Essa artista foi inventada.
Ou, o processo de branding feito cuidadosamente para viralizar, mas que você não reparou.
Você já ouviu falar da Chappell Roan? Sabrina Carpenter? Ou até mesmo da Charlie XCX?
Esses são os novos nomes do novo pop estadunidense que prometem carregar o legado da música que começou com nomes icônicos como Britney Spears e Lady Gaga.
Mas, se tem outra coisa que elas tem em comum é ver por aí pessoas comentando que “essa é uma cantora que vocês inventaram”.
O que significa ‘inventar uma cantora’?
Hoje, para medir se uma cantora faz sucesso, é só ir nas músicas mais viralizadas no TikTok.
Se a sua música é usada muitas vezes nos vídeos da plataforma, pode ter certeza de que o sucesso vai chegar eventualmente.
E é justamente ao TikTok que está atrelado o termo ‘inventar uma cantora’. Afinal, todo tipo de música pode ganhar destaque do dia para noite dentro da rede social. Seja você uma pessoa que só possui 1 música, ou seja você uma cantora com anos de carreira.
Mas, esse termo é só uma modernização de algo que sempre aconteceu, afinal bandas, cantores e cantoras que estouraram do nada sempre existiram.
Então, ser inventada é ruim?
Não.
Até porque, mesmo aqueles que alcançaram sucesso “orgânico”, também fora inventados de alguma forma.
Mas, aqui tem a questão deque ninguém fala isso de artistas masculinos, como por exemplo, o The Weeknd, ou quando a boyband One Direction ainda existia. E aí, quando são os maiores nomes do pop feminino hoje, elas foram ‘inventadas’ (em um tom pejorativo).
Que coisa né?
O que eu quero dizer, é que existe todo um processo para fazer uma pessoa ou marca, ganhar sucesso, viralizar e ser reconhecida por muitas pessoas. E é uma marca forte que faz toda a diferença nessas horas.
O processo de Branding de Sabrina Carpenter
Você acreditaria se eu dissesse que essa cantora já possui 10 anos de carreira antes de ser ‘inventada’ esse ano?
(Não vou me aprofundar na Charlie, pois não sou ouvinte, mas se você quiser me contar sobre, vou adorar saber!)
A Sabrina, inclusive, é ex-estrela do Disney Channel, assim como Miley Cyrus e Demi Lovato. Depois de estrelar no seriado ‘Garota Conhece o Mundo’, ela iniciou sua carreira musical em 2014.
Mas, por que só começamos a ouvir falar dela esse ano? A resposta é: branding.
(E também a Taylor Swift, ela abriu os shows da Taylor Swift)
Depois de lançar 5 álbums que apenas seus fãs acompanham, Sabrina mudou completamente sua abordagem com a própria imagem.
Ela, agora, possui uma marca reconhecível.
Vintage? Sabrina Carpenter.
Sexy? Sabrina Carpenter.
A cor azul? Sabrina Carpenter.
Café espresso? Sabrina Carpenter.
Além da sua associação com artistas de renome como a própria Taylor Swift, todo o trabalho da marca da Sabrina foi cuidadosamente pensado para o lançamento do seu novo CD.
Esse CD que, inclusive, finalmente marca a sua consolidação como uma ‘mulher adulta’, se desatrelando da imagem de estrela Disney e de tentar ser uma ídolo teen.
Por isso, ela chega até ser bem ousada tanto nas músicas, quanto na identidade do álbum, mas sem perder a classe. A verdadeira definição do “sexy sem ser vulgar”. E nisso, o seu estilo visual vintage trabalha muito bem também.
E por que não um tempero de polêmica?
Não é só pela sua música que Sabrina ganhou fama, embora muita gente ache que é.
Atenção fofoca! Shawn Mendes, também cantor, namorava a Camila Cabello (também cantora). Os dois terminaram e ele se envolveu com a Sabrina.
Mas, não durou muito e ele voltou para a Camila depois.
E, o que muita gente analisou, é que as músicas novas da Sabrina possuem diversas alfinetadas para o casal.
O que só deu ainda mais visibilidade para o seu novo álbum. Afinal, quem não gosta de uma boa fofoca?
A marca Sabrina Carpenter
Ao se associar com uma grande cantora, produzir músicas de qualidade seguindo um tema e um estilo (vintage e nostalgia) e ainda participar de uma leve polêmica envolvendo outros famosos, Sabrina cravou o seu nome nas paradas do Spotify e da Bilboard.
E, mesmo com 10 anos de carreira, isso significa que ela foi ‘inventada’? De uma certa forma, sim.
Mas, não do jeito que todo mundo imagina: uma música viral do dia para a noite.
Na verdade, a ‘invenção’ nada mais é do que um cuidadoso processo de branding. Se ela tivesse outro estilo ou outras músicas, será que teria feito tanto sucesso assim?
O processo de Branding de Chappell Roan
A mesma coisa pode ser dita sobre o outro grande nome do pop atual: Chappell Roan.
Ela, assim como a Sabrina, também possui 10 anos de carreira. Mas, por que só agora ouvimos falar dela?
Além das boas músicas, Chappell mudou radicalmente sua marca e também se envolveu e se envolve em polêmicas. Parecido com o que falei ali em cima, né?
O principal elemento que destaca Chappell das demais cantoras é que ela é uma Drag Queen quando se apresenta nos palcos. A maquiagem, as roupas e a personagem estão todos lá.
A Chappell de alguns anos atrás, se apresentava com a cara limpa, com roupas bem mais simples. Mas, após entrar em contato com a cultura Drag, ela passou a se caracterizar. E, ao se diferenciar dos demais, ela iniciou o caminho para o seu sucesso neste ano.
A marca Chappell Roan
Mas sucesso não vem só da aparência (pode até vir, mas não se sustenta). Chappell também possui músicas extremamente pessoais e que ressoam com seus ouvintes: sobre experiências queer de uma mulher que nasceu no interior conservador dos Estados Unidos.
Então, você junta um produto (suas músicas) extremamente pessoal e interessante, com uma aparência que chama a atenção, também não iria demorar muito até que ela finalmente fosse notada.
Seu nome também ganhou notoriedade por associação, já que Chappell chegou a abrir shows para Olivia Rodrigo, outro nome forte do pop atual.
Por último, as polêmicas.
Embora isso tenha começado quando seu nome já estava na boca do povo, uma polêmica sempre ajuda a aumentar ainda mais sua notoriedade. No caso de Chappell, muito se fala sobre como ela não quer fãs parasociais e como isso impacta diretamente na sua percepção de fama.
Afinal, toda semana sai alguma entrevista em que ela fala que não quer fazer mais sucesso ou ganhar algum prêmio. E, claro, também teve o episódio no VMAs em que ela mandou um paparazzo calar a boca, mas só porque ele tinha mandado ela calar a boca antes.
Enfim, o jeito com que ela demonstra tudo isso, sempre vai fazer com que você ouça o nome dela.
E, isso tudo faz parte de um processo de branding. Chappell Roan foi ‘inventada’ para ser a cantora Drag Queen queer que exige respeito de seus fãs, paparazzi e jornalistas.
Se ela agisse diferente ou tivesse uma aparência diferente, será que teria feito tanto sucesso assim?
Todo artista é inventado, de um jeito ou de outro
É preciso enxergar além da viralização para entender que ‘inventar’ uma cantora exige muito mais que uma dancinha ou um áudio no TikTok.
‘Inventar’ uma cantora significa consolidar sua marca de um jeito que seja reconhecida. É entregar um produto de qualidade para o público certo. É se associar com nomes maiores para ser reconhecida por mais pessoas.
E é, também, causar um pouquinho para que seu nome não seja esquecido tão rápido. Afinal, se você ver muita gente falando de alguma coisa, a chance de você ir atrás para saber mais é bem alta.
Então, novamente, sim, os novos nomes do pop internacional da atualidade talvez tenham sindo inventados. Mas, que esse termo seja usado para representar o processo de criação de uma marca forte.
Você tem um artista favorito que também foi inventado?
Customer Support Analyst | Journalist
3moSabrina ainda arrematou o rebranding com um musical natalino que estreia esse ano na Netflix
Funcionário público na Governo do Estado de São Paulo
3moMuito informativo