Teresa Ruas - Vida de Prematuro

Por Teresa Ruas

Doutora em Ciências da Saúde, especialista em desenvolvimento infantil, fundadora do @prematurosbr e mãe de dois prematuros

 


Inicio esse texto com uma frase extremamente significativa de Rita Lee: “se for para reencarnar novamente aqui na Terra vou querer ser MULHER.” Mulheres, MÃES, trabalhadoras, esposas, companheiras, amantes da vida, aprendizes da maternidade, exaustas pela rotina, lutadoras por mais equidade, intensas na expressão dos sentimentos. Mulheres mal compreendidas, patologizadas diante da expressão de suas almas, que ficam felizes com abraços apertados de seus filhos, que são afirmativas em suas trajetórias, “resolvedoras” oficiais de problemas cotidianos e existenciais, amigas, rede de suporte afetiva, que têm sororidade e tantas identidades expressas, além de afetos pela trajetória da vida, marcas existenciais em seus corpos e almas e tantas labutas travadas por ser mulheres e aprendizes pelo maternar. É impossível, pelo menos, não sentirmos muito orgulho de sermos MULHERES!

Diante de nossa rotina diária e intensidade afetiva para expressar a nossa verdadeira alma e identidade de MULHERES, a exaustão acorda todos os dias com a gente, não é mesmo? Creio que a exaustão materna só irá ser um pouco mais bem compreendida e diminuída quando a sociedade, estado e governo compreenderem, por exemplo, que é urgente que a parentalidade seja tecida e construída nas relações entre pais e filhos, nas políticas públicas, nos espaços de trabalho, nas demandas escolares e sociais que surgem quando temos filhos. Não é um contexto de maternidade e paternidade apenas. É um contexto muito mais integrado. Estamos lutando por uma realidade social da parentalidade.

A diversidade na tribo do maternar deveria ser mais respeitada e menos julgada — Foto: Freepik
A diversidade na tribo do maternar deveria ser mais respeitada e menos julgada — Foto: Freepik

Além disso, exaustão materna não tem nada a ver com a falta de interesse, desejo e sentimentos pela maternidade. Afirmar e explicar o que de fato significa essa exaustão diante de nossas labutas e batalhas diante da nossa caminhada sendo mulheres, mães e aprendizes da vida têm sido bem cansativo. No entanto, só espero que jamais se torne um clichê, porque ainda temos muitas batalhas pela frente. Por exemplo, lutar pela licença-paternidade estendida e não apenas por cinco dias dias; garantir o acesso à licença para os casais homoafetivos quando adotam uma criança; compreendermos o verdadeiro significado de parentalidade; exercermos uma rede de suporte a outros pais sem julgamentos; ser possível chorar ou sorrir diante de nossos percalços e conquistas, sem medo do outro; ser possível permear por várias “tribos”, sem a necessidade de demarcar a nossa “única” identidade; ser possível expressar a nossa diversidade e múltiplas facetas, por sermos mulheres e mães coroadas por diversos contextos e determinantes sociais, culturais e afetivos.

A diversidade na tribo do maternar deveria ser mais respeitada e menos julgada. A empatia deveria ser mais real. Sabe aquele olhar sincero? Aquele abraço apertado, sem frases longas e moralistas? Aquele almoço preparado para uma mulher em puerpério e amamentando? Aquela gargalhada alta de nervoso e culpa, diante de nossos erros com os filhos? Aquele comentário sobre o nosso companheiro (a), que não necessita de nenhuma explicação? Aquele carrinho de supermercado cheio de chocolates e besteiras cheias de gorduras e açúcares? Aquele dia de total amnésia dos vários compromissos e reuniões escolares? Aquela falta de libido? Aqueles sintomas de menopausa? Aquelas birras gigantescas de filhos pequenos? Aquelas crises existenciais de nossos filhos adolescentes? Aquela tristeza profunda, diante do não saber para qual direção tomar? Tenho certeza de que vocês leitoras sabem muito bem descrever os sentimentos que sentiram e sentem quando é a verdadeira empatia que direciona a ação do outro, para nos acolher, diante dessas ocasiões mencionadas anteriormente. E também, quando acontece o contrário: o não acolhimento.

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Ser MULHER, MÃE, gestante de risco, mãe de UTI neonatal, mãe solo, desempregada, escolher não ter filhos, ser trabalhadora vai nos requerer resiliência. Resiliência que pode gerar dor e amor. Tamanha dor, mas também amor e ORGULHO por todas as escolhas traçadas e trajetórias percorridas até aqui. A “falácia” social e familiar pode até não entender o motivo de nossas escolhas, marcas existências, dores; mas se o nosso próprio coração conseguir pulsar a verdade e real empatia para nós mesmas, iremos continuar acordando todos os dias com nossa intensidade afetiva e com a força do feminino para driblar as possíveis exaustões físicas e emocionais que demarcam cada fase de nossas vidas, de nossos filhos, de nossos problemas e ainda da grande falta de rede de suporte para a compreensão mais significativa do que de fato é SER MULHER E MÃE.

No entanto, acreditar que a força do amor pode curar e transformar realidades, vidas e contextos é o que mantém muitas mulheres resilientes, unidas, formando redes de apoio e transformando as dores em afetos, assim como as mães de prematuros fazem e sentem para conseguirem viver um dia de cada vez e enfrentarem as diversas realidades que a prematuridade impõem a suas famílias e filhos.

Com muito afeto, empatia e respeito por todas as mulheres e mães, Teresa Ruas

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