Brazil China Meeting
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Por Lauro Veiga Filho — Para o Valor, de Goiânia


O mercado chinês assumiu nas últimas décadas um papel estratégico para o agronegócio brasileiro, saindo de uma participação de apenas 2,73% como destino das exportações do setor, em 2000, para 36,1% no ano passado, percentual mais elevado na série histórica do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Desde 2013, lembra Sueme Mori, diretora do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a China tornou-se o principal destino das exportações do setor. “Há sem dúvida uma associação muito forte entre o ganho de relevância do Brasil no cenário externo, assim como de nossas exportações e o aumento das compras da China”, comenta.

Numa perspectiva histórica, prossegue Mori, em 2000, as vendas do setor destinadas à China aproximaram-se de US$ 561,5 milhões, representando 2,73% das exportações totais do agronegócio, com a União Europeia respondendo por 36,4% da pauta. No ano passado, a fatia do mercado europeu havia recuado para 13%, correspondendo a pouco mais de um terço da participação assumida pelos chineses então. Segundo dados oficiais, detalhados pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Roberto Perosa, as vendas externas do agronegócio como um todo avançaram algo próximo 4,8% no ano passado, de US$ 158,8 bilhões para o recorde de US$ 166,5 bilhões, registrando um acréscimo equivalente a US$ 7,68 bilhões.

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No mesmo período, prossegue ele, as vendas externas de produtos de base agropecuária para a China elevaram-se de US$ 50,7 bilhões para um recorde de US$ 60,2 bilhões, num crescimento de 18,8% ou US$ 9,53 bilhões a mais. Tudo somado, excluindo-se as compras chinesas, as exportações do agronegócio para os demais países recuaram ligeiramente de US$ 108,1 bilhões para US$ 106,3 bilhões, em baixa de 1,70%.

Mori pondera que persiste uma concentração expressiva na pauta externa do agronegócio, o que não refletiria nem a capacidade de produção e nem a diversidade da agropecuária brasileira. A soja em grão respondeu no ano passado por praticamente dois terços da pauta com os chineses, uma vez que 73,1% da oleaginosa exportada pelo país, em volume, teve a China como destino final, acrescenta Francisco Carlos Queiroz, da Consultoria Agro do Itaú BBA. “Nos últimos quatro ou cinco anos, em média, a China tem absorvido em torno de 70% das nossas exportações do grão”, diz.

A decisão do governo chinês de abrir o mercado para importações de milho transgênico, no fim de 2022, levou a um “boom” dos embarques brasileiros para aquele destino, elevando a participação do país asiático de menos de 3% para perto de 29% de todo o milho exportado pelo Brasil, conforme Queiroz. O salto contribuiu para impedir que os preços do grão, aqui dentro, caíssem ainda mais, diante da safra recorde colhida pelo país, considera o analista. “O mercado chinês também foi a salvação para o boi gordo”, emenda Cesar Castro Alves, consultor do setor agro do Itaú BBA.

As exportações para aquele mercado vinham em baixa até novembro do ano passado, mas experimentaram níveis históricos em dezembro, o que fez com que o balanço do período fosse positivo, considerando que a China foi o destino de 60,4% da carne bovina in natura exportada pelo Brasil.

As vendas externas do produto in natura avançaram levemente entre 2022 e 2023, saindo de 2,5 milhões para 2,6 milhões de toneladas de carcaça equivalente. Incluindo miúdos e carne bovina industrializada, de acordo com Alves, o crescimento atingiu perto de 5,7%, com as exportações evoluindo de 3 milhões para 3,2 milhões de toneladas.

A expectativa de quebra na safra de milho tende a afetar negativamente as exportações esperadas para este ano, conforme Queiroz, mas os embarques de carnes podem registrar algum avanço, na previsão de Alves. Como novidade, embora ainda em proporções reduzidas, as exportações de café para a China, que saltaram mais de 200% no ano passado, para algo em torno de 1,3 milhão de sacas, ou cerca de 4% do total embarcado, podem trazer números positivos para este ano, antecipa Alves.

O aumento da demanda por alimentos, associado ao avanço da renda média naquele país e ao crescimento demográfico, sugere Mori, deve continuar favorecendo as exportações brasileiras. Segundo ela, nota-se uma preocupação muito grande do governo chinês em relação à segurança alimentar, que ao mesmo tempo busca reduzir a dependência de fontes de suprimento.

Em tempos de tensões geopolíticas, a boa relação construída com os chineses, sua dependência de importações de alimentos e a capacidade de produção do agronegócio brasileiro alimentam expectativas positivas em relação ao desempenho das exportações, avalia a diretora da CNA, para quem que o Brasil tem condições de exportar muito mais do que exporta hoje.

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