Ana Hikari, de 29 anos, está no ar como a Mila de Família É Tudo, novela das sete da Globo, e desabafou sobre uma situação que viveu com um colega de trabalho, nessa terça-feira (18), quando foram comemorados os 116 anos da imigração japonesa no Brasil. A atriz contou que foi chamada de "japonesa" por outro funcionário que estava no set, e comentou como isso é algo que incomoda a ela e a outros descendentes de imigrantes asiáticos.
"Hoje, no trabalho, fui chamada de japonesa na empresa que trabalho há sete anos, e onde todos sabem o meu nome. São 116 anos imigração japonesa, 116 anos que os primeiros japoneses chegaram no Brasil e escolheram esse país para ser seu novo lar. Tem mais de 100 anos que meus avós maternos se mudaram para o Brasil e se naturalizaram cidadãos brasileiros. Minha mãe nasceu aqui, ela é brasileira. Eu nasci aqui, sou brasileira", começou ela.
A artista também contou que a família paterna não tem descendência asiática, mas, mesmo assim, parte da população não a considera brasileira. "Ainda assim, 116 anos dos meus antepassados receberem o direito de serem cidadãos em outro país, 29 anos depois de eu nascer brasileira, ainda sou obrigada a ouvir me chamarem de japonesa", ponderou.
A atriz contou que situações como essa já aconteceram outras vezes esse ano, e disse que ascendentes de asiáticos "ainda são vistos e tratados como estrangeiros no próprio país."
"Numa empresa que trabalho há sete anos ainda tem gente que me chama pela 'raça' e não pelo nome. Até podia chamar pelo nome da minha personagem, que em uma gravação todo mundo sabe e está tudo certo, mas nem isso", desabafou.
"Chamar alguém de japa é só jogar os seus preconceitos sobre o que você imagina de uma 'pessoa japonesa' em cima de alguém amarelo e ignorar que ela também pode ser de origem chinesa, coreana, taiwanesa, etc. Você está basicamente ignorando a individualidade daquele pessoa, o nome dela, a origem dela, a nacionalidade dela, jogando ela num bolinho de gente que você imagina que ela é ou deve ser", disse Ana.
"Vou te contar um segredo: ignorar individualidade de alguém baseado em pré-conceitos pautados na raça também pode ser delicadamente chamado de racismo", concluiu a atriz.s