Crise climática ficou de lado no debate entre Trump e Biden

Trump brilhou mentindo e Biden foi opaco falando a verdade durante o embate na TV americana

Por , Valor — São Paulo


Primeiro debate presidencial de 2024 nos EUA, entre Trump e Biden AP Photo/Gerald Herbert

A crise climática foi mais citada no intervalo do primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump do que em seus 90 minutos de duração. No palco, Trump brilhou mentindo e Biden foi opaco falando a verdade.

Um resultado temerário, considerando-se a emergência climática e a importância da eleição presidencial dos EUA para o futuro de todos, americanos ou não.

Em março, o site britânico Carbon Brief estimou que uma eventual vitória de Trump em novembro significaria mais de 4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) até 2030, nas emissões dos EUA. Isso é o equivalente às emissões anuais combinadas da União Europeia e do Japão.

Questionado se tomaria alguma medida para combater a mudança do clima em seu governo, Trump não respondeu. Seguiu atacando Biden sobre a pergunta anterior, da suposta decepção dos eleitores negros com promessas não cumpridas pelo atual governo.

A jornalista Dana Bash, da CNN, repetiu a pergunta. Trump então disse querer “água absolutamente limpa” e “ar absolutamente limpo”. Reduziu o maior desafio da humanidade a um desejo pueril para, na sequência, mentir. “E os tivemos. Tivemos os melhores números de todos os tempos”. Seguiu: “Usamos todas as formas de energia”. E mentiu novamente: “Durante os meus quatro anos, tivemos os melhores números ambientais”.

Nos primeiros anos do governo Trump, as emissões de gases-estufa efetivamente caíram 0,5%, mas em ritmo mais lento do que no mandato de Barack Obama. Depois, em 2020, caíram vertiginosamente, mas em função da desaceleração da economia na pandemia.

A gestão Trump anulou mais de 100 normas e regulamentações ambientais que haviam sido implementadas por Barack Obama. Desmontou a agência ambiental do país, a lendária EPA, e fez o que pode para seguir com as minas de carvão.

Biden rebateu: “Não sei por onde diabos você andou”. O democrata seguiu: “Aprovei a maior legislação climática da história” referindo-se à Lei de Redução da Inflação, o IRA.

“Disse que fez algo para ter a água mais limpa?”, questionou Biden, manifestando surpresa. “Ele não fez coisa alguma pelo ambiente”. Lembrou que Trump saiu do Acordo de Paris. “Eu voltei imediatamente”.

Trump recorreu a novas mentiras para se defender. Disse que saiu ao notar “que pagaríamos um trilhão de dólares e a China, a Rússia e a Índia, nada. Eu não queria ter que gastar aquele dinheiro enquanto ninguém pagaria. E seria um desastre”.

Biden lembrou a responsabilidade dos EUA, “um dos maiores poluidores do mundo” e disse que “não viu nenhuma indicação que Trump tivesse qualquer preocupação com poluição e clima”.

Trump, momentos antes, havia acusado o oponente de causar inflação e mencionou, com desdém “com aquele novo esquema verde”.

A emergência climática teve mais espaço no intervalo, antes do debate, quando o meteorologista da CNN Derek Van Dam disse que o mês de maio foi o mais quente dos meses de maio nos registros e falou dos recordes de anos quentes sendo batidos ano após ano.

Os EUA vivem atualmente dias com enchentes e forte onda de calor. O verão, no calendário, apenas começou.

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