Rachel Maia: "Responsabilidade ambiental transformando a indústria da moda"

Tornar a indústria têxtil, a segunda mais poluente do mundo, algo sustentável corresponde a um trabalho para todos nós. Temos falado, por exemplo, a respeito de consumo consciente, que traz para a roda debates sobre tipos de tecido usados, consumo excessivo, descarte irregular e produção em alta escala que não considera os danos ao planeta. Pensemos: ainda são 135 mil toneladas de resíduos têxteis descartados de maneira incorreta em aterros sanitários e no meio ambiente.

Segundo dados da pesquisa coordenada pela professora Francisca Dantas Mendes, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) o algodão, uma das principais matérias-primas do setor de vestuário é também um dos mais poluentes. Por quê? Em resumo, nas plantações, são utilizadas substâncias (pesticidas e fertilizantes) que intoxicam o solo, mananciais de água e comunidades.

Na última edição da São Paulo Fashion Week, ocorrida em abril, marcas mostraram-se engajadas e comprometidas com pautas ambientais. Um exemplo é AZ Marias, criada em 2015 e que leva a assinatura de Cíntia Maria Félix. A marca apresentou nas passarelas da SPFW 2024 a coleção Florescer – Ato IV: Ar. Foram 25 looks que representaram a brisa, a nuvem e a fumaça, inspiradas na cultura afro-brasileira, com foco em corpos reais e apelo sustentável. A grife uniu-se ainda à Inóbvia, fabricante de bolsas 100% brasileira, sem origem animal, e à Veja, marca de vestuário para os pés, que traz, em suas composições, calçados de algodão orgânico e borracha amazônica. Trabalho coletivo em prol de uma moda consciente.

Em uma fala impactante nas redes sociais, Cíntia dividiu com sua audiência práticas de sustentabilidade, orientando, de modo didático, sobre a nossa responsabilidade ao escolher o que vestir. Em uma das publicações, ela fala sobre as três peças do dia a dia que mais usam água em sua produção, a saber: o tênis (média de 5 mil litros), a calça jeans (de 3 a 5 mil litros) e a camiseta básica (média de 3 mil litros). Pensando na água como um importantíssimo recurso natural, o uso de fibras de bambu e provenientes de garrafas pet são opções para a produção consciente.

As peças de AZ Marias são fabricadas sem químicos danosos, além de buscarem impacto positivo no que se compreende por diversidade e pertencimento. Cíntia mobiliza e celebra inspirações ancestrais, maternas e futuristas. Sendo a potência que é, ela resume, na frase a seguir, o que chamo de responsabilidade social e resistência: “Quando todos dizem não, eu digo sim!”.

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Vogue Brasil.