A Âmbar, empresa de energia do grupo J&F, concluiu a aquisição da termelétrica a gás natural Araucária (Uega) por R$ 395 milhões. O ativo pertencia à Companhia Paranaense de Energia (Copel) e à Petrobras, com participações de 81,2% e 18,8%, respectivamente. A Âmbar viu a oportunidade de capturar um prêmio num ativo que a Copel não queria mais.
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A planta é movida a gás natural, mas existe a possibilidade de convertê-la para um combustível mais limpo. Ao Valor, o diretor-presidente da Âmbar, Marcelo Zanatta, explica que a aquisição vai ao encontro do plano de investimento da empresa na América do Sul, onde detém poços de petróleo e gás na Argentina e na Bolívia.
“Vamos avaliar usar a usina de Araucária no leilão de reserva de capacidade, do governo federal. Uma segunda opção é se mantê-la como uma usina ‘merchant’ [sem contrato e que tem como principal característica a venda de energia exclusivamente no mercado de curto prazo] ou até mesmo encaixá-la em algum modelo de negócio para algum cliente”, diz Zanatta.
A alienação da usina estava alinhada ao plano de desinvestimento da Copel, que controlava o ativo, mas buscava a descarbonização da matriz de geração, e permitirá que a antiga estatal concentre seus esforços no segmento de distribuição de energia, seu principal negócio, e em ativos de geração renovável.
“A Copel enxerga muito valor em ter uma matriz de geração 100% renovável, focada em hidráulica, eólica e Solar. O desinvestimento da Uega faz parte dessa estratégia e é o movimento mais relevante neste sentido. Isso faz parte da visão 2030 da companhia que está sendo executada de forma antecipada”, afirma o CEO da Copel, Daniel Slaviero.
Com capacidade instalada total de 484 megawatts (MW), a usina entrou em operação em 2002 e tem posição estratégica, já que está próxima ao gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) e de uma refinaria da Petrobras, além de desempenhar um papel importante na produção de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN), próximo a Curitiba, um grande centro consumidor de energia.
O grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, tem feito uma série de investidas no setor de energia. Em setembro de 2023, a empresa fechou um acordo com a Eletrobras para vender linhas de transmissão e comprar a usina a carvão de Candiota 3. Mais recentemente, a empresa entrou no setor de óleo e gás com a compra da Fluxus, na Argentina, e da Pluspetrol Bolívia e entrou em cogeração a biomassa ao adquirir uma usina da Engie.
A Copel segue com objetivo de descarbonizar suas operações. A empresa tem ainda no portfólio a usina a carvão de Figueira, de 20 MW, que representa menos de 1% de sua potência instalada, e controla a Compagas, empresa de distribuição de gás, em sociedade com a Mitsui e a Commit. Ambos ativos estão à venda.
Já a Petrobras informou em fevereiro que decidiu pelo exercício do direito de ‘tag along’ (venda conjunta) para venda da sua participação de 18,8% no capital social da sociedade com a Copel.