Olhar do Pólis: a COP29 para além do financiamento
A chamada “COP do Financiamento”, em seu acordo final, propôs um valor muito abaixo do necessário para mitigar os impactos do aquecimento global e cumprir o Acordo de Paris, prevendo um investimento de apenas US$300 bilhões por ano até 2035, sendo que a expectativa e demanda dos países do Sul Global era de 1,3 trilhões. Comparativamente, apenas a recuperação após o desastre das enchentes no Rio Grande do Sul é de 17 bilhões de dólares.
Apesar disso, tivemos algumas perspectivas positivas para a agenda de metano e resíduos sólidos, especificamente. As discussões em torno da prevenção de desperdício e perda alimentar, mitigação de metano e a relevância do setor de resíduos sólidos ganharam mais força este ano, sendo visualizadas como uma solução econômica a curto prazo que impediria o aumento das temperaturas globais, sob o Acordo Global do Metano. Os países que representam 50% das emissões de metano do setor de resíduos se comprometeram com ações específicas para a redução de resíduos orgânicos e emissões de metano e um grupo de países da América Latina (incluindo Brasil), destacaram importância do setor estar nas NDCs a serem apresentadas na COP30, considerando catadoras/es dentro das ações.
Nosso time esteve presente em 5 painéis e eventos debatendo as alternativas e possibilidades para o financiamento climático no setor de resíduos para uma transição justa. Estivemos presentes no pavilhão Methane Action Hub, conversando sobre estratégias econômicas para reduzir as emissões nos aterros e importância da transição justa pro setor. Discutimos os panoramas e gargalos para fortalecer o trabalho de catadoras/es e cidades na mitigação do metano em um dos eventos oficiais da UNFCCC e no Pavilhão do Brasil. No pavilhão Action on Food Hub, pudemos debater a importância da juventude dentro dessas temáticas.
Marcamos presença também em inúmeros debates e espaços de diálogo com o objetivo de fortalecer temas caros para o Pólis, como a transição energética justa e popular, a centralidade da pauta urbana na discussão climática e o protagonismo de grupos historicamente vulnerabilizados e discriminados na construção de perspectivas de uma adaptação climática baseada no direito à cidade. Levamos nossos dados, propostas e vozes para demonstrar que, sem uma perspectiva feminista, antirracista e socialmente justa, não será possível fazer frente à crise climática, já que ela decorre em sua essência de um sistema fundado em injustiças.
Gostaríamos, por fim, de agradecer todos os parceiros que estiveram conosco, fortalecendo e engrandecendo os debates, especialmente GAIA (Global Alliance for Incinerator Alternatives) e Global Methane Hub. Ainda há muito a ser construído até a COP30, que será sediada em Belém/BR, mas acreditamos que temos uma oportunidade fundamental para demonstrar que a mitigação de metano dentro do setor de resíduos é alcançável.
Vamos continuar na busca por um futuro mais justo!