Empresas

Por Felipe Laurence, Stella Fontes e Ana Beatriz Bartolo, do Valor, Com Redação Valor Investe — São Paulo


A tragédia ambiental e humanitária das chuvas intensas no Rio Grande do Sul pode afetar, em um segundo momento, o mercado acionário. Operações suspensas e danos a parques industriais das companhias que estão em áreas mais atingidas no estado podem trazer alguns prejuízos ou até alterar o cenário de produção e vendas para esses negócios no curto prazo, o que provocaria reajustes nos valores de suas ações.

Para o Bradesco BBI, as operações da Rumo devem sofrer impacto pequeno, embora analistas reiterem que uma avaliação total só será possível quando a fase mais crítica do evento climático passar.

A equipe formada por Victor Mizusaki, Andre Ferreira e Gabriel Pinho, que escreve o relatório, alega que a Operação Sul da Rumo representa apenas 14% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) total da companhia.

Além disso, os menores volumes de soja também devem ter pouco efeito já que a Rumo escoa o produto no Paraná.

Para outras empresas listadas em bolsa, alguns impactados financeiros também já são esperados a partir do prejuízo operacional, o que também pode provocar reajustes no valor dos papéis. É importante frisar, no entanto, que ainda se tratam de cenários de curto prazo.

Segundo o Bradesco BBI:

  • A paralisação nos portos do estado pode afetar os volumes da Wilson Sons na Tecon Rio Grande.
  • A CCR pode ter efeitos nos volumes e na infraestrutura, mas suas concessões são passíveis de reequilíbrio.
  • No caso das companhias aéreas, o aeroporto de Porto Alegre representa 4% da capacidade doméstica da Azul, 3% da Gol e 3% da Latam, o que reduz o impacto das chuvas em suas operações.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Rumo, com preço-alvo em R$ 29. Nesta segunda (6), a ação fechou em queda de 0,95%, a R$ 20,80.

As fortes chuvas que seguem castigando o estado levaram a Braskem, maior petroquímica brasileira, a ampliar a suspensão das operações no Polo de Triunfo (RS) e a anunciar uma parada geral, atingindo todas as suas unidades no complexo petroquímico.

Conforme a companhia, a ação está sendo tomada de forma preventiva, diante da possível interrupção na captação de água.

“Informamos que, por motivos de força maior, devido aos eventos climáticos extremos que estamos sofrendo no nosso Estado nos últimos dias, com fortes chuvas, alagamento e bloqueio de estradas, demos início aos processos de parada geral dos ativos das nossas unidades produtivas no Polo Petroquímico de Triunfo”, informou a empresa.

De acordo com a companhia, não há previsão de retomada das operações. “Reforçamos que a prioridade da Braskem é sempre a segurança de seus integrantes, parceiros e da comunidade local”, acrescentou.

Na sexta-feira, a petroquímica já havia iniciado a parada programada em algumas operações locais. A Braskem opera a central petroquímica do Polo de Triunfo e tem unidades de produção de químicos básicos e resinas termoplásticas.

Ainda que a queda do papel da petroquímica hoje não esteja relacionada às paradas das operações gaúchas, eventuais desdobramentos financeiros deste quadro podem afetar a visão do mercado para o ativo.

A Gerdau também suspendeu suas operações no estado do Rio Grande do Sul devido ao desastre climático. A siderúrgica, que tem dois polos no estado (Charqueadas e Riograndense), informou que, apesar de as operações não terem sido diretamente impactadas, decidiu pela suspensão das operações de duas usinas de aços especiais, bruto e acabados no estado.

Ainda é cedo, no entanto, para quantificar o impacto dessas medidas na produção e nos resultados da siderúrgica.

A ação da siderúrgica encerrou a sessão de hoje praticamente estável, com perda mínima de 0,1%, cotada a R$ 19,64.

Varejo

A catástrofe no Rio Grande do Sul deve atrapalhar as operações de varejo nas próximas semanas, segundo Bradesco BBI, que projeta um impacto de entre 0,4% e 1,4% nas vendas do segundo trimestre, para cada dez dias de paralisação total nas lojas sediadas no Estado.

“Acreditemos que as empresas dentro da nossa cobertura não serão significativamente impactadas em uma base consolidada e que este evento não levará a revisões estruturais relevantes do lucro por ação. Além disso, é provável que a situação afete algumas empresas mais do que outras”, escrevem os analistas Pedro Pinto, Felipe Cassimiro, João Andrade e Renan Sartorio.

  • A Lojas Quero-Quero deve ser a mais afetada pela situação, entre as empresas da cobertura da equipe, devido à grande exposição das lojas e a sua presença em áreas rurais, que devem ser afetadas economicamente pela tragédia. A empresa informou ao mercado que 12 de suas 552 lojas foram diretamente impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul e 29 apresentam operações parciais. A ação recuou 6% na sessão de hoje, fechando em R$ 4,32.
  • Lojas Renner devem sofrer o maior impacto nas suas vendas, entre as empresas analisadas pelo Bradesco BBI, com uma redução de 1,4% no faturamento para cada dez dias de lojas fechadas. A empresa afirmou em nota na tarde de hoje que em torno de 4% do seu total de unidades estão temporariamente fechadas, em razão das fortes chuvas no estado. Além disso, a empresa informou que não possui centros de distribuição na região afetada no estado e que o impacto de fornecimento de produtos vindos de parceiros é imaterial. A ação da Lojas Renner afundou 2,74% no pregão de hoje, fechando em R$ 15,95.
  • Magazine Luiza possui cerca de dez lojas inundadas, reporta a equipe, mas os centros de distribuição não foram afetados. Ainda assim, o Bradesco BBI estima uma redução de 0,9% nas vendas da varejista.
  • A rede de shoppings Multiplan, por sua vez, informou que propriedades no Rio Grande do Sul não foram afetas pelas chuvas e os shoppings permanecem abertos, funcionando como apoio à população e coleta de doações. No estado, a empresa detém os empreendimentos BarraShoppingSul, ParkShopping Canoas e Golden Lake. Mas a empresa prevê redução momentânea de fluxo de visitantes nos shoppings ParkShopping Canoas e BarraShoppingSul, e suspensão temporária das obras de construção do Golden Lake.
  • Já a rede de shoppings Iguatemi informou que, apesar das fortes chuvas, até o momento, não foram registrados danos materiais às suas propriedades no estado e que as projeções de resultados para 2024 ainda estão mantidas. O Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, permanece fechado desde a noite da última sexta-feira e, segundo a companhia, deve permanecer assim até novas orientações das autoridades locais.
  • Carrefour Brasil e Petz também devem ser impactadas, na visão do Bradesco BBI, assim como CVC, Natura &Co, Alpargatas, Grendene, Vulcabras, Arcos Dorados (dona da rede McDonald's no Brasil) e Zamp (dona da rede Burger King no Brasil). No caso da CVC, o banco destaca que a sua ação de recolher e distribuir doações para os afetados pelas chuvas deve refletir de forma positiva na imagem da companhia para os clientes.

As chuvas também causaram alagamento em alguns fornecedores da Arezzo &Co, que teve a sua produção paralisada pela situação enfrentada pelos funcionários. A fábrica da empresa de sapatos não foi inundada e as operações devem ser retomadas na terça-feira (7). Ainda assim, o Bradesco BBI estima um impacto de 0,6% nas vendas para cada dez dias de paralisação.

Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.

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