Telessaúde: a importância da padronização e gerenciamento de riscos

Telessaúde: a importância da padronização e gerenciamento de riscos

Nos últimos anos e principalmente durante a pandemia, a Telessaúde apareceu como uma ferramenta revolucionária no campo da assistência médica. Este avanço tecnológico está mudando radicalmente a forma como os pacientes acessam e recebem cuidados médicos, desempenhando um papel crucial na garantia de acesso à saúde para todos. O Senac realizou um evento com o tema "Telemedicina - Como garantia de acesso ao cuidado especializado". O encontro ressaltou a relevância dessa abordagem e deixou claro que a Telessaúde vai muito além de simples consultas virtuais: é um sistema abrangente que tem o potencial de melhorar significativamente a qualidade da gestão, do acesso e do cuidado dos pacientes ao sistema de saúde.

No entanto, a Telessaúde não é uma solução simples e direta. Ela exige a implementação de critérios rigorosos para a sua aplicação correta, tanto para a inclusão quanto para a exclusão de pacientes. É fundamental que o paciente correto seja direcionado para o atendimento, com base em suas necessidades específicas, focando o desenvolvimento de planos de atendimento individualizados que atendam às demandas de cada paciente.

A verdadeira importância da Telessaúde vai além do atendimento virtual. Trata-se de estruturar uma linha de cuidado que abrange desde o processo de elegibilidade do atendimento até o final de seu tratamento. Isso requer obrigatoriamente a participação ativa do paciente, a definição de protocolos específicos para as condições de saúde mais prevalentes e a conformidade com as regulamentações nacionais e estaduais que regem a Telessaúde.

Além disso, a segurança dos dados dos pacientes deve ser uma prioridade. Um comitê de ética e prontuário é essencial para garantir que as informações confidenciais dos pacientes sejam protegidas. Instituições de saúde também devem implementar políticas de acessibilidade para garantir que todos os pacientes tenham igualdade de acesso aos serviços de atendimento.

A implementação bem-sucedida da telemedicina requer um sistema de feedback do usuário para medir a satisfação do paciente e adaptar os serviços conforme necessário. Apenas oferecer consultas virtuais não é suficiente: é importante que os pacientes se sintam envolvidos e satisfeitos com o atendimento que recebem.

Durante o evento do Senac, compartilhei experiências com a Dra. MARIZETE MEDEIROS , relacionadas ao teleatendimento de presidiários no estado de São Paulo, e com a Dra. Paula Gobi Scudeller sobre o Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (HC USP), que apresentou um programa específico para as comunidades ribeirinhas do norte do Brasil. Esses dois exemplos são importantes demonstrações de como a Telessaúde pode quebrar barreiras geográficas e sociais para oferecer cuidados especializados.

Em locais onde o acesso à saúde é limitado ou inexistentes assistenciais, como presídios e áreas rurais e isoladas, com acesso limitado a serviços médicos de qualidade, a Telessaúde proporciona uma oportunidade única de acesso a consultas médicas, diagnósticos e tratamentos.

Em resumo, a telemedicina é uma ferramenta complexa que exige o envolvimento de todas as partes interessadas, desde pacientes até profissionais e organizações de saúde e instituições médicas. Ela oferece uma oportunidade valiosa de melhorar o acesso à saúde, superando barreiras geográficas e sociais. No entanto, para que a telemedicina atinja seu pleno potencial, é essencial que seja implementada com cuidado, atendendo a critérios rigorosos e garantindo a segurança e a satisfação do paciente em todos os estágios do processo.

A Telessaúde é mais do que uma inovação tecnológica, é uma ferramenta poderosa que:

  • Aumenta o acesso a cuidados especializados urgentes e oportunos;
  • Aumenta a capacidade e a eficiência dos especialistas;
  • Reduz o tempo de espera para consultas e visitas de acompanhamento;
  • Diminui as visitas ao departamento de emergência e o tempo que os pacientes passam nos hospitais;
  • Reduz o desconforto e a ansiedade associados aos pacientes que viajam para receber serviços;
  • Diminui os custos e as emissões de carbono associadas às viagens dos pacientes;
  • Conecta equipes de atendimento para proporcionar maior continuidade do cuidado;
  • Conecta familiares distantes com pacientes de longa permanência;
  • Conecta profissionais da saúde para compartilhar conhecimentos;
  • Integra-se aos modelos convencionais de cuidado;
  • Mantém pacientes em suas casas e comunidades por mais tempo.

Apesar dos benefícios que a Saúde Virtual traz para pacientes, médicos e o sistema de saúde, existem várias barreiras que estão impedindo a expansão dos serviços. Isso inclui a falta de financiamento compartilhado e uma estrutura única de gerenciamento e governança, regulamentos inconsistentes de privacidade e segurança, variações nas qualificações e privilégios entre programas, redes e processos complicados de agendamento e reserva.

No fundo, essas barreiras são causadas pela falta de padronização no desenvolvimento e fornecimento de serviços de Telessaúde, e a acreditação dos serviços de Telessaúde faz com que possamos validar os procedimentos, gerenciar os riscos e certificar a qualidade da assistência aplicada.

Adrianos Loverdos

Gerente Médico na B+ Auditoria Médica

1y

Rubens Covello, MD, BBA, PCHA, MBA Sempre atual e objetivo! Cirúrgico em suas conclusões!! Uma referência e um exemplo.

Gustavo Collares

Diretor Executivo no Hospital Unimed Fortaleza

1y

Excelente discussão! Precisamos debates mais este tema. 

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