Guiando divagações | Sobre o tempo
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Guiando divagações | Sobre o tempo

Tenho uma mente muito inquieta, ela está sempre pensando no “what if”, em novos caminhos e possibilidades. Mais forte do que eu, eu confesso. Então resolvi compartilhar aqui como uma forma de ir “Guiando minhas divagações”. Sem grandes pretensões, somente a de fazer pensar e quem sabe chegarmos juntos a conclusões que façam sentido e tragam mais plenitude e felicidade. Só isso.

Eu, mulher com 52 anos de idade, executiva de uma multinacional, com atuação ativa em tomadas de decisão, com colegas com menos idade e mais idade como pares.

Mas como o mundo não se refere somente a mim, me pego pensando na realidade de outros colegas dessa mesma idade. E até mesmo divagando sobre o meu futuro com o passar dos anos, que espero que venham. (Ui, dá um friozinho na barriga).

Queria aqui limitar a reflexão para o ambiente corporativo, já que são tantas outras esferas, todas necessárias, que esse tema provoca (relacionamento, moda, saúde, sexo..).

Tem idade limite para ser aceito como profissional nas organizações? Tem algo escrito ou é mais velado? Será que o acúmulo de vivências tem seu valor no mundo corporativo? A força da voz de uma pessoa tem prazo de validade?

A maioria das pessoas traz consigo o medo de envelhecer, já que envelhecer pode representar a aproximação do fim da vida. Quando se completa 50 anos, o fato de que já se viveu mais do que ainda se vai viver costuma passar pela cabeça de muitos de nós.

E além desse fardo, realmente também é necessário carregar a preocupação de não encontrar mais seu espaço em sua profissão, seu espaço no mundo corporativo?

Até onde nossas idades nos definem? Até quando exclusões em vida se passarão? A partir de quando nós, dos 50+ deveríamos aceitar que agora já deu? Perguntas doloridas para nós, respostas necessárias para todos.

Confesso que tive um choque quando vi os primeiros sinais dos Programas 50+ nas organizações. Ações afirmativas são importantes para reparação histórica e minorias, isso eu concordo. Só me assustei por me ver incluída nela. (mais um friozinho na barriga)

A necessidade de Diversidade e Inclusão sendo fortemente discutida nas organizações traz temas nobres e necessários como gênero e raça. Programas são implementados e ambientes mais inclusivos são criados nesse sentido (ufa!). Mas o “etarismo” ainda tem pequena expressão dentre os pilares de D&I.

Infelizmente eu tenho presenciado depoimentos de colegas que já não conseguem mais recolocação, apesar de vasta experiência. Ou ainda colegas que já começam a pensar em seus planos “F” (Fora do mundo corporativo) ainda tendo ao menos mais de 20 anos pela frente (considerando a média de expectativa de vida - população masculina 72,2 e feminina 79, 3, segundo o IBGE), ou pelo menos 10 anos, se considerarmos a idade para aposentadoria no Brasil.

Como não pensar sobre caminhos que precisam ser percorridos para ajustar essa situação? Como harmonizar ambientes e dar espaço para que diferentes gerações se apoiem e extraiam suas potencialidades? Importante pensarmos sobre isso já que a população acima de 60 será a maioria do país em 2060 (IBGE).

Acredito que colocar nossos corações e mentes também nesse tema é necessário, já que de acordo com as palavras sábias do querido Mário Quintana:

“Nascer é uma possibilidade. Viver é um risco. Envelhecer é um privilégio”

Afinal, e novamente parafraseando Mário Quintana - “O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente”.

Espero que essas linhas tragam vida à discussão. Abraços,

Andrea Oliveira | Mulher, 52 anos, executiva de multinacional.

Andrea Oliveira

Head LATAM HR&GA | Mentora de Carreira | Sponsor DEI | Membro Comitê de Compliance | Membro Comitê de Sustentabilidade | Conselheira Consultiva

2y

Carlos Magno Borges muito obrigada pelo comentário. Exatamente! 💪

Carlos Magno Borges

CEO na MBX GROUP | Empreendedor Contabil

2y

Concordo com sua colocação. Penso que os 50+ devem ser estimulados a acreditar que "podem mais", que a idade não limita quem ainda tem muito a oferecer.

Tarcio Roberto Sabion

Gestão de Recursos Humanos / Relações Trabalhistas / Departamento Pessoal

2y

Uau... que artigo!!! Parabéns Andrea, esse texto nos remete a uma profunda reflexão.

Rosane Schikmann

Coach Executivo Empresarial e de Carreira | Mentora | Mediadora de conflitos | Facilitadora de comunicação não violenta | Consultora de empresas - Gestão de Pessoas | Moderadora de discussão |

2y

Andrea, você traz importantes reflexões que todos e todas precisam fazer para que a jovialidade invada a mente das pessoas, substituindo o etarismo.

Adorei sua reflexão e me junto ao coro. A sensação que tenho é que os maiores de 50 perdem seu valor principalmente quando vão procurar novos empregos.

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