Os indicadores de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, divulgados hoje, trouxeram esperanças renovadas em relação ao afrouxamento das políticas monetárias dos países. Um alívio nas taxas de juros (ou pelo menos, sem novos aumentos) favorece as ações mais sensíveis ao crédito, como as de consumo e da construção. Resultado: os papéis desses setores lideraram os ganhos do Ibovespa no pregão desta sexta-feira (26).
O papel da construtora MRV (MRVE3) ficou com a medalha de prata entre as altas do Ibovespa após a disparada de 5,54%, fechando em R$ 6,67. Na carteira do índice, a alta da construtora só ficou atrás da companhia aérea Azul, que avançou 5,97% na sessão, encerrando em R$ 9,77.
Ainda no segmento de construção e incorporação, a Eztec (EZTC3) avançou 4,89%, a R$ 13,95, e a Cyrela (CYRE3) ganhou 2,58%, a R$ 20,91.
O destaque no segmento de consumo hoje vai para Petz (PETZ3), que valorizou 5,8% e fechou em R$ 5,03. Tiveram fortes ganhos também a Hypera Farma (HYPE3), com alta de 5,16%, a R$ 28,55, e, ainda no recorte dos papéis cíclicos domésticos, a CVC (CVCB3), que avançou 4,5%, a R$ 2,10.
O IPCA-15, conhecido como 'prévia da inflação', ficou em 0,21% em abril, ante março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador desacelerou ante o visto em março, quando subiu 0,36%.
O índice ficou abaixo das 35 projeções coletadas pelo Valor Data, que iam de uma alta de 0,23% a um avanço de 0,36%. A mediana das expectativas apontava para uma inflação de 0,28%.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE, da sigla em inglês) dos Estados Unidos registrou alta de 0,3% em março frente fevereiro, quando também cresceu 0,3%. Os analistas esperavam alta de 0,3%.
Um dos efeitos mais diretos da inflação no Brasil é sentido no bolso dos consumidores na hora de fazer suas compras. Afinal, a inflação mostra que, de forma generalizada, as coisas estão mais caras. Uma segunda consequência da alta dos preços está nos investimentos. Isso porque o aumento (ou corte) da taxa de juros depende da inflação. Afinal, um dos de instrumentos que o Banco Central tem para controlar o aumento dos preços é mexer na Selic.
Já nos EUA, o PCE é a medida preferida pelo Banco Central americano (Federal Reserve, o Fed) para acompanhar a inflação no mercado e definir sua taxa de juros - o que define para onde vai o capital dos investidores: ativos de risco ou ativos de maior segurança, como os títulos do Tesouro.
Com o indicador de hoje o mais provável é que o BC dos EUA continue à espera de mais dados antes de começar a considerar cortes nas taxas de juros americana, já que deseja trazer a inflação anual para a meta de 2% ao ano.