsa, pois se algo inesperado lhe acontecer, ele “perde o chão”;

            - o seu viver é movido à inércia, isto é, sem movimentos bruscos ou inesperados.

            É como se aquela voz interior estivesse sempre “martelando” dentro de sua cabeça afirmações como “você não é capaz”, “não faça porque você vai se dar mal”, “é muita areia para o seu caminhão”, e outras com o mesmo significado.

            Sandra Betti afirma que as principais causas que fazem as pessoas permanecerem em suas respectivas zonas de conforto são:

            - preguiça

            Quando o indivíduo sente cansaço, falta de energia, apatia, desinteresse, depressão, ansiedade, culpa, desmotivação ou tudo ao mesmo tempo;

            - soberba

            Quando ele não sente necessidade de aprender nada onde aprimorar-se, por achar-se pronto, “brilhante” e perfeito (sídrome do copo cheio”);

            - medo

            Quando tem receio de enfrentar os próprios medos: medo do desconhecido, dos riscos, das incertezas, do que pode acontecer, de perder o controle ou do que os outros possam pensar;

            - miopia

            Quando não se tem claro os impactos e as consequências da algumas atitudes e comportamentos em nossas Vidas, no médio e longo prazos.

            E ela também descreve as consequências de se permanecer neste estado:

            - desperdício do próprio talento

            Processo de autossabotagem... Apesar da pessoa ter muito potencial, não consegue otimizá-lo nem transformá-lo em performance (como uma mina de diamantes lacrada, inexplorada e improdutiva);

            - impactos negativos na carreira, na imagem e na empregabilidade.

            Ao invés da pessoa ter uma carreira ascendente e bem sucedida, fica estagnada ou até involui profissionalmente.

            - prejuízos à saúde

            Pode acarretar prejuízos à saúde (sedentarismo, obesidade ou dependência química), ao intelecto (perda de memória, do raciocínio e da agilidade mental), à psique (imaturidade, dependência, insegurança e áreas cegas) e à dimensão espiritual (falta de altruísmo, de senso de propósito e da capacidade de ajudar as pessoas).

            - prejuízo ao autoconhecimento

             Pode fazer com que se invista pouco no autoconhecimento, que está ligado a aprender, a mudar nossos comportamentos, a evoluir e a buscar o sucesso.

                           Zona do “sem forto” = mudanças constantes

            Para viver fora da zona de conforto precisamos nos autoconhecer e termos a consciência que mudanças ocorrem constantemente em nossas vidas, como afirmei no início deste texto.

            E mais, a responsabilidade por este processo é toda nossa. Cada um de nós tem o poder de escolher entre permanece na sua zona de conforto ou alçar voo próprio e se tornar o dono da sua própria vida e da sua própria felicidade.

            Eu sei que existirão situações que farão você, algumas vezes, retornar à sua zona de conforto, principalmente quando decisões para ações a serem tomadas requererem mais tempo para uma análise mais profunda.

            Posso falar por mim mesmo. Tenho plena consciência que, ao decidir mudar, buscar um novo caminho profissional e administrar mais meu tempo, minhas emoções e equilibrar melhor minhas oito áreas, notei que:

            - tenho muito mais satisfação em ser o protagonista da minha própria Vida, vivendo mais plenamente o presente, o aqui e agora;

            - minha Qualidade de Vida Integral tem se traduzido em melhorias das minhas oito áreas;

            - aprendi com os erros do passado, e este aprendizado se tornaram lições, duras até, mas que me mostraram que não existem limites para a mente humana;

            - certamente, com todo este processo interior e por vontade própria, desenvolvi novas habilidades, as quais me fizeram crescer e me desenvolver como indivíduo;

            - meu trabalho, tanto como dentista, como palestrante e consultor, tornou-se muito mais prazeroso, o que me faz seguir adiante e de forma muito mais feliz.

            - Mas como sair da zona de conforto?,  você pode estar se perguntando.

            Se você realmente quiser, você pode seguir algumas orientações:

            1 – Busque sempre o autoconhecimento e perceba que você é muito maior do que pensa ser.

            2 – Assuma que você não é perfeito e que não nasceu pronto. Enfrente suas fraquezas, seus medos, suas limitações, suas emoções negativas e transforme-as em seus opostos. Isto servirá de uma força motriz muito grande para começar a mudar e a entrar na zona do “sem forto”.

            3 – Por menor que seja a mudança, aos poucos, ela se transformará em uma grande mudança.

            4 – Tenha o hábito de comemorar os resultados alcançados, sejam eles grandes ou pequenos.

            5 – Busque ajuda se esta se fizer necessária.

            6 – Como sair da zona de conforto pode ser algo difícil no início, de um passo de cada vez. Caminhe aos poucos. Assim você não se autopressionará e nem ficará estressado por querer atingir os resultados de uma hora para outra.

            7 – Quando você atingir aquilo que você se propôs, é natural que haja um acomodamento. Yes! Consegui! Mas, cuidado. Não se iluda, porque isto pode se transformar novamente em outra zona de conforto.

            Eugenio Mussak, em seu texto Líderes e transformações, afirma que os “promotores de mudanças” são:

            - inconformismo significa não estar conforme, não concordar com uma situação estabelecida, Os inconformados são os que mais incomodam os outros, mas também são eles que provocam as melhores mudanças.

            - coragem – sem esse atributo, ninguém promove mudanças. As pessoas, por princípio, resistem a elas, que ameaçam a situação atual, que – mesmo que não seja a ideal, é a conhecida.

            - persistência – sem persistir, não adianta nem ser corajoso, pois as mudanças dificilmente são estabelecidas rapidamente. Demandam tempo. É necessário o tempo do entendimento, da assimilação, da aceitação e da ação.

            - criatividade – sair do ponto A é uma coisa, chegar ao ponto B é outra coisa. O A eu já sei qual é, o B precisa ser criado. Sem o poder criativo ninguém vai prestar atenção ao seu inconformismo.

            - relevância – a ideia nova tem que ser relevante, ou seja, tem de ser necessária, boa útil, ética, senão não tem coragem nem persistência que deem jeito. Ninguém quer sair de uma situação  e ir para outra pior.

            E ele conclui que “a mudança pode ser difícil, lenta, traumática, incompreendida, e até, equivocada.”

            Lembre-se sempre que o Ser Humano é o único Ser na natureza que tem a possibilidade de fazer escolhas.  E você é quem tem este poder. Portanto, permanecer ou não na zona de conforto só vai depender única e exclusivamente de você.

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