Ser perfeccionista não é um “defeito positivo”
É comum ouvir as pessoas dizerem que o maior defeito delas é o perfeccionismo como uma forma de reforçar a imagem de profissionais excelentes capazes de entregar resultados impecáveis – mas esse comportamento está longe de ser uma “falha positiva”.
Sentir a necessidade de revisar e aprimorar trabalhos ou ficar triste quando algo não sai como o esperado é normal, mas, se você se culpa constantemente por cometer erros e foge de tarefas que o/a possam levar ao fracasso, você está bloqueando o seu próprio sucesso.
Para um dos estudiosos mais influentes da área de recursos humanos, Adam Grant , a busca pela perfeição nos prende numa espiral de visão limitada e de repulsa por erros: ela nos impede de enxergar os problemas mais graves e nos especializa em habilidades cada vez mais restritas.
No livro “Potencial oculto”, Grant explica que uma das motivações para o perfeccionismo é o peso dado aos julgamentos alheios. Indivíduos com esse comportamento se baseiam nas expectativas dos outros e tendem a achar que serão vistos como fracassados após cometer um único erro.
Além de ser um fator de risco para depressão, ansiedade, burnout e outros transtornos de saúde mental, esse pensamento não condiz com a realidade: estudos já concluíram que as pessoas não julgam a competência dos outros com base em uma falha. Elas dão mais importância aos pontos altos do que aos baixos.
Ou seja, se queimarmos uma refeição, raramente seremos vistos como péssimos na cozinha. Se esquecermos o dedo em cima da lente da câmera, não vão achar que somos fotógrafos ruins. As pessoas sabem que esses erros foram momentâneos.
Então, como desapegar do perfeccionismo e tolerar as próprias imperfeições?
Quando nos importamos com um objetivo, é difícil ter a disciplina de escolher o que priorizar, o que minimizar, quando parar e como aceitar as falhas inevitáveis, mas, para Grant, a solução está na definição de uma meta precisa e desafiadora.
De acordo com as pesquisas compartilhadas pelo autor, ter padrões pessoais elevados é o verdadeiro impulsionador do crescimento. Assim, paramos de nos martirizar por fracassos e nos concentramos no progresso.
Com essas pequenas conquistas, as expectativas tendem a aumentar. Quanto melhor é nosso desempenho, mais exigimos de nós mesmos e menos percebemos as melhorias graduais.
“No fim das contas, a excelência vai além de suprir as expectativas dos outros. Também se trata de corresponder às nossas próprias expectativas. Afinal, é impossível agradar todo mundo. A questão é se estamos decepcionando as pessoas certas. É melhor decepcionar os outros do que decepcionar a si mesmo”, destaca o especialista.
Grant diz ainda que, para apreciar nossos avanços, precisamos lembrar como nossa versão passada encararia nossas conquistas de hoje. Então, se você soubesse há cinco anos o que conquistaria agora, sentiria orgulho?
Para saber mais sobre os estudos envolvendo o perfeccionismo e como fortalecer as habilidades necessárias para alcançar suas metas, leia “Potencial oculto”, escrito por Adam Grant.
O autor, que também escreveu os livros “Dar e receber” e “Originais”, é considerado um dos 40 melhores docentes de administração com menos de 40 anos. Entre seus clientes de consultorias e palestras estão Google, Merck, Goldman Sachs, IBM, Disney Pixar, Fórum Econômico Mundial e ONU.