O Glúten e a Doença Celíaca

O Glúten e a Doença Celíaca

O pão é o alimento mais popular no mundo, produzido em quase todas as sociedades. Contudo o pão de antigamente é diferente do pão que se come hoje em dia. Atualmente o pão não é tão saudável, tem substâncias que causam literalmente uma “adição” e tem 40x mais glúten que o original. Além do aumento no consumo, estamos a falar de um trigo geneticamente modificado para aumentar a sua produção e resistência. 

Mas o que é o glúten? O glúten na verdade surge quando as proteínas presentes em alguns cereais como o trigo (gliadinas e gluteninas), centeio (secalinas), e cevada (herdeínas) se misturam com água. Esta mistura forma literalmente uma cola (glúten do latim: cola) que tem as características de maior resistência ao calor, elasticidade e uma aparência mais atraente do alimento.

No mundo existem milhões de pessoas que sofrem da incapacidade de digerir este tipo de alimentos que contém glúten. A sensibilidade ao glúten é variável de acordo com cada indivíduo, e existe num amplo espectro de possibilidades e sintomas.

 A doença Celíaca clássica é uma enfermidade auto-imune desencadeada pela ingestão de glúten em indivíduos com predisposição genética HLA classe II DQ2 e DQ8. Os sintomas principais são gastrointestinais como a diarreia, gases excessivos, dores abdominais, anemia e desnutrição. Entretanto, existem casos em que a doença celíaca é atípica, ou seja, em que em os sintomas não parecem estar ligados à doença pois são extra-intestinais como asma, rinite, artrites, enxaquecas, anemia crónica, transtornos psiquiátricos, infertilidade, aftas, doenças da tiróide, hepáticas, urticária crónica, dermatite herpetiforme, psoríase entre outros. 

Entre os exames para identificação da doença temos a dosagem dos anticorpos antigliadina, antiendomísio, anti-transglutaminase tecidular 2, 3 e 4. Mas devemos lembrar que dos 51 peptídeos das proteínas do glúten somente os 10 principais podem ser avaliados laboratorialmente. 

Portanto, alguns pacientes acabam por ter um resultado negativo e nestes casos, a o diagnóstico clínico é o mais importante. Os marcadores genéticos HLA-DQ são uma mais valia em pacientes com sintomas extra-intestinais e casos de familiares celíacos. Nestes casos há marcadores genéticos em glóbulos brancos como HLA-DQ2, HLA-DQ8, HLA-B8. A biópsia do intestino delgado deve ser realizada na suspeita de doença celíaca assim como a caracterização histológica (Critérios de Marsh).

Por outro lado, temos os indivíduos que aparentemente não têm qualquer tipo de problema com o glúten. E entre um e outro extremo, uma enorme quantidade de indivíduos sofre mais ou menos com sintomas diversos de intolerância a esta substância, como é o caso da Sensibilidade não Celíaca ao Glúten. Também conhecida como Síndrome da Intolerância ao Trigo (SIT), refere-se aos indivíduos que relatam sintomas digestivos e/ou extra intestinais, que desaparecem quando o trigo é eliminado da dieta. Estes indivíduos apresentam recidiva dos sintomas quando o trigo é re-introduzido, não apresentam atrofia vilositária da mucosa duodenal e ausência dos anticorpos celíacos. Está é a entidade mais difícil de diagnóstico de todas as doenças geradas pelo consumo do glúten. 

O indivíduo passa a vida inteira a sofrer sintomas desagradáveis diversos sem os relacionar e acaba por não se tratar. Os principais sintomas são gases, dores abdominais, perda de peso, cefaleia, confusão mental e dermatites.

 Em alguns casos também foram detectados dores ósseas e articulares, fadiga, anemia. Pessoas com doenças auto-imunes, enxaquecas, quadros alérgicos respiratórios, urticária, tudo pode melhorar substancialmente com uma alimentação funcional e isenta de glúten.

Desta forma, escolher os alimentos certos e ter consciência dos danos que alguns deles podem causar é primordial para ter uma boa saúde física e principalmente cerebral. A dieta sem glúten é essencial para todos os que sofrem dos males citados acima. Faça um teste e evite glúten por cerca de 21 dias e veja como o seu corpo reage. Dê valor aos sintomas e cuide da sua alimentação.

Vamos envelhecer com saúde. 

Gluten and Celiac disease

Bread is the most popular food in the world, produced in almost all societies. Although the bread of yesteryear is different from the bread that is eaten today. Currently, bread is not so healthy, it has substances that literally cause an "addition" and it has 40x more gluten than the original. In addition to the increase in consumption, we are talking about a genetically modified wheat to increase its production and resistance.

But what is gluten? Gluten actually arises when the proteins present in some cereals such as wheat (gliadins and glutenins), rye (secalins), and barley (heirs) are mixed with water. This mixture literally forms a glue (gluten from Latin: glue) that has the characteristics of greater resistance to heat, elasticity and a more attractive appearance of the food.

There are millions of people in the world who suffer from the inability to digest this type of food that contains gluten. The sensitivity to gluten varies according to each individual and exists in a wide range of possibilities and symptoms.

 Classical Celiac disease is an autoimmune disease triggered by the ingestion of gluten in individuals with genetic predisposition HLA class II DQ2 and DQ8. The main symptoms are gastrointestinal symptoms such as diarrhea, excessive gas, abdominal pain, anemia and malnutrition. However, there are cases in which celiac disease is atypical, that is, in which the symptoms do not appear to be linked to the disease as they are extra-intestinal such as asthma, rhinitis, arthritis, migraines, chronic anemia, psychiatric disorders, infertility, thrush, thyroid, liver, chronic urticaria, herpetiform dermatitis, psoriasis, among others.

Among the tests to identify the disease we have the dosage of antigliadin, anti-endomysium, anti-tissue transglutaminase antibodies 2, 3 and 4. But we must remember that of the 51 peptides of the gluten proteins, only the top 10 can be evaluated in the laboratory.

Therefore, some patients end up having a negative result and in these cases, the clinical diagnosis is the most important. The HLA-DQ genetic markers are an asset in patients with extra-intestinal symptoms and cases of celiac relatives. In these cases, there are genetic markers in white blood cells such as HLA-DQ2, HLA-DQ8, HLA-B8. The biopsy of the small intestine should be performed on suspicion of celiac disease as well as histological characterization (Marsh criteria).

On the other hand, we have individuals who apparently do not have any problems with gluten. And between one extreme and the other, a huge number of individuals suffer more or less with different symptoms of intolerance to this substance, as is the case with Non-Celiac Sensitivity to Gluten. Also known as Wheat Intolerance Syndrome (SIT), it refers to individuals who report digestive and / or extra-intestinal symptoms, which disappear when wheat is eliminated from the diet. These individuals present recurrence of symptoms when the wheat is re-introduced, they do not present villous atrophy of the duodenal mucosa and absence of celiac antibodies. This is the most difficult entity to diagnose all diseases caused by the consumption of gluten.

The individual spends his whole life suffering unpleasant symptoms without relating them and ends up not being treated. The main symptoms are gas, abdominal pain, weight loss, headache, mental confusion and dermatitis.

 In some cases, bone and joint pain, fatigue, anemia have also been detected. People with autoimmune diseases, migraines, allergic respiratory conditions, hives, everything can improve substantially with a functional and gluten-free diet.

Thus, choosing the right foods and being aware of the damage that some of them can cause is essential to good physical and especially brain health. The gluten-free diet is essential for all who suffer from the ailments mentioned above. Get tested and avoid gluten for about 21 days and see how your body reacts. Value the symptoms and take care of your diet.


Let's grow old with health.

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