Tem Sabotadores na Educação!
Você reparou que após o COVID-19 todos os processos de gestão estão complexos e muito difíceis? Que por mais que você encontre soluções criativas para dar sentido aos trabalhos, diversos obstáculos aparecem e acabam drenando seus pensamentos e energias?
Vou te ajudar a entender esse momento. É um movimento muito sutil, fruto da ação do tempo, de um vilão sorrateiro que vem influenciando toda a sua jornada e complicando sua visão de futuro e suas decisões do presente. Existe uma "Gang" como integrantes poderosos que precisam ser identificados e neutralizados. São os Sabotadores Emocionais.
Mas qual a conexão dos Sabotadores Emocionais com os processos de Educação?
Para explicar o conceito utilizaremos a definição de autossabotagem: está ligada a pensamentos negativos e de baixa energia, associados a emoções como: raiva, stress, ansiedade, auto julgamento, julgamento de outras pessoas, medo, insegurança, dominação, comprometimento, autoestima, resiliência, etc.
A sabotagem vem desde nossa infância, quando não tínhamos maturidade emocional para lidar com determinadas dificuldades ou desafios, situações do nosso dia a dia. Com intuito de nos proteger, nosso cérebro, cria uma proteção, uma forma de ver o mundo e interpretar a realidade, criando padrões de comportamento. Na medida em que o tempo passa e crescemos, o cérebro se mantem no módulo proteção e não nos deixa amadurecer. Ele engessa um comportamento. O que antes era uma proteção (infância) e hoje é uma gaiola (não serve mais) são conhecimentos antigos.
Todas as pessoas convivem com seus sabotadores. Em determinados momentos um deles está dominando, em outros momentos, ele enfraquece. Porém existem algum deles que são mais insistentes e passam a acompanhar nosso dia a dia de maneira determinante. Existe um determinado padrão de atitudes para cada um deles e, o mais interessante é que eles podem atuar sozinhos ou acompanhados. Através de processos dirigidos, é possível identificar dez sabotadores diferentes, que merecem ser conhecidos:
- CRÍTICO INTERNO: é a sua própria capacidade de criticar o que faz. Também atua criticando aos outros. Ele é considerado o líder do grupo pois impacta diretamente no nível de exigência mental que você apresenta. O Crítico Interno articula e organiza os demais sabotadores.
- HIPER REALIZADOR - apresenta-se através da alta quantidade de tarefas que você tem necessidade de realizar. Atribuem sentido e valor à vida a partir daquilo que está realizando. Ligados diretamente ao número de ações e tarefas para um determinado projeto ou decisão. A pessoa não consegue se preencher por ela mesma. Se preenche por imagens externas de sucesso.
- INSISTENTE: o perfeccionismo levado longe demais. A cobrança em um nível de excelência altíssimo. Pessoa muito difícil de ser agradada, pois o mundo é construído a partir do que é certo e do que é errado. Eu sei o certo e todo mundo está errado. Essa personalidade tem dificuldade em desenvolver a plasticidade emocional, pois somente ela tem capacidade de resolver tudo. Gasta muita energia para tornar algo perfeito.
- HIPER VIGILANTE: gerador automático de ansiedade pois sente-se ameaçado constantemente, por isso vigia constantemente todos os detalhes. Pensa a partir do que pode dar errado. Vê tragédias e catástrofes em todos os processos, dando proporção gigantescas a alguns pontos. Perde muito tempo criando histórias mentais que tem sempre um final ruim.
- INQUIETO: tem dificuldade em parar quieto. Muda constantemente de atividade sem finalizar nenhuma delas. Muita iniciativa e pouca acabativa. Na maior parte do tempo buscam o prazer nas relações e situações e projetam sua realização pessoal no futuro. Esta pessoa está sempre no futuro que é prazeroso, desconectando-se do presente, aproveitando pouco as experiências do agora.
- PRESTATIVO: pensa em todas as pessoas, menos em sí. Quer suprir alguma necessidade ou carência interna e projeta isso para a realização e o serviço ao próximo. Dá prioridade às necessidades alheias, preenchendo sua agenda e procrastinando seus processos. Sempre tem uma desculpa para justificar aquilo que deixou de fazer.
- HIPER RACIONAL: segue a tendencia de colocar tudo em padrões lógicos, inclusive o comportamento das pessoas. Padronizam definições a partir da concepção de que tudo tem um início, um meio e um fim. Acredita na força dos processos e busca controlar tudo a partir dele. Cria controles e padrões que transformam tudo em experiências pragmáticas.
- CONTROLADOR: tem a necessidade de controle das coisas, dos processos e das pessoas. Tudo tem que sair do jeito que ele quer, todas as pessoas devem agir da forma como ele espera. Ele pensa que está fazendo um favor para o mundo ao controlar e concentrar decisões, por isso estressa o sistema.
- VÍTIMA: pessoa com tendência à martirização. Queixa-se para chamar atenção para sí mesmo. Desenvolve uma manipulação afetiva levada ao extremo. Tem medo de perder e estar fora dos processo. Se justifica a partir de uma fraqueza pessoal ou de uma doença.
- ESQUIVO: é muito focado nas coisas positivas e deixa de fazer o que é desagradável. Escapa dos conflitos, Investe muita energia para se lembrar do que tem que fazer. Distrai-se com facilidade e desenvolve pouco vinculo afetivo. A responsabilidade e o enfrentamento impedem seu desenvolvimento. Tem sempre uma opinião neutra, posicionando-se de forma indecisa.
É aqui que este artigo fica mais interessante...quando transportamos esses sabotadores para os seres humanos e mais, quando compreendemos que uma equipe de trabalho trás esses sabotadores para todos os lugares e tempos quando precisam fazer escolhas. Uma pequena reunião de planejamento pedagógico, por exemplo, se transforma é um complexo sistema de povoado de interferências, pois os sabotadores emocionais são as vozes internas que cada um de nós ouvimos em tudo o que fazemos. Aparecem em pensamentos como estes: Eu te disse que não ia dar certo! Aquela pessoa tem pouca inteligência! É muita coisa pra fazer com o salário que ganho! Eu não tenho competência ou habilidade para fazer isso! Tecnologia não é do meu tempo!
Um bom gestor educacional deve conhecer seus próprios sabotadores e estimular que sua equipe também faça seu próprio processo de desenvolvimento.
No meu mundo, onde desenvolvo meu método particular de gestão, conhecer os Sabotadores é apenas um passo. Quando articulo todos os pilares consigo tomar decisões mais efetivas e estreitar comunicação com meus colaboradores. E essa metodologia ativa, que antes estava distante do mundo da Educação agora já é uma realidade. Faz parte da minha realidade. Também pode fazer parte da sua.