Revista Infraestrutura e Logística
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Por Martha Funke


Marcele Andrade, da SAP: planejamento e melhores preços para aquisições — Foto: Alessandro Couto/Divulgação
Marcele Andrade, da SAP: planejamento e melhores preços para aquisições — Foto: Alessandro Couto/Divulgação

Inteligência artificial (IA), incluindo generativa, e robôs de automação de processos (RPAs) estão em alta nas operações logísticas. Softwares avançam mais que hardwares, por questão de custos, mas o setor expande o uso de sensores em veículos e armazéns e amplia aos poucos o emprego de equipamentos como drones e robôs para substituir humanos. Outros, como robôs autônomos (AMRs) em armazéns ou gêmeos digitais para reproduzir operações, estão em estágio inicial de adoção no Brasil.

A IA é unanimidade entre operadores logísticos e fornecedores de sistemas. A DHL Supply Chain emprega a tecnologia para facilitar tomadas de decisão a partir de uma infinidade de dados. “O segmento muda a cada minuto”, diz Lilio Neto, head de inovação Brasil e evangelizador de inovação Latam. RPAs trazem eficiência e padronização a processos de negócio.

Ele avalia que o uso de identificação por radiofrequência (RFID) para coleta e armazenamento de dados ainda é tímido, apesar de aumentar segurança e acurácia em movimentação de cargas e estoques. Estão em teste no armazém da empresa em Cabreúva (SP) dois robôs autônomos para coleta e movimentação de caixas, com ganhos acima de 20% em produtividade e redução de até 30% no deslocamento do preparador de pedidos (picker). Nos próximos 18 meses o plano é implantar 1,2 mil desses equipamentos no país. A empresa tem 60 armazéns e cinco mil veículos próprios.

A JSL foca na digitalização de processos e na inteligência de negócios (BI) para antecipar ineficiências e ganhar visibilidade na gestão. Outro movimento é a migração para a nuvem, conta o CIO Bruno Siqueira. Com 84 centros de distribuição (CDs), a empresa investiu em aquisições para reforçar tecnologias.

A TPC, adquirida pela JSL em 2021, desenvolveu sistema de IA para prever eventos e detectar variáveis capazes de interferir em prazos e processos de pedidos. Em 2022 foi a vez da plataforma de conexão entre caminhoneiros e cargas TruckPad, por R$ 10 milhões. A startup usa IA para reconhecimento de imagem e internet das coisas (IoT) a partir de sensores veiculares. Com isso, digitalizou desde a coleta de documentos e processos de contratação até pagamentos, vale-pedágio e gestão da viagem, descreve seu CEO, Leandro Morais.

Bagnati, da ID Logistics: drones com câmeras para inventário aumentam produtividade — Foto: Divulgação
Bagnati, da ID Logistics: drones com câmeras para inventário aumentam produtividade — Foto: Divulgação

A Luft aposta em joint venture, parceria e criação interna de startups. A marca mantém 35 armazéns e três empresas especializadas em agronegócio, saúde e varejo. A joint venture com a Selia, em 2022, trouxe plataforma completa de comércio eletrônico. Neste ano nasceu internamente a Agrega Agro, com a mesma visão para revendas e produtores rurais.

A próxima iniciativa deve levar ao mercado softwares desenvolvidos em casa, explica o CIO Gustavo Saraiva. A expertise permitiu integrar 35 sistemas e vai embasar repositório unificado (data lake) para reunir dados de diferentes fontes. O uso de robôs e a IA trouxe resultados, como aumento de produtividade de 42% na separação (picking) em 2022 sobre o ano anterior.

Já a ID Logistics Brasil, filial da francesa presente em 18 países, mira produtividade, custos, segurança e qualidade com mais sistemas do que equipamentos. Usa esteiras mecanizadas com conferência de produtos por peso, filmagem e fechamento automático de caixa para produtos de alto valor unitário e separação unitária de pedidos fracionados, mas só duas de suas 59 operações no país contam com robôs autônomos. Mais quatro usam drones com câmeras para processo de inventário, com ganho de produtividade de até 100%.

“O custo é um desafio”, diz o diretor de gestão de projetos, Alejandro Bagnati. A digitalização eliminou papéis nos sites e neste ano uma das apostas é a IA generativa, para agilizar processos e contratos na área jurídica e apoiar contabilidade e contas a pagar e a receber. A filial está presente em hubs de inovação e exporta soluções para o grupo, como a de processo de inventário.

Operadoras especializadas vão pelo mesmo caminho. Os projetos da Rumo incluem planejamento automático de cruzamento de trens e detecção de trilhos quebrados com IA, monitoramento em tempo real de locomotivas, condução semiautônoma de trens, monitoramento climático e de temperatura de trilhos, avaliação de composição com visão computacional, formação de trens de forma autônoma e aplicativo mobile para equipes que trabalham na via permanente.

 Saraiva, da Luft: softwares desenvolvidos em casa para integrar 35 sistemas — Foto: Alexandre Machado/Divulgação
Saraiva, da Luft: softwares desenvolvidos em casa para integrar 35 sistemas — Foto: Alexandre Machado/Divulgação

Em granéis líquidos, a Ultracargo, que opera seis terminais portuários, emprega 50 sensores especiais à prova de explosão e IA para monitoramento e manutenção preditiva de bombas de carregamento. O próximo passo é equipar compressores, unidades de recuperação de calor, caldeiras e plataformas de carregamento. Tubos subterrâneos são monitorados por identificação da interferência do campo magnético da Terra, modificada em pontos de corrosão.

“Estamos evoluindo nos processos de manutenção graças à IA”, diz o diretor-executivo de operações, Leopoldo Gimenes. A inspeção de tanques por drones reduziu o número de operadores de quatro para um e o tempo da operação de 20 para dois dias. Sensores e câmeras de infravermelho detectam vapores inflamáveis e chamas nas centrais de transferência, com aplicação automática de espuma caso necessário, e salas de controle monitoram alarmes, bombas e equipamentos de todo o sistema de proteção a emergências.

A Temp Log, voltada à cadeia fria e produtos especiais para a indústria farmacêutica, usa sensores e IA para ações futuras com base em dados coletados, melhor gestão do armazenamento e do transporte de medicamentos e análises prescritivas (que apontam as melhores decisões de acordo com cada cenário), para decisões como seleção de veículos. Aplicativos móveis eliminaram papéis e implementaram fluxos no transporte diferenciados por cliente e fluxos adicionais, como conferência de volume na entrega. Segundo o diretor comercial, Ricardo Canteras, os robôs reduziram em 30% o tempo total do processo logístico.

A Viveo, especializada em saúde, investiu mais de R$ 40 milhões em seus mais de 40 centros de distribuição (CDs). Do total, 25% foram para soluções logísticas, como bloqueio e segregação de produtos e lotes e gerenciamento de estoques por divisão, com alertas de estoque mínimo. O monitoramento de última milha otimizou operações aéreas e rodoviárias com atualização de status do embarque à entrega. Para verticalização, cinco equipamentos que ocupam só 12 metros quadrados chegam a 12 metros de altura para estocar o proporcional a 600 posições paletes, diz o diretor de supply chain, Villeon Jacinto.

Fornecedores de softwares também se movimentam. A SAP decidiu expandir a solução para integração da cadeia de suprimentos (Business Network for Industries). Além de compartilhamento e viabilidade de rotas, oferece inteligência para demandas e planejamento mais objetivos e melhores preços para aquisições, diz a diretora de engenharia de valor, Marcele Andrade. A solução embute tecnologias como IoT para rastreabilidade em tempo real e IA para previsão de demanda. O próximo passo é o processamento de documentos por IA generativa.

A Neogrid, dedicada a colaboração entre indústria e varejo, usa ChatGPT para processos internos e IA em produtos como nova ferramenta de planejamento de abastecimento e distribuição (DRP). O Novo DRP usa algoritmos para equilibrar estoques, recomendar compras e transferências na cadeia de suprimentos e fornecer informações sobre preços, descreve o diretor-executivo de estratégia e produtos, Felipe Abreu.

A Totvs usa IA generativa combinada a business inteligence (BI) para acompanhamento de indicadores, busca e análise de informações, como processos em atraso, conta a diretora de produtos logísticos, Angela Gheller. O conjunto de softwares (suíte) da marca contempla as cadeias de armazenagem, transporte e visibilidade. Já a IHM Stefanini oferece a plataforma de soluções Stefanini AI, com soluções para rastreabilidade de ativos, IoT, integração horizontal e vertical das operações de carga e descarga e visão computacional, descreve o global digital diretor, Gustavo Brito.

O potencial do setor atrai startups como a Instaleap, especializada em tecnologia de última milha para e-commerce de supermercados e farmácias. Utiliza dados e IA para concentrar plataformas de vendas on-line, softwares de gestão de pedidos, automação de separação e otimização de entrega, conta o CEO e fundador Antonio Nunes. Na RoutEasy, a IA entra em roteirização, gestão em tempo real e automatização de processos, com redução de custos de até 40%, detalha o CEO Caio Reina.

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