O problema é a Geração Z ou o Conflito Geracional?

Facilidade em trocar de emprego, busca por ambientes inclusivos e apego à tecnologia. Parece uma descrição sobre a Geração Z, mas também se aplica a geração anterior. Os Millennials, que agora ocupam cargos de destaque nas organizações, até pouco tempo eram rotulados de um modo semelhante ao Zoomers, e talvez repliquem para outros grupos os mesmos rótulos que ouviram ao entrar no mercado de trabalho. Nesse cenário, é impossível não lembrar de um meme muito famoso na cultura pop: o Spider-Man Pointing.

Derivado de um episódio da série animada do Homem-Aranha na década de 1960, o frame virou um símbolo para situações de confusão, identificação e hipocrisia. A capa deste artigo é uma recriação do frame, realizada durante as gravações de Homem-Aranha: Sem Volta para a Casa, longa estrelado por Tom Holland que reuniu Andrew Garfield e Tobey Maguire, que já viveram o herói em sagas anteriores. Curiosamente, tomando a idade dos atores como base, temos, convivendo num mesmo multiverso, as gerações X, Y e Z.

Grandes poderes

Da chamada Geração Silenciosa à Geração Z, não foram poucas as mudanças causadas pelo tempo. Um universo de diferenças identifica, e algumas vezes separa, grupos que estão temporalmente próximos, mas apresentam saltos consideráveis, já perceptíveis entre a própria Geração Silenciosa (1928 a 1945) e os Baby Boomers (1946 e 1964). Colocando um foco no recorte das gerações X, Y e Z, diretamente afetadas, cada uma numa proporção, pelos avanços tecnológicos, as diferenças são ainda mais notáveis.

Com todas suas singularidades, nenhuma geração escapou dos estereótipos. Nesse caso, vale pensar o quanto os poderes individuais de cada uma delas foi impedido ou atrasado por um preconceito inicial.

Na Geração X, por exemplo, conhecida como aquela que trabalha para pagar as contas e começou a pensar sobre qualidade de vida, a autoconfiança foi muitas vezes chamada apenas de individualismo. No caso da Geração Y, classificada como a que trabalha para satisfazer desejos de consumo, a busca por experiências e por valores de bem-estar coletivo foi, muitas vezes, suprimida pela falta de características como foco e paciência. Será que o mesmo não está acontecendo com a Geração Z?

Grandes responsabilidades

É inevitável que em cada geração hajam defeitos e qualidades. Porém, se no multiverso da Marvel, três gerações de Peter Parker precisaram trabalhar juntas, no multiverso do mercado de trabalho não é diferente. Assim como no filme, em que cada Spider tem conhecimentos específicos sobre seus vilões, suas habilidades e seus universos, e só quando unidos por um mesmo plano vencem, na vida real é preciso escutar para performar melhor. É o clássico, e infalível, clichê da união que faz a força.

Cedo ou tarde, todas as gerações ingressarão no mercado de trabalho. Embora não seja fácil, deve haver uma tentativa de esquecer o juízo de valor, sem minimizar o conflito. Sendo o conflito uma oposição de ideias e uma expressão de pluralidade, ele é também riqueza e possibilidade de crescimento pessoal e profissional para todos os envolvidos e para a própria empresa. Se no cinema o conflito é essencial para uma história de sucesso, porque não aproveitar o melhor que ele pode oferecer também na vida real?