Ouvir
Em uma pesquisa primariamente qualitativa, ouvir é verbo mais importante do que pensar. Temos que fazer varias escolhas com relação a metodologia, mas o ato de ouvir domina o ambiente, principalmente quando se busca profundidade no tema escolhido.
O desafio maior da pesquisa qualitativa é aprender a rara capacidade de se ouvir teoreticamente, agregando epistemologias e ontologias.
Ouvir uma pessoa é se permitir conhecer a visão do mundo em que ela habita.
Sim, o mundo possui inúmeras visões, calorosas, esperançosas, frustradas, aventureiras, otimistas, derrotistas e outras mil, que desfilam incólumes a passagem do tempo.
Ao entrevistar vários mundos, busco o que há de comum entre eles, o padrão das tramas que se entrelaçam em eventos moldados pela sociedade, e que se tornam a o bordado no qual a humanidade navega em movimento uníssono.
As pessoas tendem a gostar de falar, mas sob suas próprias regras. O nosso desafio é descobrir e se apropriar destes códigos, de tal modo que o conhecimento acerca das inúmeras possibilidades possa ser catalogado, explicado e utilizado para gerar conhecimento.
Ouvir significa considerar o contexto, o background do entrevistado e sua realidade atual, sua profundidade. Tenho temor desta expressão que é colocada repetidamente nos livros técnicos sobre pesquisa: em profundidade. Quem sou eu para entrar em um mundo alheio e mergulhar na profundidade das várias realidades? São tantos os obstáculos que fica a tentação de limitar tais opções e buscar uma profundidade customizada, relativizada como fazemos nos dias atuais.
Apenas com a pratica, e confesso que com a dificuldade natural de quem pensa e fala rápido demais para essa geração, percebi a importância de sair de um lugar confortável, onde a estatística molda a realidade em intervalos de confiança e me jogar em um mar de perspectivas.
Essa expectativa da profundidade me mostrou o tanto que não tinha consciência da minha própria visão de mundo, e esse exercício, mais do que um dever de pesquisa, transformou a minha visão da existência, onde encontro sinfonias em palavras.
Prossigo para o alvo, como em uma maratona extenuante, conhecendo mundos inexplorados, acrescentando camadas e novas dimensões a minha própria realidade, adquirindo assim a habilidade de um interprete, traduzindo mundos para compor vários universos.
SCS- www.worldinresearch.com
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To Listen
In Qualitative Research, listening is a more important verb than thinking. We have to make several choices regarding methodology, but the act of listening dominates the environment, especially when looking for depth in the chosen topic.
The biggest challenge of qualitative research is to learn the rare ability to listen theoretically, adding epistemologies and ontologies.
Listening to a person is allowing yourself to know the vision of the world they inhabit.
Yes, the world has countless visions, warm, hopeful, adventurous, optimistic, defeatist and a thousand others, which parade unscathed through the passage of time.
By interviewing various worlds, I look for what they have in common, the pattern of the weaves that intertwine in events shaped by society, and that become the embroidery in which humanity navigates in unison.
People tend to like to talk, but under their own rules. Our challenge is to discover and appropriate these codes, in such a way that knowledge about the countless possibilities can be catalogued, explained and used to generate knowledge.
Listening means considering the context, the interviewee’s current reality, their depth. I am afraid of this expression that is placed repeatedly in technical books on research: in depth. Who am I to enter a foreign reign and delve into the depths of various realities? There are so many obstacles that the temptation remains to limit such options and seek a customized depth, relativized as we do nowadays.
Only with practice, and I confess that with the natural difficulty of someone who thinks and talks too fast for this generation, I realized the importance of leaving a comfortable place, where statistics shape reality in confidence intervals and throwing myself into a sea of perspectives.
This expectation of depth showed me how much I was unaware of my own worldview, and this exercise, more than a research duty, transformed my vision of existence, where I find symphonies in words.
I proceed towards the target, as in a strenuous marathon, discovering unexplored worlds, adding layers and new dimensions to my own reality, thus acquiring the skill of an interpreter, translating worlds to compose several universes.