Inspirando Caminhos - Episódio 17

Ulisses é a prova viva de que determinação e coragem podem transformar sonhos em realidade. De um jovem estudante motivado pelos conselhos de um professor inspirador a um engenheiro ferroviário trabalhando em uma das maiores obras do Brasil, sua trajetória é marcada por desafios, escolhas ousadas e muita persistência. ✨

Muito prazer em conhecê-los, meu nome é Ulisses S. e hoje chegou a minha vez de compartilhar um pouquinho da minha história com vocês.

Nasci no subúrbio do Rio de Janeiro, em uma família que sempre valorizou a importância da educação. Apesar de meus pais nunca terem tido a oportunidade de cursar uma faculdade, eles sempre me incentivaram a buscar esse objetivo. Desde cedo, aprendi em casa o valor do esforço e da dedicação, lições que me acompanham até hoje. 

Minha jornada educacional também foi marcada por professores que deixaram um impacto duradouro. No ensino fundamental, tive o privilégio de aprender com o professor João Carlos, cujas palavras até hoje ressoam em minha memória. Ele enfatizava que estudar era essencial para transformar nossas vidas e nos motivava a lutar por oportunidades. Uma de suas frases mais marcantes foi: “Vocês precisam pegar o lugar de quem sempre teve oportunidade: quem estudou em escola particular, quem veio de família com condições, mas que não quis aproveitar.” Outra lição que ficou foi quando ele disse: “Estudem nos finais de semana, porque enquanto vocês estão estudando, seus amigos estão passeando pela pracinha do bairro. E, no futuro, eles continuarão lá, enquanto vocês poderão passear por onde quiserem.” Esses conselhos se tornaram um norte para mim, alimentando o desejo de construir algo maior.

No ensino médio, dei início a uma nova fase ao ingressar em uma escola técnica. Escolhi o curso de Eletromecânica por ser uma área abrangente, que combinava conhecimentos de elétrica e mecânica, e me abriria muitas possibilidades no mercado de trabalho. Essa decisão foi o primeiro passo concreto na construção da minha carreira.

No final do curso, um professor incentivou nossa turma a ficar de olho nas vagas de estágio que apareciam de vez em quando na secretaria. No mesmo dia, fui até lá e vi uma oportunidade para estágio como técnico em Eletromecânica. Não pensei duas vezes: encaminhei meu currículo e, duas semanas depois, estava iniciando meu primeiro estágio técnico. Era uma empresa de pequeno porte, mas foi uma experiência extremamente enriquecedora. Tudo era novidade para mim, desde trabalhar com motores hidráulicos, bombas e cilindros até entender o funcionamento desses sistemas.

Apesar de toda a experiência que eu estava adquirindo, havia uma inquietude em mim: o desejo de trabalhar em uma multinacional. Esse se tornou meu objetivo para o ano de 2011. Eu soube que a Gerdau abria vagas de estágio todos os anos, mas quase sempre para outras áreas técnicas. Como nunca via uma oportunidade para Eletromecânica, decidi me matricular em um curso de Técnico em Mecânica para poder concorrer a uma vaga.

Em janeiro de 2011, iniciei o novo curso, e, em julho do mesmo ano, meu sonho se realizou: eu estava entrando como estagiário em uma multinacional. Sou imensamente grato à Gerdau , que proporcionou aos estagiários mais de 10 cursos profissionalizantes no SENAI , além da oportunidade de aplicar o que aprendíamos diretamente na empresa. Foram tempos muito bons, e foi lá que fiz meus primeiros cordões de solda, meus primeiros cortes em chapas, e desenvolvi habilidades essenciais. O programa de estágio foi realmente excepcional.

Após pouco mais de um ano de estágio, fui efetivado e iniciei o aprendizado na manutenção de equipamentos de trefilação.

Com o tempo, porém, senti a necessidade de explorar novos setores e sair da área de execução. Busquei uma oportunidade como Técnico em Planejamento, e foi uma grande descoberta. Tudo era novidade: realizar a programação de uma plataforma da Petrobras a centenas de quilômetros de distância do local era desafiador e exigia precisão. Trabalhando na TOTVS , consegui aprimorar minhas habilidades em sistemas como SAP, Aplat e outros softwares fundamentais para a área.

Após cerca de um ano, vi uma nova oportunidade no Metrô Rio e decidi me candidatar, em busca de mais crescimento e novas experiências. Acabei entrando na área de Via Permanente, inicialmente realizando manutenção em equipamentos de via.

Ao longo dos anos, recebi duas promoções e, nos finais de semana, quando não havia supervisão, assumi a responsabilidade de coordenar os serviços em campo. Esses dias eram especialmente desafiadores, pois frequentemente exigiam a substituição de equipamentos que demandavam mais tempo para serem trocados, o que aprimorou minha habilidade de liderança e resolução de problemas.

Enquanto isso, precisei conciliar meu trabalho com a faculdade. Trabalhava durante o turno da madrugada e, em seguida, ia direto para a faculdade, onde estudava de manhã e/ou à noite. Mas acredito que um dos maiores desafios era o deslocamento: pegar ônibus lotado, muitas vezes sem espaço nem para colocar a mochila, era parte da rotina. Esse período me ensinou muito sobre persistência e disciplina. 

Finalmente, formei-me em Engenharia Mecânica, mas o sonho de realmente atuar como engenheiro ainda me impulsionava. Comecei a buscar uma oportunidade que se alinhasse ao meu campo de interesse, que era o setor ferroviário. Quando vi a vaga na ferrovia Transnordestina Logística , decidi participar do processo seletivo. Em poucos dias, fui aprovado, mas precisei tomar uma decisão importante: mudar de cidade e estado ou permanecer onde estava.

Ao comunicar minha saída, fui surpreendido com uma contraproposta de um salário até melhor do que o oferecido pela Transnordestina e um cargo de engenheiro. No entanto, mais uma vez aquela inquietude falou mais alto. Senti que o desafio de me mudar e sair da minha zona de conforto era uma oportunidade única para crescer tanto profissional quanto pessoalmente. Então, com uma mala e muita expectativa, deixei o Rio de Janeiro e fui para Pernambuco, onde uma nova fase aguardava.

Quando cheguei à Transnordestina, a obra estava começando a retomar suas atividades de infraestrutura, e muitos equipamentos estavam sem condições de operar devido ao tempo que permaneceram parados, como as máquinas de fabricação de dormentes, britadores e o estaleiro de solda. Com o apoio de uma equipe comprometida, conseguimos reativar todos os equipamentos de fabricação de dormentes, britadores de lastros e o estaleiro de solda para a continuação da montagem de grade, um trabalho desafiador e que me trouxe grande satisfação.

Atualmente, faço parte de uma das maiores obras lineares do país: um projeto de mais de 1.206 km, que liga o sul do Piauí, passando por Pernambuco, até o Porto do Pecém, no Ceará.

Esse trabalho tem me proporcionado uma experiência valiosa, permitindo contato com diversas áreas do setor ferroviário, como industrial (fábricas de dormentes, estaleiro de solda, britadores), material rodante e via permanente. Cada etapa desse projeto tem me ensinado novas habilidades e ampliado meu conhecimento na engenharia ferroviária.

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LinkedIn: Ulisses Silva