Histórias
 


Quando sai de casa para o trabalho, a tenente-coronel Karla Lessa (@karlalessa.oficial), de 41 anos, não sabe como seu dia vai terminar. Em 2019, ela, que é a pilota do helicóptero de resgate do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, estava almoçando no refeitório da corporação quando recebeu um chamado sobre o rompimento de uma barragem em Brumadinho.

A profissional, que mora em Belo Horizonte, e sua equipe foram os primeiros a chegar ao local da tragédia que tirou a vida de 270 moradores. “Era um cenário de devastação. Árvores caídas e muita lama”, lembrou Karla, em entrevista exclusiva à CRESCER. Enquanto sobrevoava a área do desastre, os profissionais conseguiram resgatar duas mulheres e encaminhá-las para atendimento médico.

Karla é pilota do helicóptero de resgate dos Bombeiros — Foto: Reprodução/Instagram
Karla é pilota do helicóptero de resgate dos Bombeiros — Foto: Reprodução/Instagram

Em sua trajetória profissional, a mineira coleciona diversas situações de emergências envolvendo adrenalina e perigo. No entanto, há um ano e nove meses, Karla se aventurou em um novo desafio: a maternidade. A chegada do pequeno Murilo transformou sua vida. Ela, então, precisou usar suas habilidades para lidar com outros tipos de situações. “Procuro viver um dia de cada vez da melhor forma. Não sou perfeita, mas, a cada manhã, tenho a oportunidade de fazer diferente”, disse. “Sem dúvida, a maternidade é muito mais desafiadora do que pilotar. A pilotagem tem livro de instruções; a maternidade não tem receita”, complementou.

A carreira

A jornada de Karla no Corpo de Bombeiros de Minas Gerais começou em 2000. Aos 18 anos, após uma palestra em sua escola, ela se interessou por um concurso público para oficiais. E a mineira foi aprovada. Mas seu início de carreira não foi fácil. Ao longo de quatro anos de formação, ela passou parte do tempo na academia, estudando por muitas horas para atividades que exigiam bom preparo físico e intelectual.

Karla assumindo o comando da corporação — Foto: Arquivo pessoal
Karla assumindo o comando da corporação — Foto: Arquivo pessoal

Em 2009, ela começou a integrar a equipe de pilotos e, em 2015, se tornou a primeira mulher comandante de helicóptero do Corpo de Bombeiros do Brasil. “É uma responsabilidade. Quero servir de exemplo e incentivar outras mulheres na profissão”.

Ao chegar em um ambiente predominantemente masculino, Karla ainda enfrentou preconceitos por ser uma mulher. “Brincadeiras machistas podem surgir no ambiente de trabalho. Então, lidar com isso, em alguns momentos, foi desafiador”, admitiu. Felizmente, as mulheres vêm ocupando cada vez mais esses espaços e promovendo ações para combater o machismo dentro das corporações. “Todos os anos, fazemos encontros de bombeiras militares para tratar de assuntos que estão no contexto da nossa atuação”, destacou.

Karla é a primeira mulher comandante de helicóptero do Corpo de Bombeiros do Brasil — Foto: Reprodução/Instagram
Karla é a primeira mulher comandante de helicóptero do Corpo de Bombeiros do Brasil — Foto: Reprodução/Instagram

De frente com o perigo

Lidar com as emoções durante os atendimentos também foi um grande desafio para Karla. A tenente-coronel ainda se lembra do dia em que foi acionada para salvar seus próprios colegas de profissão. Na ocasião, uma equipe tinha sido direcionada para abastecer uma aeronave no sul de Minas Gerais quando colidiu com outros veículos. “O caminhão de combustível começou a vazar e um dos passageiros ficou preso nas ferragens. Quando fomos acionados, sentimos a tensão na voz do companheiro da corporação. Ter que lidar com pessoas muito próximas no atendimento envolve uma preparação e uma concentração muito grande”, destacou a mineira.

Karla em ação — Foto: Reprodução/Instagram
Karla em ação — Foto: Reprodução/Instagram

Em outro momento, foi a própria Karla que enfrentou o perigo de perto. Enquanto pilotava fazendo buscas de pessoas desaparecidas levadas pela água na região do leste mineiro, ela vivenciou um dos seus piores pesadelos. “Estávamos procurando uma avó e duas crianças. Avistamos uma pedra e parecia uma pessoa deitada de bruços. Quando estávamos próximo do local, vimos uma fiação e, de repente, o tripulante alertou: abaixa, abaixa!”. Segundo a tenente-coronel caso a aeronave tivesse colidido, o risco de acidente era muito alto. “Quando tenho sensação de quase morte, meu cérebro processa a informação muito rapidamente. Em fração de segundos, começo a pensar nas repercussões que o acidente poderia ter”, revelou.

Longe dos voos

Quando a maternidade chegou, Karla reuniu férias, licença-maternidade e licença prêmio para poder se dedicar inteiramente ao filho durante um ano e seis meses. “Esse período foi muito importante para mim. Foi muito gratificante e isso vai impactar a vida inteira do Murilo”, disse. Ao voltar para o trabalho, Karla contou com a rede de apoio da sua família e também da escola. “Foi imprescindível para a minha volta com tranquilidade”, conta.

Assim que voltou à corporação, a tenente-coronel admite que se sentiu diferente. Afinal, a maternidade transforma. “Sou uma pessoa mais equilibrada, calma e resistente. Consigo enxergar com prismas que antes não tinha a capacidade de ver".

Karla e o filho Murilo — Foto: Arquivo Pessoal
Karla e o filho Murilo — Foto: Arquivo Pessoal

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