Visão para 2030 da Arábia Saudita inclui expansão do setor imobiliário

Gautam Sashittal, executivo que lidera o maior empreendimento urbano de Riad, encara com otimismo as perspectivas do reino saudita

Por — Do Rio


Gautam Sashittal, diretor-presidente da KAFD DMC, empresa que gere o maior empreendimento urbano de Riad Foto: Leo Pinheiro/Valor

A Arábia Saudita vive um período de grande expansão econômica, movimento que tem impulsionado o setor imobiliário do país. O diretor-presidente da empresa de desenvolvimento e gestão do Distrito Financeiro King Abdullah (KAFD DMC), Gautam Sashittal, que lidera o maior empreendimento urbano de Riad, capital do reino saudita, encara o cenário com otimismo, sobretudo quando colocado em perspectiva.

“É um dos países que mais crescem no G20, a Arábia Saudita é a 19ª maior economia do mundo e a maior da região do Oriente Médio, com mais de 70% da população abaixo de 30 anos. As perspectivas são enormes”, disse Sashittal ao Valor no FII Priority Summit, encontro internacional de líderes e executivos no Rio.

Enquanto a China, a segunda maior economia do mundo, vê a maré virar com o seu mercado imobiliário em crise, a Arábia Saudita surfa uma onda favorável. O país, reconhecido por ser um “petro-Estado”, com as maiores reservas da commodity energética no mundo, aposta na diversificação, buscando estreitar laços com parceiros, como o Brasil, e abrir novas frentes de investimento.

Sashittal destacou que o reino saudita está colocando mais de US$ 1 trilhão em diferentes investimentos, tendo no horizonte o cumprimento dos objetivos da chamada “Visão 2030”, plano nacional que prevê o desenvolvimento em várias áreas - entre elas, moradia. A expansão se dá, por exemplo, com um programa habitacional lançado em 2018, que vem aplicando o acesso ao financiamento diante da meta de que 70% das famílias possam ter casas próprias até 2030.

Além de suprir o déficit habitacional na Arábia Saudita, os novos projetos também têm o intuito de criar novas oportunidades de investimento, de emprego e de comunidades mais fortes, de acordo com o plano nacional.

“O setor imobiliário está indo extremamente bem na Arábia Saudita. Vemos essa atração no KAFD, por exemplo, como o maior empreendimento vertical da cidade. Temos organizações governamentais, ministérios e empresas internacionais chegando e se instalando no KAFD e em Riad”, disse Sashittal. De acordo com o executivo, o distrito é mais do que um centro de negócios. “É uma cidade dentro de uma cidade” e uma proposta de um estilo de vida.

“Não somos apenas um distrito financeiro. Estamos criando um ecossistema de negócios que também tem serviços financeiros como parte de sua oferta. Mas o mais importante é que, para as residências, estamos criando esse estilo de vida diferente, a vida vertical aberta, onde as pessoas vivem em apartamentos, criando uma comunidade”, destacou.

Fundado em 2007, com uma estimativa de custo de cerca de US$ 7,8 bilhões, o distrito pertence e é administrado pela KAFD DMC, companhia criada em 2018 como uma subsidiária do Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita. O local era anteriormente administrado pela Corporação de Investimento Rayadah, em nome da Autoridade de Pensões do Reino da Arábia Saudita.

Segundo Sashittal, o distrito oferece cinco classes de ativos: escritórios, residências, varejo, hotéis e entretenimento. Com 95 edifícios e apenas uma parte do banco de terrenos construída, a perspectiva é que novas edificações surjam no futuro. Mas, por enquanto, o foco é a entrega dos empreendimentos que estão sendo finalizados.

“Há uma lista de espera muito longa. Estamos vendo muitas pessoas que alugaram escritórios no KAFD que também querem morar lá”, contou Sashittal. De acordo com o executivo, são 14 mil pessoas trabalhando no distrito e, nos próximos 12 a 18 meses, o número pode crescer para 60 mil. Os principais inquilinos englobam a petrolífera estatal Saudi Aramco, Goldman Sachs, BNP Paribas, PepsiCo e Pfizer Saudi, além de integrantes do governo e executivos.

O empreendimento foi projetado como uma cidade vertical interconectada, com a proposta de que os habitantes estejam a 10 minutos de vários serviços usando transporte integrado, 24 horas por dia e 7 dias por semana.

O executivo também destacou que a empresa está investindo “muito esforço e dinheiro” em opções de sustentabilidade. “Estamos falando sobre reaproveitamento de água, sobre saídas ecológicas e sobre usar a tecnologia para que passe da manutenção reativa para a preventiva”, disse.

Mais recente Próxima Expectativa é de aumento dos investimentos

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