Não boicote o seu chefe, ele não veio ao mundo para te prejudicar!
Lemos muitos artigos sobre liderança, não é mesmo? Os temas são na sua grande maioria muito parecidos: Como ser um bom líder, Líderes Inspiradores, Chefes Tóxicos, Chefe ou Líder? E por aí vai...
Mas notei que há pouquíssimos artigos que tratam a liderança a partir da perspectiva do líder ou chefe. Sobre a árdua tarefa de liderar e principalmente sobre como o líder é muitas vezes boicotado pelos seus próprios liderados.
Vou usar o termo chefe neste texto, nem líder nem gestor. Apenas chefe, que pode ter um pouco de líder e um pouco de gestor.
Vamos falar hoje sobre o chefe normal, não daquele líder inspirador das palestras nem daqueles medíocres ou psicopatas, apenas o chefe normal. Aquele que quer cumprir com a sua obrigação, entregar os resultados, motivar e desenvolver a sua equipe com os recursos disponíveis. Pois é gente, esses chefes existem e são muitos, mas pouco se fala deles. Talvez porque a média não seja um assunto interessante ou polêmico.
Ser líder, gestor, chefe, seja lá qual for o título mais adequado, não é tarefa fácil. O fato de administrar pessoas já é um enorme desafio.
Para cada membro da equipe o chefe tem que preparar uma abordagem de comunicação, distribuir tarefas de acordo com as competências, entregar resultados, acompanhar e apoiar a evolução dos projetos, administrar conflitos e trabalhar claro! Como se tudo que eu falei já não fosse trabalho. Chefe bom é chefe hands-on, tem que botar a mão na massa.
Diante de todos os desafios do cargo, o chefe tem também como meta fazer seus liderados trabalharem na sua capacidade total para que as metas sejam atingidas, o resultado entregue a contento e assim todos os empregos serão mantidos.
Quando o seu chefe te pressiona com prazos, qualidade de entrega, pontualidade e foco, ele está fazendo o trabalho dele, que é, como eu disse acima, exigir a sua capacidade total de força de trabalho. Afinal de contas a empresa lhe paga um salário integral e não é nada mais justo que o retorno seja também integral.
Entender o papel do seu chefe na organização, suas responsabilidades com compliance, com a entrega de resultados, a pressão por alta performance, pode te ajudar a entender que seu chefe não tem como objetivo de vida te demitir, destruir seus sentimentos ou simplesmente acabar com o seu dia.
Seu chefe também tem um chefe, seja um Diretor, um CEO, CFO, CIO.., Acionistas ou mesmo os Clientes da empresa. Sempre há um chefe a mais. Todos estão sendo pressionados a oferecer a empresa o seu melhor desempenho.
Boicotar o seu chefe, colocando-se no papel de vítima não vai te ajudar a ter o reconhecimento que almeja, apenas irá causar desgaste da sua imagem e da reputação do seu chefe. Lembre-se quando há conflitos todos os envolvidos ficam marcados, não há vencedor ou perdedor.
Apenas mantenham em mente que estamos falando dos chefes padrões, não dos psicos ou dos brilhantes, ok? Sempre há exceções.
Minha intenção neste texto é um chamamento a um olhar mais compreensivo para os “chefes”, eles não são necessariamente os culpados pela sua frustação profissional.
Não leve para o lado pessoal tudo que o seu chefe te disser, sensibilidade extrema não combina no ambiente de trabalho. Seja profissional e não tente prejudicar o seu chefe com revanchismos atrozes porque se sentiu ofendido por algo que ele disse, quando na realidade deveria pensar em como melhorar seu desempenho, comportamento e atitudes.
Muitas pessoas passam a vida toda em uma empresa, mas nunca ocupam os cargos que querem alcançar e nem conseguem ter o reconhecimento ou a aceitação que acreditam merecer, seja de seus companheiros de trabalho ou de seus chefes. E ficam repetindo aquela típica frase… “Ninguém gosta de mim! Meu chefe me persegue”!
No geral, consideram que o problema é sempre daqueles que estão à sua volta, já que essas pessoas não a compreendem ou a aceitam tal e como é. Além disso, muitas vezes elas sentem que são objeto de inveja de todos aqueles que não conseguiram ser tão hábeis ou inteligentes quanto elas acreditam ser.
Eu sou assim e as pessoas devem me entender. Complexo de Gabriela.
Esse tipo de pessoa defende muito sua forma de ser e dedica enorme quantidade de esforço, energia e tempo para pensar que tudo de errado que está ao seu redor é culpa do chefe ou dos seus colegas de trabalho. Pensa que não a aceitam, ou entendem, sem chegar nem mesmo a tentar ter um pouco de empatia ou compreensão com os demais.
Odeio meu trabalho e estou preparado para algo melhor
Mas isso é só da boca pra fora, pois realmente não fazem nada para obter este “melhor cargo, salário ou emprego” que pensam merecer. Não se esforçam em sair e mostrar suas qualidades – muito pelo contrário – não fazem nem o simples trabalho que têm no momento, por considerar tal trabalho inferior às suas capacidades. Não compreendem que a única maneira de obter uma promoção é demonstrando 100% de preparação para a mesma, e isso só acontece fazendo com que as outras pessoas notem o seu talento, não o seu descontentamento ou seus boicotes a chefia no silêncio dos corredores.
Lembre-se de que, no seu trabalho, a empresa paga por uma versão de você… a versão que pode solucionar problemas.
E essa versão é fundamental na construção e uma relação saudável com o seu chefe, uma relação de cooperação mútua, respeito e profissionalismo.
Somente quando você se transformar na melhor versão de si mesmo conseguirá todas as coisas que considera merecer. Do contrário, ficará preso em um espiral de descontentamento que lhe afundará cada vez mais em sua própria frustração com o mundo. Seja o responsável pela sua vida profissional e aprofunde os laços com seu chefe, essa relação pode ser bem melhor do que você imagina.
Rode Ziembick é especialista na internacionalização de empresas estrangeiras no mercado brasileiro e apoia expatriados e suas famílias no processo de realocação para o Brasil.
Gestão & Finanças | FP&A | M&A | Controller Financeiro
3moNossa, gostei muito do seu texto. Como você mesma disse: “existem poucos artigos que falam da liderança na perspectiva do líder”. Sempre tive essa dor. Geralmente, a literatura nos diz o que temos de fazer e o que temos que aguentar, mas simplesmente não dá para ser o líder perfeito que nos é ensinado em diversas situações. Gostei do enfoque no “Líder possível” do seu artigo. Salvei o texto, pra consultas futuras.
New business @ Pitá
5yRode, adorei seu artigo! Obrigada!
Professor,consultor e educador com especialização em formação de profissionais para a certificação em ANBIMA; B3 ANCORD.
8yDou o mesmo recado aos alunos sobre o professor!