Renda Variável

Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo


O ano de 2023 caminha para ser mais um sem nenhuma estreia na bolsa. Enquanto 2020 teve 27 empresas negociando suas ações pela primeira vez e 2021 teve 46, 2022 não teve nenhuma oferta pública inicial (ou IPO, na sigla em inglês), assim como 2023 até agora. Porém, será que quem apostou nas estreantes mais recentes se deu bem?

Segundo um levantamento do Valor Data, se um investidor tivesse investido em todos os IPOs de 2020 e 2021, ele teria registrado ganhos de 18,09% até o dia 28 de junho deste ano. Para se ter uma ideia, o Ibovespa no mesmo período teve uma valorização de 1,722%. Por outro lado, das 73 empresas que estrearam nesse intervalo, só 18 estão no azul.

Algumas ações em especial justificam a vitória da chamada "Carteira IPO" (ou seja, o portfólio que reúne todas as estreantes de 2020 e 2021) contra a "Carteira Ibovespa".

Os papéis do atacarejo Assaí, por exemplo, tiveram nada mais, nada menos do que 353% de valorização desde sua estreia (em fevereiro de 2021) até junho de 2023. As ações da empresa de hospedagem de sites Locaweb, que fez seu IPO em fevereiro de 2020, tiveram 96,2% de alta.

Outras companhias que também tiveram altas acima de 80% desde o IPO foram a construtora e incorporadora Cury, que estreou em setembro de 2020, e teve 88,5% de valorização e a locadora de caminhões e máquinas pesadas Vamos, que começou a negociar seus papéis em janeiro de 2021 e, desde então, já teve alta de 86,15%.

Na outra ponta, é possível encontrar 10 empresas que perderam mais de 80% desde suas estreias, como a loja de móveis Westwing, a rede de depilação Espaçolaser e o brechó on-line Enjoei.

Há, no entanto, um ponto que precisa ser destacado: das quatro empresas que tiveram alta superior a 80%, duas delas não fizeram exatamente um IPO, mas sim um "spin-off".

Essa modalidade se refere à companhias que já estavam listadas na bolsa, mas "dentro" de suas controladoras. Foi o caso de Assaí, que antes estava sob o guarda-chuva do Grupo Pão de Açúcar. A Vamos, por sua vez, foi um spin-off da Simpar.

E agora?

Então, afinal, qual é a melhor estratégia para o investidor pessoa física? Fugir dos IPOs, entrar em todos ou tentar descobrir qual dará certo?

Para João Daronco, analista da Suno, para o investidor pessoa física, a resposta sobre "vale a pena investir em um IPO?" quase sempre é não. Ele explica que, nessa altura a empresa precisa convencer o investidor de que vale a pena apostar nela. E para que valha, é fundamental que os "argumentos" (ou seja, os dados, indicadores e o contexto) sejam muito fortes.

O mesmo não acontece em um spin-off (caso da Vamos e do Assaí), segundo o analista. Isso porque o investidor já tem dados prévios daquela companhia no mercado, ainda que nos balanços de sua holding.

"Spin-off é mais fácil. Porque muitas vezes você já tem a comunicação da empresa via divulgação de balanços, já tem dados dessa empresa com períodos mais longos. E esse é um grande problema do IPO, que é a assimetria da informação. Porque de um lado a empresa quer se vender, sabe seu histórico, seu momento e busca um preço. Do outro tem o investidor, que só tem as informações divulgadas pela companhia na hora de 'vender o IPO', que geralmente são limitadas a dados dos três últimos anos e não necessariamente refletem o momento ou o potencial daquela companhia", diz.

Para Gilvan Bueno, sócio e gerente educacional da Órama, o segredo para o investidor saber se deve ou não investir em IPOs é é não olhar os "extremos" (ou seja, os IPOs que renderam muito e aqueles que deram prejuízo para o investidor) e entender bem o negócio que se está investindo.

"Quando a gente faz alguns raciocínios, a gente tende a pegar os extremos, seja negativos ou positivos. Nos IPOs, a história mostra que alguns são muito bons. Se a gente olha esse extremo positivo, a gente pode achar que IPO é sempre positivo, bom para entrar. Mas outros são negativos e se nos apegarmos a esses, vai parecer que entrar neles sempre é uma estratégia ruim", explica. "O principal é tentar entender como aquela empresa ganha dinheiro", diz.

Segundo o especialista, o investidor precisa entender não só o modelo de negócios daquela companhia como também o funcionamento e o momento do setor em que ela está inserida. "Se você entende pouco como aquela companhia ganha dinheiro e se ela está em um setor ou negócio com pouca previsibilidade, é melhor tomar cuidado", sugere.

É bem verdade que para um investidor de varejo levantar informações sobre uma companhia que ainda não negocia suas aões na bolsa não é uma tarefa fácil. Além de não existirem muitos dados disponíveis, os materiais pré-IPO geralmente são mais técnicos. Bueno sugere, nesse caso, que os investidores procurem analistas certificados que criem conteúdo sobre o mercado financeiro na internet. "E, nesse caso, é o mesmo que consulta médica: o ideal é ouvir pelo menos três opiniões diferentes, para não ficar enviesado", diz.

Daronco, por sua vez, sugere que o investidor busque o máximo de informações possíveis sobre o setor em que a companhia está inserida.

"As casas de análises têm um papel importante porque trabalham diretamente com isso, mas o acesso a informação é semelhante ao que o investidor tem. O caminho é tentar pautar a sua análise na história como um todo e não só na parte que a empresa divulga. É interessante buscar sobre dados setoriais e indicativos como o aumento de produção da empresa, sua participação no mercado, sua história. Vendo o plano de fundo que a empresa está inserido, você tem uma visão mais ampla", diz.

Por fim, o analista da Suno afirma que pode fazer mais sentido que o investidor busque companhias mais velhas, com 10 anos ou mais. "Uma empresa de três, quatro anos de existência pode ser influenciada pelo cenário econômico daquele período. Já empresas mais sólidas, com histórico mais longo, passaram pelo teste do tempo", conclui.

IPO — Foto: Getty Images
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