[Postei & Saí #2] Minimalismo Digital: É possível ser slow na era do fast?

[Postei & Saí #2] Minimalismo Digital: É possível ser slow na era do fast?

Meu maior medo é ficar de fora

Você, assim como a maioria das pessoas hoje, deve sentir a necessidade de checar o celular a todo momento, mesmo sabendo que nada aconteceu, né?

A vontade de sempre estar ‘informado’ sobre o que está acontecendo nos revela mais uma insegurança dos tripulantes do século XXI: o medo da exclusão.

Vamos analisar: você, heavy user das redes sociais, conseguiria ficar um dia inteiro sem usar o seu celular e/ou verificar suas redes sociais? Difícil, né?

Esse bombardeio de informações causados pelo imediatismo, cada vez mais contribui pra gente ter medo de usar algumas expressões como “eu não sei” ou “não participei disso”.

A farsa oferecida por essa sensação de estar sempre ‘informado’ causa problemas maiores como falta de paciência, foco e principalmente: falta de memória. Você se lembra de todo o conteúdo que consumiu na última semana?

E as indicações de 15 documentários, 20 livros e várias séries que você colocou na sua lista? Ela continua aumentando ou você vem consumindo sem se preocupar com as novidades que chegaram essa semana?

O que eu estou fazendo com minha vida?

Venho observando muito nos últimos meses - após um esgotamento mental - meus hábitos nas redes sociais. Se eu te falar aqui que elas são um recorte feliz da vida das pessoas você provavelmente vai falar: ‘eu já sei disso, por isso não me comparo’. Será?

Eu nunca fui muito materialista com as coisas, mas sempre fui muito focado nos estudos e com meu trabalho. Sou um criador de conteúdo tem pouco mais de 6 anos e nesse tempo passei por várias fases: a da modinha, a mais séria e a impulsiva.

Poucas vezes eu fui influenciado a comprar algo por impulsividade depois de alguém ter indicado e por isso sempre achei que estava imune a essa era da influência digital. Até pouco tempo atrás.

O conhecimento sempre foi algo importante para mim e ver ele distribuído de forma tão fácil na internet sempre me fascinou muito, mas também me deixou mal.

Por quê? Simples: quando eu vejo que não sei de algo, que provavelmente eu acho que deveria saber, me sinto na obrigação de estudar sobre aquilo. O que na teoria é o certo, né? Mas como isso funciona quando essa culpa se repete a cada segundo com o bombardeio de informações?

Isso é tão sério quanto uma compra por impulsividade. Com a facilidade da troca de conhecimento na internet também colocamos nas nossas costas a responsabilidade de sermos ‘especialistas’ em tudo.

Se para o outro é tão fácil montar uma dieta, escrever uma copy que vende milhões, editar um vídeo ou ganhar likes, eu também posso. E claro que podemos, todos nós podemos fazer o que quisermos, mas será devemos?

Quer dizer que precisamos ser bons em apenas uma coisa? Não, ser multifacetado nos torna unicamente quem somos, mas não podemos ser especialistas em tudo que nos propusermos a fazer.

Como as gerações lidam com o imediatismo digital?

Para mim, é um exercício diário tentar não ser engolido novamente pelo imediatismo e sensação de atraso. Quando eu percebo que isso está perto de acontecer, logo tento retomar as rédeas da situação. Acredito que para a minha geração, a Z, seja um fardo cada vez maior.

Eu nasci na transição entre o final da década dos Millennials e o começo da Z, então, vivi o melhor (e o pior) dos dois mundos. Eu mandei sms, fui em lan houses (todo mundo sabe o que é, né?) e tudo que a primeira década dos Anos 2000 nos oferecia.

Mas eu também vi os smartphones nascerem, as redes sociais ditarem nosso comportamento assim como a TV fazia, mas com mais distanciamento, e também vi uma massa de pessoas se deixando levar pelo resultado final sem olhar pela trajetória até chegar nele (me incluo 100%).

Em paralelo, tenho os meus pais. Se digitalizaram durante o caminho, mas usam mais como ferramenta do que como entretenimento. Será que é última geração do equilíbrio foi a X?

Acredito que não. Na geração deles, a estabilização financeira era - e ainda é - muito importante. Então, se doar 100% para um emprego, mesmo que tenha que abrir mão da vida pessoal, sempre vinha em primeiro lugar. Ou seja, cada geração é escrava em alguma medida?

De certa maneira sim. Agora, qual será o destino da Geração Alfa? Os nascidos depois de 2010 já chegam em um mundo globalizado e acelerado. Eles não tem parâmetros de comparação com um tempo off-line, como a geração anterior teve.

E tem outro problema: nós não sabemos lidar ainda com o mercado da internet, porque ele é novo. Meu cargo mesmo não existia oficialmente há 10 anos atrás. Ainda estamos engatinhando nessa realidade, mas a pergunta que fica é: será que nós e quem vem por aí, sabe o impacto dessa cultura da aceleração?

Por isso, morte ao wi-fi?

Se você leu esse texto até aqui deve achar que eu acredito que as redes sociais devem acabar e que a tecnologia vai substituir os humanos, né?

Na verdade penso ao contrário. Não acho que o problema seja as redes sociais e nem a tecnologia, mas seus usuários. Eu me graduei em Marketing e minha formação ensina a causar escassez, imediatismo, consumo e tudo que eu condenei acima, mas acredito que tudo pode ser usado de forma equilibrada.

Para escrever esse texto mesmo eu usei técnicas de escrita, defini ‘dores’ durante toda a narrativa para gerar identificação com você, mas tem uma diferença: tudo que foi escrito é verdade.

As ‘dores’ que citei doem em mim todos os dias e inclusive, usei essa escrita como um exercício para tentar me trazer de volta para o momento presente, além de servir de alerta para outros como eu.

O marketing me possibilitou dar voz para as minhas ideias e jamais vou condenar a digitalização das coisas, mas sim o exagero delas. Aprendi que tudo em excesso faz mal: informação que não agrega faz mal, comer demais faz mal, falar demais faz mal e por isso, procuro cada vez mais o equilíbrio, em tudo.

Mas será que existe uma forma de ser slow na era do fast? Sim! Não é fácil, você vai errar, vai cair no looping do feed infinito novamente, mas precisa se observar para tomar suas próprias decisões e não deixar que elas sejam tomadas por você.

Como equilibrar minha vida on e off?

Depois de tudo isso, você percebeu que o minimalismo digital é algo que eu coloco como prioridade na minha vida hoje, né? Mas não se engane achando que todos os dias eu medito, acordo 5 da matina para abraçar uma árvore e coisas do tipo. Só tento equilibrar, tente você também!

1- Perceba quando você estiver sentindo medo, ao invés de alegria

Seja vendo uma série, uma videoaula ou em um papo com amigos, não se cobre sobre saber de tudo que comentam, nem em ter todas as respostas. Esses são alguns sintomas do FOMO (Fear of the Missing Out, em português: medo de estar perdendo algo) e abaixo, nos materiais complementares, tem um bate-papo descontraído pra você entender mais sobre isso.

2- Tente encontrar as pessoas presencialmente

Deixe que o celular te aproxime apenas das pessoas que estão longe fisicamente, é assim que a tecnologia facilita nossa vida. Relembre como é passar horas batendo papo com um amigo e deixe o celular em segundo plano nesse momento, vai te fazer bem.

3- O mundo não vai acabar se você postar depois

É isso mesmo. Quer registar como você está feliz de estar fazendo algo? Vai com tudo, junta a galera, tira uma foto, mas não se preocupe em postar imediatamente. Provavelmente a foto não vai sumir do seu celular. Viva primeiro o momento e só depois compartilhe.

4- Experimente rolar menos o feed

Já tentou para de seguir tanta gente e fazer uma seleção de pessoas que realmente te fazem feliz? Não quer dizer que vai seguir apenas pessoas que dão dicas profissionais, pode ser um criador de humor também.

Role menos o feed e use mais a lista das pessoas que você segue como guia. Assim como num restaurante, você deve escolher o que quer ver nas redes e não o contrário. Ah, desative as notificações também, né? Pressa pra quê?

5- Limite seu tempo online

Por fim, defina um tempo máximo para ficar na internet e use-o para aprender algo e realmente absorver esse conhecimento. Seja para rir, aprender ou se comunicar com as pessoas que fazem diferença na sua vida, use a tecnologia como ferramenta. Mas o principal objetivo deve ser sua felicidade e não o medo de estar perdendo algo.

Não exclua, equilibre. Até a próxima!

Materiais que valem seu tempo:

Anthony Felipe

Comunicação Corporativa/Endomarketing/Comunicação Interna/Gestão de eventos

2y

Que texto incrível e necessário, Maik! Tudo é questão de equilíbrio, realmente, e não é fácil! Adorei as dicas e confesso que já venho fazendo isso a um tempo, as redes sociais assim como coisas boas, elas também trazem esgotamento! Por uma vida com menos imediatismos 😉🙏

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