Rubens Paiva, de 'Ainda Estou Aqui', segue vivo no cinema e na arte urbana A arte é poderosa, capaz de mudar vidas e mesmo de imortalizar algumas. Hoje, o nome de Rubens Paiva está mais vivo do que nunca graças ao filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles. Há 10 anos, Rubens Paiva já havia sido imortalizado justamente em frente ao último lugar onde ele foi visto vivo. O DOI-Codi do Rio de Janeiro não existe mais. Ali, hoje funciona o Batalhão de Polícia do Exército. Em frente, fica a praça Lamartine Babo, que desde 12 de setembro de 2014 tem como mais ilustre morador o imortal Rubens Paiva. Sim, imortal. Nas palavras do autor da obra, o escultor Edgar Duvivier, "só faço gente que julgo merecer a imortalidade." A instalação não se deu de maneira tranquila. O escultor diz que curiosos chegavam perto para saber quem era. Ao saber o nome do homenageado, alguns aplaudiam e outros diziam ofensas, criando quase uma briga entre os dois lados. Para o artista, "a escultura é importante porque dá visibilidade e eternidade a quem não tinha. A nossa memória vai desaparecendo e o esquecimento é perigoso. O esquecimento faz as pessoas incorrerem nos mesmos erros. A gente passa e a escultura fica, sempre lembrando quem era essa pessoa, o que que ele fez, porquê sumiu, porquê morreu." O busto segue imponente e vivo no Rio de Janeiro. Justamente em frente ao lugar que não podemos apagar da memória, para que a história não se repita, como bem reforçou Duvivier. O tempo tratou de manchar a escultura e a praça está com grama alta. Os frequentadores da praça esperam que a praça seja revitalizada e o busto limpo, aproveitando que o filme trouxe a história do deputado à luz novamente. Duvivier fez dois bustos de Rubens Paiva no Rio de Janeiro, o outro se encontra na estação de metrô Engenheiro Rubens Paiva --eternizado duas vezes, no nome da estação e na escultura. Com o lançamento do filme que conta a história do deputado que foi assassinado pela ditadura militar, ressurgiu a notícia do outro busto de Rubens Paiva, este na Câmara dos Deputados, em Brasília. Em sua inauguração, em abril de 2014, uma pessoa passou na cerimônia vaiando e simulando uma cusparada. O ato desrespeitoso foi feito por um deputado que depois se tornou presidente, cujo nome é melhor não eternizar aqui nem em nenhum outro lugar. @SplashUOL #arteforadomuseu #arteurbana #arte #escultura #busto #cinemanacional #rubenspaiva #aindaestouaqui
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Atualizações
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O mistério da estátua no meio do oceano Atlântico Quando Cristóvão Colombo saiu da Europa ele passou por uma ilha onde havia uma estátua de um homem sobre um cavalo apontando a direção que ele deveria seguir rumo à terra até então desconhecida pelos europeus. Alguns anos depois, Pedro Álvares Cabral passou pela mesma ilha antes de chegar ao Brasil. Dessa vez, a estátua apontava um pouco para baixo, rumo à costa nordeste brasileira. Esses relatos comuns entre os moradores desta ilha não batem e dificilmente são verdadeiros. Uma estátua não mudaria de lugar e não há registro de nenhum desse navegadores encontrando a tal ilha com a estátua. A ilha existe, se chama Ilha do Corvo. Já a estátua, ou o que sobrou dela, é uma questão mais misteriosa. Localizado no meio do Oceano Atlântico, a Ilha do Corvo é o ponto mais ocidental de Portugal, estando a quase 1500 km de distância da costa portuguesa. Se olhar no mapa, é possível perceber que a ilha está já na parte oeste do oceano Atlântico, praticamente na América. Com 17,21 km² de área e menos de 400 habitantes, a Ilha do Corvo tem em uma estátua de um homem sobre um cavalo sua figura mais ilustre. A história da estátua começa justamente na descoberta do pedaço de terra por Diogo de Teive em 1452, 40 anos antes da viagem de Colombo. As crônicas portuguesas contam que foi encontrada na ilha uma estátua de um homem a cavalo, de pé sobre um pedestal com uma inscrição em letras gastas que eles não conheciam. A estátua foi descrita como sendo de pedra de um homem apontando para o oeste, seu braço direito e dedo indicador estendidos, enquanto a mão esquerda descansava na crina do cavalo. O homem usava uma túnica moura. A estátua estaria localizada no lado noroeste da montanha do Corvo, em um local tão inacessível que, em suas tentativas de fazer cópias da escrita no pedestal, os marinheiros portugueses teriam sido forçados a usar cordas para alcançá-la. Esses relatos foram feitos mais de um século após a descoberta da ilha por Diogo de Teive, na crônica do príncipe Dom João de Góis de 1567, recolhendo histórias contadas por quem participou das expedições naquele período. São detalhes muito precisos para que sejam apenas frutos de lendas de viajantes marítimos. A crônica relata que o rei Manuel I enviou o desenhista Duarte de Armas para fazer um esboço da estátua. Ao ver o desenho, o rei enviou um homem da cidade do Porto para trazer a estátua para Lisboa. A estátua chegou em Lisboa e foi destruída ao ser transportada já em terra. Segundo o relato, restaram as cabeças do cavalo e do homem, o braço direito do homem e um pé e parte da perna. De Góis não sabe informar o que havia acontecido com as peças após sua entrega ao rei. (continua nos comentários) @Splash_UOL #arteforadomuseu #arte #art #estatua #misterio #ilha #atlantico
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Nova York se prepara para receber um pombo gigante Todo fã de dinossauro sabe que eles seguem vivos, não como grandes répteis em um parque e sim nas ruas, como pássaros. A evolução fez com que os animais gigantes cedessem espaço para as pequenas aves, parentes distantes de tiranossauros e velocirraptores. O artista colombiano Iván Argote propõe para Nova York o caminho reverso em sua obra Dinosaur. Um pombo, tão comum em qualquer cidade, nada mais é do que um primo distante do dinossauro, do grego, lagarto terrível. Quando adulto, esta espécie pode chegar a cerca de 40 centímetros. O pombo que Iván levará para o elevado High Line de Nova York medirá 5 metros de altura, fazendo jus ao seu nome Dinosaur. A escolha do nome da obra faz referência às suas dimensões e, também, à linhagem das aves. E, não menos importante, um alerta para a nossa própria extinção. Como nos filmes da franquia Jurassic Park, Iván espera que a peça evoque uma mistura de atração, sedução e medo entre os nova-iorquinos. A escolha da cidade também é simbólica. O pombo não é nativo de Nova York, assim como grande parte de seus moradores humanos. E sua população rivaliza com a dos humanos, com estimativas de ter uma ave para cada nova iorquino. Agora, com o pombo dinossauro, essa vantagem aumenta um pouco para os moradores com asas. A inauguração da obra está prevista para outubro desse ano e deve ficar em exposição por 18 meses. @Splash_UOL #arteforadomuseu #art #arte #escultura #ny #novayork #dinossauro #highline
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A escultora negra que lutou contra o racismo para mostrar sua arte Ainda é comum o apagamento das mulheres na história da arte. Some-se ao machismo estrutural o racismo e podemos passar batido por um nome como o de Edmonia Lewis. Natural dos EUA, Edmonia nasceu em 1944, 19 anos antes do fim da escravidão no país. Filha de pai negro e mãe indígena, cresceu na tribo da mãe, onde foi introduzida ao artesanato. Seu interesse por artes plásticas cresceu quando foi estudar em Ohio em uma das primeiras faculdades a aceitar estudantes mulheres e negras. Nesse período ela muda seu nome para Mary Edmonia. Apesar da aceitação na escola, a artista estava constantemente sujeita a racismo e discriminação. O ápice foi uma acusação de envenenamento por parte de algumas colegas, que acabou gerando agressões e um isolamento ainda maior da artista. Tudo isso acontecia enquanto o país lutava sua guerra civil que acabou resultando no fim da escravidão. Edmonia abandou o curso. Após esse período, ela se muda para Boston e se estabelece como artista profissional de destaque local, estudando com um escultor e criando retratos de famosos heróis antiescravistas. Com o sucesso e dinheiro, em 1965, três anos após as agressões na faculdade, ela se muda para Roma. Lá ela se junta a uma comunidade ativa de artistas americanos e britânicos que viviam na Itália. Seu estilo seguiu o neoclássico popular na época. Sua inspiração também seguiam as populares histórias da Bíblia e a mitologia clássica. Mas não só. Suas origens serviram para criações que dialogavam com a história afro-americana. A prova do reconhecimento na sua terra natal veio em 1877, quando o ex-presidente dos EUA Ulysses S. Grant a encarregou de fazer seu retrato. Uma grande vitória e ainda maior resposta aos seus críticos no período da faculdade. A grande parte de suas obras estão em museus e coleções particulares, mas há uma obra em espaço público que vale a menção de verdadeira arte fora do museu. No cemitério de Mount Auburn, vizinho a Boston, está enterrada a doutora Harriot Kezia Hunt. Ornamentando o túmulo, encontra-se uma escultura de Hígia, deusa grega da saúde, limpeza e sanidade. Harriot foi uma médica americana e ativista dos direitos das mulheres. E foi a própria Harriot que escolheu Edmonia para fazer essa escultura para o jazigo da sua família. Apesar do desgaste do tempo é possível apreciar as qualidades do trabalho de Edmonia. Uma mulher negra e descendente de indígenas que não foi aceita pelos seus pares, lutou, conquistou respeito e reconhecimento. Passados mais de 100 anos de sua morte, seu nome merece seguir vivo e lembrado nos livros de história. E quanto ao curso que ela abandonou, em 2022, a faculdade concedeu à artista um diploma póstumo. #arteforadomuseu #art #arte #escultura #escultora #racismo #EdmoniaLewis
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O arquiteto autodidata que revolucionou São Paulo ganha exposição São Paulo é terra de arranha-céu, como bem resumiu Mano Brown. Ao pensarmos nesses prédios, presume-se o cinza tão associado à cidade. No entanto, um arquiteto autodidata mudou esse lugar comum. João Artacho Jurado, responsável por alguns dos mais icônicos e coloridos prédios da cidade, está com seu acervo em exposição no Itaú Cultural. A Ocupação Artacho Jurado reúne cerca de 130 peças, entre imagens, fotografias, vídeos, desenhos originais, publicidade de época, uma maquete imensa com as principais obras dele e o acervo pessoal da família Jurado. Conversamos com a curadora dessa seleção, a arquiteta e pesquisadora Jéssica Varrichio, para falar sobre o que tornou tão único e ainda impactante o trabalho de Jurado. Como é retratar em uma exposição um arquiteto tão peculiar quanto o Artacho, alguém que não era arquiteto de formação, mas conseguiu marcar a arquitetura da cidade de São Paulo com prédios tão icônicos? A primeira coisa que eu acho que a gente tem que pensar é essa fixação em sublinhar que o Artacho é um não arquiteto. Aparece isso muito por causa da crítica da arquitetura paulista do século passado, dos anos 50. Um modernismo tão forte como aconteceu em São Paulo tem vários arquitetos que não são formados em arquitetura e isso não vem em sublinhado tão forte como o Artacho. Então, um dos aspectos da exposição é olhar para esse sublinhado, esse não arquiteto, esse não, essa negativa e positivar o Artacho como um criador, como um artista. Esse é o foco principal para a gente olhar o Artacho nessa peculiaridade do seu desenho, das suas cores e das minúcias que existiam em cada projeto. A exposição é bem focada no desenho do Artacho. Cada prédio mudava a configuração dos elementos. O núcleo principal dessa exposição, dessa ocupação, se chama Gramática do Artacho, em que a gente escolheu alguns projetos dele, por exemplo o Piauí, o Edifício Louvre, o Parque das Hortênsias, e a gente analisa cada elemento desses prédios. Como é o logo desse prédio, os lustres, a paleta de cores, porque tudo era muito específico do projeto. Tudo faz parte de uma estética geral do Artacho, mas cada projeto tinha o seu detalhe específico. Era nisso que a gente está focado, em fazer uma leitura do Artacho como um artista criador na cidade e é por essa via que a gente entrou para fazer a curadoria dessa exposição. Leia na íntegra nossa coluna no UOL: https://lnkd.in/dAA3b63h #arteforadomuseu #arte #artachojurado #exposição #arquitetura
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Mulheres da periferia são homenageadas com fotos em murais de São Paulo A mulheres da zona norte e da zona sul de São Paulo acabam de ganhar uma homenagem em forma de arte urbana. Muros da Vila Nova Cachoeirinha e de Paraisópolis foram escolhidos como painéis para o projeto Míticax - um recado às mulheres que virão, que retrata 50 mulheres da região. As homenagens foram feitas por meio de fotos e depoimentos em texto de mães, avós, trabalhadoras, donas de casas, mulheres com mais de 50 anos que representam a força da periferia. A continuidade do projeto vai para além desses dois bairros e regiões da cidade. Essa semana, o centro verá as instalações de fotos em muros do Campos Elíseos. Na próxima semana, a zona leste com Itaquera e, por fim, a zona Oeste com Butantã. Utilizando a arquitetura urbana das regiões como suporte para uma exposição fotográfica que altera a paisagem e reage com o público, a proposta é de uma obra onde as histórias, fotos, cidade e espectadores se confundam. Composta por instalações de fotos hiper dimensionadas, sobrepostas com depoimentos em texto, o projeto urbano é idealizado pela produtora Michelle Serra, em conjunto com o produtor Nando Motta. Michelle Serra, idealizadora, curadora e coordenadora geral do projeto, reforçou que, na era onde se valoriza muito o agora, reconhecer a força e o caminhar do passado é criar laços e bases mais fortes para um futuro ainda melhor. "Quebrando as barreiras entre a arte, antropologia visual e intervenção urbana, com o nosso projeto esperamos impactar tanto as mulheres retratadas, valorizando e destacando suas conquistas e jornadas, como as outras gerações de mulheres destas comunidades, que podem se identificar e perceber que essa luta começou há muito tempo e que o caminho ainda será longo, mas que elas não estão sozinhas." A produção também foi comandada por mulheres. Cinco agitadoras culturais, que são moradoras e atuantes socialmente em cada uma das comunidades, foram convidadas para selecionar os nomes e histórias. Mulheres que cresceram nessas comunidades e foram impactadas diretamente pelo legado das homenageadas. Para a escolha das participantes, três critérios foram estabelecidos: que elas tenham mais de 50 anos, estejam vivas e que seus nomes fossem reconhecidos nas ruas. As 50 selecionadas foram visitadas uma a uma em suas casas, para a sessão de fotos e com as entrevistas registradas em vídeos que podem ser vistos no Youtube do projeto. (continua nos comentários) Splash UOL @projetomiticax #arteforadomuseu #arteurbana #arte #art #miticax #projetomiticax #homenagem #mulheresinspiradoras #mulher #fotografia #mural
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Água Até Aqui mostra a dimensão de tragédia através da arte A cobertura da tragédia no Rio Grande do Sul impacta pelas cenas da água tomando cidades. Para além das notícias, a arte ajuda a dar a dimensão do estrago. O projeto Água Até Aqui já pode ser visto em ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Curitiba. Uma ideia simples - porém poderosa - de adesivar um ponto em 5 metros de altura escrito justamente o nome do projeto. Até aquele ponto onde você vê o adesivo é onde a água chegou em alguns lugares do Rio Grande do Sul. Olha para cima e se dar conta de onde a água chegou impacta de outra forma quem está acompanhando as notícias somente pelas telas do celular, computador ou tv. A linha é alta. Mesmo para instalar esses adesivos, muitas vezes é preciso escada. A medida varia um pouco dos 5 metros propostos, sem perder o choque de ver a altura em que água chegou. "A mobilização inicial se deu por iniciativa dos amigos do Rio Grande do Sul que moram em São Paulo e chamaram os demais para unir forças e realizar a ação inicial. Adesivar em alguns pontos estratégicos da cidade, registrar, postar e divulgar para a mídia", explica Daniel Martins Pinheiro, um dos organizadores do Coletivo Água Até Aqui, formado também por Mari Camardelli, Rodrigo V. Cunha, Gab Gomes, Marcos Oliveira, Priscila Milk, Beto Bina, Natália Ferreira, Felipe Villela e Renato Ferreira Amaral. O grupo está na fase de produção de mais adesivos e compartilhamentos das artes para outros lugares na cidade e fora dela. É um trabalho coletivo e ao mesmo tempo individual. "Infelizmente não conseguimos unir todos juntos, daí saímos individualmente". A estratégia dá resultados e o adesivo pode ser visto em São Paulo pela Avenida Paulista, Consolação, Centro, Bela Vista, Vila Madalena entre outros. E também em outras cidades, através dos voluntários que adotaram a iniciativa. A arte do coletivo provoca para pensarmos no tamanho do estrago que o Rio Grande do Sul está passando. Olhar na rua esse adesivo já mexe com as pessoas que viram o trabalho do Água Até Aqui. A arte urbana, no entanto, quando saiu das ruas para a casa causou um mal-estar em Pinky Wainer, artista plástica e madrasta de Daniel. Ao tomar conhecimento do trabalho, Wainer resolveu adotar o adesivo na casa que mora com o pai de Daniel, José Pinheiro, o Zuca. A intervenção não durou muito. Daniel conta que eles resolveram tirar o adesivo após alguns dias, após ela começar a imaginar a casa alagada até o ponto onde estava arte levada por Daniel. "Ela ficou emocionada, é artista, percebe isso. Ficou sensibilizada e resolveu tirar o adesivo", explica. Nas ruas os adesivos permanecem, como sinal de lembrança do que o Rio Grande do Sul está vivendo. E também como alerta do que ainda podemos passar com as mudanças climáticas. @Splash_UOL #arteforadomuseu #art #arte #aguaateaqui #arteurbana #riograndedosul #coletivo #mudançaclimatica
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Duas décadas de Choque Cultural A cidade de São Paulo já é consagrada há muito tempo como uma cidade onde prolifera a arte urbana em seus mais variados estilos. Isso é fruto de uma cena rica desde os anos 80, mas também por trabalhos como da galeria Choque Cultural, que está com uma exposição comemorativa pelos seus 20 anos de atuação na cidade. Nessas duas décadas, a cidade mudou bastante e com ela a percepção das pessoas sobre arte urbana, com um papel fundamental da Choque nisso. Conversamos com Baixo Ribeiro, um dos fundadores da galeria, sobre essas mudanças e do impacto que a Choque teve (e ainda tem) na cena da arte brasileira. São 20 anos de Choque Cultural, pioneira na valorização da cultura de rua. De onde surgiu a ideia de montar uma galeria com esse foco em 2004? R: Nossa ideia inicial, minha e da Mari (Mariana Pabst Martins, co-fundadora da galeria), era fazer um projeto-laboratório pra discutir as novas linguagens artísticas que afloraram na década de 90 do século XX, principalmente arte urbana, tatuagem e artes digitais. Também temos um grande amor pelas artes gráficas: zines, HQs, xilo, gravuras, lambes, stickers. Com a Choque, juntos tudo no mesmo caldeirão cultural. O cenário da street art tem muito mais destaque hoje do que quando vocês começaram. Em um aspecto, acho que a Choque tem um papel bem importante nesse processo, principalmente em São Paulo. Como você vê a cena da época comparada com agora e como você vê o papel da Choque nisso? R: A Choque tem, sim, um papel fundamental no processo de aceitação da arte urbana no Brasil por dois motivos: (1) pela inserção de artistas urbanos no mercado principal a partir na Troca de Galerias que fizemos com a Fortes Vilaça em 2007 e (2) pela inserção institucional que impulsionamos com as grandes exposições no MASP de 2009 a 2011. Esses eventos abriram portas para muitos artistas e para muitos públicos. (continua nos comentários) #arteforadomuseu #art #arte #choquecultural #arteurbana #exposição
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A história da primeira escultura pública de Porto Alegre Recentemente, na ocasião do aniversário de São Paulo, contamos a história do primeiro monumento público da cidade, de 1814. Meio século depois, Porto Alegre dava início à sua história com a arte urbana e a inauguração de cinco esculturas em um chafariz público. Batizada de Guaíba e Afluentes, a obra foi instalada na Praça da Matriz em 1867, onde permaneceu até 1907, quando teve que ceder espaço para a construção do monumento a Júlio de Castilhos - que segue lá até hoje. Guaíba e Afluentes foi então desmontada e levada para um depósito da prefeitura. Em 1924, um marmorista comprou as peças para dois propósitos: reduzi-las a pó de mármore ou usar as que estivessem em bom estado em algum mausoléu da cidade. Foi quando uma campanha foi lançada na imprensa local e conseguiram salvar o monumento. Faltava colocá-lo de volta no espaço público. Em 1935, pelas celebrações do centenário da Revolução Farroupilha, a Praça Dom Sebastião foi reurbanizada e recebeu Guaíba e Afluentes no ano seguinte. Agora, no entanto, eram somente quatro estátuas, não as cinco originais instaladas em 1867. Até hoje não se sabe o paradeiro da escultura que sumiu. A relativa paz durou até 1983, quando foram novamente para um depósito da prefeitura. Em 1996, após uma reforma na praça, a obra voltou, agora protegida por uma cerca. Em 2014, finalmente, após anos de abandono, vandalismo e ação do tempo, as estátuas foram restauradas e instaladas no seu local atual, os jardins da Hidráulica Moinhos de Vento do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Para além da estátua perdida, há outras perguntas sem respostas sobre a obra. A principal é quem esculpiu o primeiro monumento público de Porto Alegre? O que se sabe é que foi uma encomenda da companhia hidráulica da cidade feita em 1866. A fonte - com suas esculturas de ornamento - seria uma das oito primeiras inauguradas na cidade para disponibilizar água potável para a população. Muitas a chamavam de Chafariz do Imperador. Foi somente em 1958 que o crítico de arte Aldo Albino, neto do italiano José Obino, publicou na imprensa uma matéria dizendo que seu avô era o autor da peça anônima. Até hoje é o nome atribuído como autor do monumento, apesar de não haver nenhum documento provando isso. Há outro indício que aponta para outro nome, o de Camillo Formilli. Em uma análise da obra ainda em 1924 foi identificada parte de uma assinatura no remo de um dos Netunos, já quebrado, lida como "... ormilli fecit". A palavra cortada seria justamente o sobrenome de Formilli assinando a obra. Camillo era escultor, ao contrário de José, que não era artista, porém possuía uma oficina de marmoraria. (continua nos comentários) @splash_uol #arte #arteforadomuseu #escultura #art #portoalegre
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Em 10 anos, uma exposição pode receber muita gente. Ao se estabelecer em um dos corredores urbanos mais movimentados da América Latina, esses números chegam a milhões. A Exposição da Paulista chega à sua décima edição aproveitando a visibilidade desse espaço público nobre para falar de Trabalho e Luta. O tema é uma alusão às conquistas no ambiente de trabalho. A exposição abre, justamente, na semana que se celebra o Dia do Trabalhador. Os artistas convidados para traduzir o tema são o pernambucano radicado em São Paulo Derlon, e o paulistano Marcelo Cipis, sob a coordenação do curador geral de toda a série, o jornalista Fernando Costa Netto. Ocupando a ciclovia da Avenida Paulista, entre a Rua Augusta e a Alameda Campinas, Trabalho e Luta traz 30 paineis, 15 de cada artista, em exposição 24 horas no espaço público. Além das conquistas, as obras tratam também da luta por melhores condições. Os painéis retratam 15 tópicos dessa luta histórica, pontuados pelos professores da UNICAMP Claudio Batalha e José Dari Krein, com coordenação do professor Erledes Elias da Silveira: Organização dos Trabalhadores, Migrações, Jornada de Trabalho, Trabalho Feminino, Não ao Trabalho Infantil, Racismo, Tecnologia a Serviço da Vida, Fim do Trabalho Escravo, Luta pela Terra, Luta pelo Planeta, Direitos Sociais e Trabalhistas, Juventude, Discriminação por Orientação Sexual, Pessoas com Deficiência e Saúde. E o trabalho do artista também é valorizado. Derlon resgata a fotopintura, a estética dos cordéis, com traços e personagens que lembram e valorizam a figura do brasileiro e as tradições brasileiras. Suas obras são propositadamente simples e expressivas. A opção estética do artista é reduzir traços e acentuar o poder comunicativo de suas obras. "Os trabalhos que levo para a Exposição da Paulista fazem parte de uma série que venho fazendo nos últimos 2 anos. É um resgate do tempo em que eu colava lambe-lambes nas ruas, há 15 anos, desenhos em matérias de jornal, unindo o visual com o comunicativo, que conversa e traz reflexões sobre o tema", explica Derlon. Marcelo Cipis, arquiteto que transita por diversas linguagens artísticas como a pintura, desenho, colagem, esculturas e instalações, atua ainda como ilustrador e também como escritor. Em 2000 foi laureado com o importante prêmio internacional da Fundação Pollock Krasner, de NY, que levou o trabalho do artista para diversas instituições e galerias de todo o mundo. "