Mobilidade Sustentável
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Por Movimento Mobilidade Sustentável

Na busca por soluções contra as mudanças climáticas, a descarbonização do setor de transportes se tornou uma prioridade em todo o mundo. Já é consenso que é preciso continuar avançando na substituição dos combustíveis fósseis, altamente poluentes. No Brasil, o etanol já substitui 48% da gasolina consumida no país, e muitos outros países caminham nessa direção, como Estados Unidos e mais recentemente a Índia. Para substituição do diesel, já temos o biodiesel e de forma crescente surge agora o biometano, combustível idêntico ao já conhecido gás natural, com exatamente as mesmas propriedades porém produzido a partir de resíduos sólidos da agroindústria ou até mesmo do lixo residencial orgânico. Trata-se da captura e uso de um gás que já iria para a atmosfera naturalmente no processo de decomposição desses dejetos, um processo que gera um ganho ambiental duplo.

Testes recentes demonstram que os motores mais modernos movidos a biometano - semelhantes aos adaptados para rodar com GNV, vendido nos postos de todo o Brasil - reduzem em até 96% as emissões de CO2 em comparação aos equivalentes movidos a combustíveis fósseis. "Isso sem considerar as emissões evitadas", afirma Gabriel Kropsch, vice-presidente da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás).

De acordo com o executivo, estudos preliminares indicam que a captura desses gases possibilita um ganho de até 400% em relação à gasolina ou o diesel, o que faz do biometano um combustível carbono negativo. "Esses gases, que até então eram perdidos, agora são aproveitados para gerar energia. Mais do que reduzir as emissões, o biometano tem a capacidade de limpar a atmosfera."

Apesar de recente - o biometano foi regulamentado no Brasil somente em 2020 - a tecnologia vem crescendo rapidamente no País. Somente neste ano, 45 novas usinas foram inauguradas, o que resultou em um incremento de 37% na produção. As perspectivas para os próximos anos, porém, são ainda mais otimistas. De acordo com a ABiogás, a produção de biometano deve saltar dos atuais 500 mil m3 por dia para 30 milhões de m3/dia até 2030.

"Hoje temos poucas e pequenas usinas produzindo. Mas já existem empresas de grande porte entrando no segmento. Teremos investimentos próximos de R$ 50 bilhões até 2030", diz o executivo, destacando a competitividade do combustível renovável. Segundo ele, o custo de produção do biometano é hoje muito próximo ao do gás natural.

São Paulo e Rio de Janeiro lideram hoje a produção de biometano no Brasil, com uma capacidade instalada de produção próxima de 200 mil m3/dia cada. No entanto, outros estados, como o Ceará, também vêm avançando na área. Atualmente, entre 20% e 30% do gás encanado distribuído em Fortaleza já é renovável. No Rio, mais de 30 postos de combustíveis já vendem biometano. Já em São Paulo, o uso é majoritariamente industrial.

Pré-sal caipira

O potencial de geração de energia a partir do biogás no Brasil é tão grande que as lavouras no interior do País já vem sendo chamadas por muitos especialistas de "pré-sal caipira". Dados da ABiogás estimam que seria possível produzir até 121 milhões de m3 por ano, sendo 57,8 milhões de m3 oriundos do setor sucroenergético, 38,9 milhões m3 da produção animal e 18,2 m3 milhões das demais atividades agrícolas. Mais do que isso, o potencial de geração de energia a partir do lixo também poderia superar os 6 milhões de m3 por ano, trazendo um benefício ambiental ainda maior. Todo esse biogás seria capaz de gerar 19 GW de energia elétrica renovável, ou quase o equivalente a duas usinas de Itaipú.

"O potencial do biometano é gigantesco. Para se ter uma ideia do que esse volume representa, o gasoduto Brasil-Bolívia entrega cerca de 30 milhões de m3 de gás natural por dia. A produção de biometano a partir dos resíduos pode gerar um volume quatro vezes maior", afirma Plinio Nastari, presidente do IBIO, Instituto Brasileiro de Bioenergia e Bioeconomia, e um dos principais especialistas brasileiros no tema.

Além disso, a popularização da tecnologia não dependerá de incentivos governamentais visto que os próprios mecanismos de mercado deverão estimular o crescimento do setor.

Diante do desafio de descarbonizar as suas operações, inúmeras empresas já vêm adotando o biometano como combustível para mover as suas operações industriais e logísticas. Atualmente, já existem mais de 500 caminhões movidos a biometano rodando no Brasil, número que deve aumentar significativamente nos próximos anos, acompanhando a demanda por novas tecnologias mais sustentáveis no setor de transportes de cargas.

"Evidentemente, essa transição exige um investimento inicial, que se paga em pouco tempo com a redução dos custos com óleo diesel. Mas é preciso destacar também os aspectos ambientais, cada vez mais importantes, e o lado social. O biometano é um combustível que está presente em todo o Brasil e que contribui para a geração de empregos qualificados e renda no interior do País", conclui Gabriel Kropsch, da ABiogás.

Mais recente Próxima Brasil aposta no etanol para atingir meta de descarbonização
Movimento Mobilidade Sustentável

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