Bento Gonçalves: uma referência nacional em ESG e turismo sustentável
Pórtico na entrada de Bento Gonçalves (RS)

Bento Gonçalves: uma referência nacional em ESG e turismo sustentável

Muitas empresas da região de Bento Gonçalves fizeram dessa localidade uma referência de turismo sustentável para o Brasil. Essas histórias corporativas de sucesso são acompanhadas de trajetórias humanas pautadas pelo trabalho ético, prosperidade e orgulho. Em 1931, 16 famílias viticultoras iniciaram uma história e fundaram a Cooperativa Vinícola Aurora , que nas décadas seguintes viria uma das maiores cooperativas produtoras de vinhos do país.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem
Cassandra Giacomazzi, Supervisora de Qualidade e Meio Ambiente da Cooperativa Vinícola Aurora

ESG e Tal: A Cooperativa Vinícola Aurora tem se destacado como uma referência nacional em sustentabilidade e desenvolvimento social. Com mais de 1.100 famílias produtoras associadas, promove a melhoria da qualidade de vida no campo, desenvolve a economia local de forma sustentável e viabiliza a produção de vinhos e sucos de qualidade para atender aos mais variados perfis e exigências de clientes. Para falar mais sobre a história, as iniciativas e os projetos futuros da Aurora, a ESG e Tal Ltda. esteve nas dependências da cooperativa, na unidade do Vale dos Vinhedos, com Cassandra Marcon Giacomazzi , supervisora de Qualidade e Meio Ambiente da Cooperativa. Obrigado por nos receber, Cassandra. É um prazer e uma honra estar aqui com você hoje, neste lugar tão especial para tantas pessoas.

Cassandra Marcon Giacomazzi: Olá, Marcus. Realmente, para nós e para todas as pessoas que recebemos aqui, este é um local muito especial. E é muito bom receber vocês aqui hoje.

ESG e Tal: Vocês têm uma trajetória impressionante de mais de 90 anos. Na sua opinião, qual é o segredo da longevidade da Aurora?

Cassandra Marcon Giacomazzi: Eu diria que um dos segredos é a nossa responsabilidade. A Aurora sempre teve consciência da importância de seu papel para a economia local e nacional, para a vitivinicultura e para as 1.100 famílias associadas. O outro é o planejamento. Nós precisamos saber onde estamos, onde queremos chegar e quais ações são necessárias para atingirmos nossos objetivos.

ESG e Tal: A Aurora foi fundada em 1931. É uma empresa praticamente centenária, e poucas empresas conseguem alcançar essa marca no Brasil.

Cassandra Marcon Giacomazzi: Na próxima safra, em 14 de fevereiro, celebraremos 92 anos de fundação. Estamos nos preparando para o centenário. Para nós, todos os números são volumosos. São quase cem anos, 1.100 famílias associadas, e cerca de 500 funcionários. Todos envolvidos no grande volume de uva que recebemos, nos produtos que manipulamos, produzimos e colocamos no mercado anualmente. Tudo isso exige uma grande responsabilidade.

ESG e Tal: Houve um aumento das vendas internacionais e a Aurora obteve o maior faturamento da história em 2021, de cerca de R$ 750 milhões. Para 2022, espera-se um aumento de 5% nas vendas de vinhos, espumantes e sucos de uva. Esses números impressionam. O presidente da Aurora citou em uma entrevista a meta de alcançar R$ 1 bilhão de faturamento em 2025. Quais foram os principais aprendizados para a Aurora nesse período? E quais as expectativas?

Cassandra Marcon Giacomazzi: Passados os momentos mais críticos da pandemia, aprendemos a nos adaptar. Tivemos que provar nossa responsabilidade como cooperativa, continuando a receber uvas de nossos associados, produzir e comercializar nossos produtos, mesmo enfrentando graves desafios logísticos e de abastecimento. Aprendemos a contar com planos “B” e “C”, para que as operações não fossem interrompidas. Além disso, reforçamos a preocupação com as pessoas, adaptando processos fabris para garantir a segurança de nossos colaboradores. Isso foi essencial para seguirmos em frente.

ESG e Tal: E houve mudanças no comportamento dos consumidores?

Cassandra Marcon Giacomazzi: Sim, a pandemia transformou os hábitos de consumo. Investimos significativamente para reestruturar nosso e-commerce, criando um departamento exclusivo focado para atender o consumidor final. Isso foi um reflexo direto dessas mudanças.

ESG e Tal: Por falar em hábitos, o consumo de bebidas alcoólicas também aumentou durante a pandemia. Como vocês trabalharam a questão do consumo consciente?

Cassandra Marcon Giacomazzi: Nós enfatizamos a importância do bem-estar e o associamos à responsabilidade no consumo de bebidas alcoólicas em todas as nossas campanhas de marketing e publicitárias, especialmente no final do ano e no verão. Além disso, seguimos rigorosamente as normas de rotulagem dos produtos, em linha com o que preconiza a legislação.

ESG e Tal: A economia circular também é um tema importante. A Ambev , por exemplo, anunciou a reutilização ou reciclagem de 100% de suas embalagens até 2025. Como a Cooperativa Vinícola Aurora aborda essa questão?

Cassandra Marcon Giacomazzi: Temos um grupo multissetorial que avalia regularmente nossos produtos e processos, tanto novos como existentes. Além disso, buscamos reduzir continuamente o nosso impacto ambiental, seja por meio de materiais mais sustentáveis ou melhorias nos processos de produção. Reduzir o volume de papelão e divisórias nas embalagens secundárias, por exemplo, é algo que almejamos, mas é preciso avaliar a segurança para os consumidores.

ESG e Tal: Vocês têm um projeto de inclusão chamado “Mulheres Aurora Empreendedoras”. Pode falar mais sobre ele?

Cassandra Marcon Giacomazzi: O projeto é um reflexo do espírito familiar da cooperativa. Nosso próprio logo remete a uma família, e esse é o sentimento de nossos associados. Muitas das associadas ou esposas de cooperados apoiam a produção rural e desenvolvem atividades artesanais, como a produção de geleias e compotas, pães, biscoitos, crochê, tricô, entre outras. E uma das maneiras de desenvolver o quadro funcional e social da cooperativa é através desse projeto, com capacitação por meio de palestras, treinamentos e visitas técnicas, ajudando essas mulheres a transformar suas atividades em negócios sustentáveis, gerando trabalho e renda. Atualmente, quase 300 já participaram do programa, que se alinha à vocação da Aurora de promover o desenvolvimento das comunidades locais, mas nossa perspectiva é ampliá-lo.

ESG e Tal: Para encerrar, qual mensagem você deixa a(os) associadas(os) que nos assistem sobre o futuro da Aurora?

Cassandra Marcon Giacomazzi: Nós trabalhamos com muito amor e comprometimento com a vitivinicultura. Continuaremos a investir em projetos de capacitação e treinamento, em linha com nossa estratégia e planejamento, com a responsabilidade de apoiar nossas famílias cooperadas. Digo aos associados e associadas que, assim como eles fazem um excelente trabalho, também fazemos o nosso melhor. E juntos vamos construir um futuro ainda mais brilhante.

ESG e Tal: Cassandra, muito obrigado por nos receber. Para quem ainda não conhece a Cooperativa Vinícola Aurora , fica o convite. Venham visitar Bento Gonçalves e essa estrutura, um exemplo de boas práticas em ESG e compromisso com as comunidades e o meio ambiente.


ESG e Tal: Pela primeira vez desde o início de nossa revista eletrônica, a ESG e Tal Ltda. teve a honra de conversar não com uma, mas com duas empresas que são referência em boas práticas de ESG em uma única edição. Com a maior parte da população vacinada e a retomada das atividades econômicas, 2022 está sendo considerado, para muitas pessoas, um ano de “renascimento”. Em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, onde o turismo é um importante vetor da economia local, é evidente como o retorno do fluxo de turistas no final do ano já está impactando positivamente a economia da região.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem
Evandra Stringhini, Gerente de Operações da Giordani Turismo

ESG e Tal: Os dados divulgados pelo site KAYAK no final de 2021 mostram que os viajantes têm optado, cada vez mais, por viagens mais curtas. Isso evidencia que empresas de turismo que se destacam no mercado por boas práticas ESG, por exemplo, têm maior potencial de atrair turistas. Uma das operadoras que vem se destacando na região é a Giordani Turismo . Entre os passeios que realiza está o tradicional passeio de Maria Fumaça, entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa. Além de divulgar o importante legado da colonização da região, o passeio reforça o compromisso legítimo com a preservação e disseminação da riqueza cultural em cada construção e história que marcam a região. Para falar sobre a responsabilidade de gerir um patrimônio humano e cultural tão rico, nós conversamos na estação da Maria Fumaça, em Bento Gonçalves, com a Gerente de Operações da Giordani Turismo, Evandra Stringhini. Muito obrigado por nos receber.

Evandra Stringhini: Olá, Marcus, tudo bem? Nós é que agradecemos a oportunidade de conversar e contar um pouco da nossa história.

ESG e Tal: Em fevereiro deste ano, a partida de Leonel Giordani, fundador da Giordani Turismo , foi uma grande perda. Não me refiro apenas ao legado de criação da empresa e a operação da Maria Fumaça, mas também à herança cultural e ao patrimônio histórico da região como um todo. Assim, quais são os planos da Giordani para o futuro?

Evandra Stringhini: O Sr. Leonel era uma inspiração para todos nós. Ele foi uma pessoa iluminada, com espírito empreendedor e extremamente humilde. Foi um verdadeiro mestre, que convivia conosco diariamente e que nos faz muita falta. Estamos trabalhando para preservar e dar continuidade ao que ele construiu, mantendo vivo o legado que ele deixou. A pandemia foi um período especialmente difícil para o setor de turismo. Nosso foco foi preservar empregos, pagar salários em dia e ajustar as nossas operações.

Para 2023, estamos observando a volta dos passeios, grupos, excursões, terceira idade, famílias e, por esse motivo, temos o plano de reinvestir em melhorias de infraestrutura e ampliar o atendimento turístico. Também pretendemos retomar projetos especiais, como o Licenza del Vino, que mensalmente, com a presença de um sommelier, combina a degustação de vinhos harmonizados a bordo de um vagão temático, além do passeio temático de Natal, muito querido pelo público.

ESG e Tal: O Licenza del Vino é um passeio relativamente popular em alguns roteiros turísticos da Europa e América do Norte. É interessante ver como, mesmo durante a pandemia, as empresas se rearranjaram para manter as suas operações. E vocês também desenvolveram iniciativas voltadas para a comunidade, como o projeto “Eu Sou Daqui”. Pode nos contar mais sobre isso?

Evandra Stringhini: Esse é um projeto que já realizamos há alguns anos, sempre com excelentes resultados. É uma oportunidade de incentivar moradores das cidades próximas a visitarem os atrativos da região em que moram durante a baixa temporada, promovendo o sentimento de pertencimento e orgulho através de ingressos com preços diferenciados. Além disso, uma parte da receita é destinada, em sistema de rodízio, a entidades filantrópicas das cidades por onde o trem passa: Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa.

ESG e Tal: Me chamou a atenção como esse projeto, apesar de beneficiar diretamente três cidades, tem um impacto social indireto em 41 municípios. É isso mesmo?

Evandra Stringhini: Sim, porque o projeto alcança os moradores de todos os municípios da região da Uva e do Vinho.

ESG e Tal: E vocês também têm parcerias importantes com operadoras de turismo de Gramado e Canela. Em um setor altamente competitivo, em que haveria grande concorrência, as empresas atuam em parceria, gerando trabalho e renda para a região como um todo. Como essas colaborações funcionam?

Evandra Stringhini: Essas parcerias são fundamentais e funcionam como uma rede, porque no turismo nada se constrói sozinho. Sempre participamos de feiras e divulgações e promovemos a região como um todo. Quanto mais os destinos são divulgados e mais tempo os turistas permanecem, todos os municípios se beneficiam. E não são apenas agências e operadoras de Gramado e Canela, mas até de Porto Alegre e Pelotas, por exemplo, que trazem muitos visitantes, e todas ganham com essa rede de parcerias.

ESG e Tal: Durante a pandemia, muitas empresas tiveram que se adaptar rapidamente, como o uso da máscara e do álcool gel. Imagino que vocês tenham enfrentado desafios semelhantes. Em uma eventual necessidade de que precauções como essas sejam retomadas, a Giordani Turismo estará preparada?

Evandra Stringhini: A pandemia nos tirou da zona de conforto. Para que pudéssemos retomar nossas atividades, com 50% da capacidade, por exemplo, tivemos que reescrever nossos procedimentos operacionais várias vezes e nos adaptar às mais diversas mudanças e restrições sanitárias. No Brasil, fomos um dos primeiros trens turísticos a retomar as operações, mesmo com limitações de ocupação e uma série de cuidados adicionais.

Mas tudo isso foi fundamental para que pudéssemos preservar empregos, manter famílias e toda uma cadeia produtiva ativa, incluindo músicos e vários outros profissionais terceirizados que dependem da Giordani Turismo . Então, hoje, nós estamos preparados para responder rapidamente a qualquer necessidade de adaptação, com equipes treinadas e infraestruturas prontas.

ESG e Tal: Muitas cidades no Nordeste buscam estruturar suas atividades turísticas de maneira sólida. Quais conselhos você daria para gestores públicos e empresas que querem fazer do turismo um setor lucrativo e, ao mesmo tempo, sustentável?

Evandra Stringhini: A essência é preservar e contar a história do lugar. Os turistas buscam autenticidade. Eles querem conhecer a cultura e viver experiências únicas. Aqui, preservamos nossas tradições italianas, gaúchas e ferroviárias, além de valorizar o patrimônio histórico. Então é preciso fazer isso com responsabilidade, carinho e profissionalismo para encantar visitantes.

Após a pandemia, as pessoas ficaram muito tempo presas, sem viajar. Nós percebemos um aumento na busca por experiências ao ar livre, como jardins e harmonizações com vinhos, e esses hábitos permaneceram. Mas para quem está começando, o segredo é investir na autenticidade e transformar as riquezas locais em experiências memoráveis.

ESG e Tal: Evandra, obrigado por compartilhar sua visão e história. E para quem não conhece a Giordani Turismo , fica o convite: visitem Bento Gonçalves e vivam a experiência única do passeio de Maria Fumaça!


Nota: Em todas às quartas-feiras, a partir das 14:30h, a newsletter ESG e Tal segue sendo exibida ao vivo na TV OOPS, no canal 10 da Oops Telecom para os estados de Alagoas, Bahia, Sergipe e Pernambuco e para todo o Brasil nas redes sociais da emissora (Instagram, Facebook e YouTube). O programa completo, incluindo a entrevista com Cassandra Marcon Giacomazzi e com Evandra Stringhini, pode ser acessado clicando neste link.

Sônia Araripe

Diretora e Editora na Plurale

9mo

Parabéns! Excelente artigo!

A construção de um negócio é saber fazer algo para se orgulhar, é criar algo que vai fazer uma diferença real na vida de outras pessoas. Agradecemos de mais a possibilidade de dialogar com as pessoas a respeito de um tema que nos inspira, dia após dia.

To view or add a comment, sign in

More articles by Marcus Vinicius Peixoto da Silva

Explore topics