São José do Rio Preto, no interior paulista, alcançou 100% de atendimento de água tratada à população e passou a ocupar, neste ano, o primeiro lugar do ranking da Trata Brasil dos municípios com maior destaque em saneamento básico. A cidade, nona colocada em 2022, passou ao primeiro lugar com investimentos de R$ 292 milhões entre 2017 e 2021, média de R$ 124 per capita. O destaque é a redução da perda, hoje em torno de 20,9%. A Semae, companhia municipal, nasceu em 2001, quando a cidade tinha 3% de esgoto tratado e 2.800 mil poços particulares. Em 2009 inaugurou estação de tratamento de esgoto e ajustou a tarifa em 30%. Hoje recolhe e trata esgoto de 98% da população, investe mais de R$ 40 milhões ao ano e mantém tarifa em cerca de 70% do valor cobrado pela companhia estatal, a Sabesp.
O município agora discute possibilidades como consórcio com dez cidades que fazem parte da bacia do rio Preto e prevê necessidade de nova fonte para atender a população. “Estamos concluindo projeto no valor de R$ 1 bilhão para buscar água no rio Grande, a 55 km”, afirma o superintendente Nicanor Batista.
Cuiabá (MT) subiu 23 posições, passando do 55º lugar para o 32º. Investimentos foram reforçados a partir de 2017, quando a Iguá Saneamento assumiu a concessão dos serviços de água e esgoto da capital mato-grossense. De lá para cá, a implantação de 100 km de redes de abastecimento permitiu alcançar 100% de cobertura de água tratada e de 81% na coleta de esgoto. Segundo o diretor geral da Águas Cuiabá, Renato Carlini Camargo, o contrato de concessão prevê cobertura sanitária de 91% até o final de 2024. A cidade é a capital com maior investimento per capita no segmento, R$ 369, com R$ 1,04 bilhão aplicados de 2017 a 2022 em abastecimento de água e coleta de esgoto, com 450 quilômetros de novas redes coletoras.
A fluminense Niterói, que ficou em quarto lugar no ranking deste ano, ante o 23º de 2022, também tem 100% de atendimento de água, com 24% de perdas, e 95% de atendimento de esgoto, e 100% do que é coletado passa por tratamento. A Águas de Niterói, do grupo Águas do Brasil, assumiu a gestão do saneamento do município em 1999 e desde então investiu mais de R$ 1,3 bilhão localmente. O atendimento passou dos 350 mil habitantes, há 24 anos, para 500 mil habitantes, com a mesma vazão de 1,8 mil litros de água por segundo, diz o diretor executivo Bernardo Gonçalves. A redução de perdas se deu com automação, combate a fraudes e abastecimento irregular, tarifa social para população vulnerável e “fatiamento” da cidade em setores menores para isolamento quando necessário.
Os próximos passos incluem foco em eficiência energética, tecnologias de tratamento com menor impacto territorial e expansão de um programa-piloto em que o índice de perdas caiu de 60% para 15% em dois anos com aumento da hidrometração e substituição de 100% das redes.
A Sanepar (PR) é outro destaque do ranking. Seis municípios da companhia estadual ficaram entre os 20 melhores: São José dos Pinhais (8º lugar), Cascavel (10º), Ponta Grossa (11º), Maringá (14º), Curitiba (15º) e Londrina (19º). O índice de atendimento com água potável alcança 100% da população urbana e a rede coletora de esgoto atende 80% dos paranaenses, com 100% de esgoto tratado. Em julho a empresa escolheu consórcio liderado pela Aegea para PPP com foco em esgotamento sanitário de 16 municípios das regiões central e litoral do Estado, com previsão de investimento de R$ 1,2 bilhão em 24 anos e 5 meses. Também abriu consulta pública para PPPs em outras regiões.